Artigo do leitor: “Carta aberta para o cantor Azulão saber de nossa gratidão”

por Carlos Britto // 23 de junho de 2022 às 21:35

Neste artigo, o jornalista e radialista Ney Vital ressalta a importância do cantor Azulão, que se despediu dos palcos no último dia 17, no São João de Caruaru.

Confiram:

O Brasil desperdiça o potencial de sua musicalidade, riqueza maior, floresta de ritmos, harmonia e melodias, um ativo único e inigualável. Prova disto é a despedida dos palcos do cantor Francisco Bezerra de Lima.

Conhecido como, o “Pequeno Grande” Azulão, que se despediu dos palcos na última sexta-feira (17), em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. O caruaruense dedicou 60 dos seus 80 anos de vida à música. A despedida aconteceu no palco do Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga ao lado do filho, Azulinho.

O jornalista e pesquisador musical Ricardo Anisio, no Livro Forró de Cabo a Rabo, destaca que Azulão, muito mais do que você pode imaginar, é um artista prenhe de sinceridade estética, é riqueza musical na forma da arte de cantar.

“Azulão nasceu para cantar, assim como o pássaro que ele escolheu para se autobatizar artisticamente…Azulão deveria constar em qualquer aula, que se possa ministrar sobre cultura brasileira, no seu caso sobre música. Azulão é mestre na arte de cantar”.

Durante o show de despedida, Azulão foi surpreendido ao saber que será homenageado em vida com uma estátua feita pelo artista plástico Tita Caxiado, que também foi o responsável pela estátua de Luiz Gonzaga, que dá boas-vindas aos forrozeiros que vão até o polo principal do São João de Caruaru.

No último show da carreira de seis décadas, Azulão se divertiu e cantou os maiores sucessos dele, como “Caruaru do Passado”, “Dona Tereza” e “Adeus meu amor”, para as milhares de pessoas que foram ver de perto a despedida do “Pequeno Grande” dos palcos. Azulão ainda recebeu uma homenagem do neto, Alexandre Filho, que cantou uma música para o avô.

“Azulão é Caruaru, Azulão é o forró. Ser herdeiro de Azulão, um dos maiores nomes da música nordestina, é uma responsabilidade muito grande”, ressaltou Azulinho.

O orgulho pela representatividade de Azulão para a música está dentro da própria casa. O filho dele, Azulinho, de 31 anos, segue os passos do pai e hoje é companheiro de palco do artista. Azulinho usou as redes sociais para comunicar a aposentadoria do pai: “Azulão é e sempre será a lenda viva de nossa Caruaru, nesse momento tão lindo não a tristeza, pois sabemos que seu legado irá se perpetuar por toda vida e que jamais será esquecida ou apagada a linda trajetória que meu pai trouxe até aqui”, disse.

História

Cantor e compositor, Francisco Bezerra de Lima, o Azulão, nasceu a 25 de junho de 1942, em Brejo de Taquara, distrito de Caruaru. Ainda criança, foi com a família morar no centro da sua cidade. Começou a cantar nos programas de calouros da extinta Rádio Difusora de Caruaru. Teve como influência em sua carreira de compositor os ídolos Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Depois o Maestro Camarão, criador da primeira banda de forró do Brasil (Banda do Camarão), chamou Azulão para fazer parte do conjunto. Na sua voz foram eternizadas músicas como “Dona Tereza”, “Mané Gostoso”, “Caçote” e “Caruaru do Passado”.

Ney Vital/Jornalista, apresentador e produtor do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos pela Rádio Cidade FM 95.7 e Rádio Cidade AM 870

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