Neste artigo do professor, poeta e escritor Wilson Monteiro, vale uma reflexão sobre o recente episódio ocorrido em Salgueiro (PE), no Sertão Central, por conta de uma tentativa de fuga de presos da penitenciária da cidade.
Confiram:
O encontro se dá dentro de uma das agências bancárias, após a rebelião ocorrida no Presídio de Salgueiro, onde a própria imprensa, verdadeiramente, o que de fato aconteceu e o tamanho da agressividade de detentos envolvidos. Quando, o professor aqui, falou sobre os diversos tipos de pena que poderiam ser adotadas pela Justiça, o policial me olhou com os olhos de quem acredita que o Sistema de Presídios, o próprio cárcere, encontra-se falido. Sem desrespeitar os Direitos Humanos, foi possível ouvir este depoimento: “Caro escritor, é preciso fazer uma diferença entre a teoria e a prática. Veja bem que o assassino do comerciante ‘Zé de Joquinha’ já havia cometido um latrocínio e por motivos de doença foi liberado para cumprir a pena em liberdade. O Júri teria sido 10 dias, após o latrocínio. Para roubar 70 reais, assassinou, covardemente o bodegueiro, efetuando o segundo homicídio. Tem jeito?”
E acrescenta: “Nos presídios há mais evangélicos que católicos. Por que acontece isso? o preso sabe que ao afirmar que entregou a vida a Jesus, ele consegue manusear a guarda. A crença é usada como embromação, embora muitos tenham encontrado a liberdade através da Palavra.
As drogas, conta o policial, mudam a cabeça de qualquer um. Uma legião de loucos, amparados pela própria droga, bebida, antidepressivos e ansiolíticos que geram uma crise social com o enfraquecimento dos órgãos responsáveis. Quando uma autoridade do governo telefonou, perguntou se algum detento havia morrido, ele não perguntou pela vida dos policiais. Nossas famílias são ameaçadas. Nós, da mesma forma.
A forma de fugir mudou. Antigamente era de dentro para fora, agora é o inverso, de fora para dentro. Os tiros vinham de dentro das grades, quando ocorreu a reação da polícia. Eles diminuíram o poder de fogo. A fuga seria de qualquer forma, é preciso que a sociedade entenda o papel da polícia, de todos que trabalham na Unidade de Salgueiro e saibam que há um barril de pólvora.
Tudo isso eu escutei calado. Depois deixei uma palavra de esperança, afirmando que se Jesus salvou um ladrão que havia sido condenado, ainda é possível salvar vidas num inferno em chamas no Sertão pernambucano.
Será?
Wilson Monteiro/Professor, Poeta e Escritor