Neste artigo, o advogado Rivelino Liberalino alerta a sociedade sobre um inimigo invisível e traiçoeiro – as bebidas alcóolicas. Confiram:
O abuso do álcool está entre as maiores mazelas da sociedade contemporânea. Silencioso, amplamente aceito e incentivado, ele avança como um predador invisível, deixando um rastro de destruição que se manifesta em acidentes, tragédias familiares e na ruína de vidas inteiras. É impossível fechar os olhos para a realidade: quantos jovens não estão perdendo suas vidas em acidentes fatais? Quantas famílias não choram as perdas de filhos, pais e irmãos? Quantas desgraças no mundo poderiam ser evitadas se o álcool não estivesse no meio?
Se me perguntarem qual é a pior droga, eu diria, sem hesitar, que é o álcool. E digo isso porque ele não apenas destrói por si só, mas também abre as portas para tantas outras substâncias. O álcool tira a censura, embota o raciocínio e elimina os freios que nos impedem de ir além do limite. Quantas pessoas não experimentaram drogas ilícitas pela primeira vez sob o efeito do álcool, quando já estavam sem controle, vulneráveis e expostas? A triste verdade é que, se não estivessem alcoolizadas, muitas dessas escolhas jamais teriam sido feitas.
Vivemos tempos sombrios em que é cada vez mais comum os pais enterrarem seus filhos. Jovens promissores, com vidas inteiras pela frente, são vítimas de acidentes causados pela embriaguez, pelo excesso de confiança ou pela simples imprudência que o álcool promove. Esses mesmos jovens, em festas e baladas, são estimulados por um ciclo vicioso de incentivo social ao consumo. A bebida é sinônimo de alegria, descontração e pertencimento. As propagandas exaltam o “glamour” de beber, e os grandes eventos, festividades e patrocínios têm como protagonistas as indústrias alcoólicas. A sociedade não apenas permite, mas celebra essa droga, camuflada de diversão e descontração.
O que mais dói é perceber a completa ausência de um trabalho de base. Não há esforços consistentes para educar adolescentes sobre os perigos do álcool. Não vemos campanhas que realmente conscientizem sobre o impacto devastador dessa droga. Em vez disso, o álcool é tratado como algo normal, inevitável e até indispensável em festas e celebrações. Ele é amplamente acessível, aceito em qualquer ambiente, diferente de outras drogas que ainda carregam o estigma da clandestinidade. Mas o álcool é uma droga. E uma das mais perigosas.
Quem quiser compreender o impacto brutal do álcool deve visitar uma sala de Alcoólicos Anônimos. Lá, encontrará vidas despedaçadas e histórias de dor inimagináveis. São pessoas que perderam tudo: famílias, bens, dignidade e, muitas vezes, a liberdade. Elas se despem de suas máscaras e relatam como o álcool as levou ao fundo do poço, como lhes roubou os sonhos e deixou cicatrizes que o tempo mal consegue amenizar.
E, ainda assim, essas histórias também são de superação. Nessas salas, descobrimos a imensa capacidade do ser humano de se reerguer. Mas o custo é alto. Quantas dessas pessoas não chegaram ali com sandálias trocadas, a vida completamente desordenada, em busca de uma fagulha de esperança? Quando o álcool não tira a vida, ele tira tudo o mais. A única vitória possível é sobreviver para reconstruir.
É preciso, urgentemente, repensar nossa relação com o álcool. Essa ideia de que “sextou” significa beber até perder o controle, é absurda e perigosa. Não há glamour no consumo exagerado. Não há diversão em acordar sem memória, em destruir vidas ou em colocar outras pessoas em risco. Precisamos rever nossos valores, nossas celebrações e a forma como lidamos com essa droga socialmente aceita.
O álcool não é sinônimo de alegria. Ele é sinônimo de destruição quando não há limites. Precisamos de educação, conscientização e um esforço coletivo para mudar essa cultura. Porque, no final, o que realmente importa não é o brinde levantado em uma mesa de bar, mas a vida preservada, as famílias unidas e a dignidade mantida.
O ser humano tem a capacidade de se reerguer, é verdade. Mas não precisamos deixar que tantos caiam tão fundo antes de percebermos isso. É hora de agir. A maior tragédia não é o que o álcool já destruiu, mas o que ele ainda pode destruir, se continuarmos a ignorar seu impacto devastador.
Rivelino Liberalino (OAB/PE 534/B)/Advogado militante nas áreas cível e trabalhista, pós-graduado em Direito Tributário pelo IBPEX (Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão)
PURA VERDADE, PARABENS ,SABIAS PALAVRAS
Esse eu conheço. Sábio, inteligente, lindo e fino. Educado e cordial. Parabéns por tão bem descrever como o álcool leva a um fim triste, trágico e mortal, que a sociedade, muitas vezes, até incentiva. Triste realidade.
Excelente texto Rivellino. Precisamos mudar nossa relação com o álcool. Essa é minha meta para 2025! Um abraço
Tragedias provocadas por aqueles que nao sabem manipular o alcool tem devastado familias ìmpiedosamente.