No momento em que o país passa por uma grave crise econômica, o deputado estadual e presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Miguel Coelho, ressalta neste artigo enviado ao Blog o surpreendente desempenho do setor agrícola. Por isso mesmo ele avalia que a agricultura ainda não tem os devidos investimentos que merecia.
Confiram:
Em tempos de crise econômica, chega a ser surpreendente constatar que a agricultura ainda tenha um desempenho positivo. O Brasil, no primeiro trimestre de 2015, apresentou uma evolução de 4,7% no setor agrícola, numa clara contramão aos dados negativos de outros segmentos da economia nacional. Não fosse essa cadeia produtiva a situação de nosso país certamente estaria bem mais deteriorada.
Na terça-feira foi o Dia do Agricultor, uma data importante para refletir sobre um tema tão estratégico. Como presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, tenho acompanhado de perto o desafio que é a produção no campo. Viajando pelo estado e ouvindo os representantes dos segmentos agrícolas, temos percebido uma dura coincidência nas conversas: cada dia está mais complicado desenvolver o setor agrícola num cenário com tantas adversidades políticas, econômicas e climáticas.
Já são mais de quatro anos de seca que o trabalhador do campo enfrenta. O acesso à água está cada dia mais escasso e pouco se tem visto para permitir uma convivência razoável principalmente nas regiões mais afetadas pela estiagem como o Agreste e o Semiárido nordestino. Infelizmente, as grandes obras de infraestrutura hídrica estão ocorrendo a passos lentos, e o pior é saber que não existe uma política estruturada entre união, estados e municípios para enfrentar de forma permanente a seca e outros problemas que emperram o crescimento do setor agrícola.
Precisamos também discutir formas de estimular a produção e subsidiar o agronegócio e a agricultura familiar, este último responsável por 70% da comida que chega aos lares brasileiros. Garantir acesso ao crédito com menos burocracia e juros baixos são medidas básicas, em especial, para o pequeno produtor rural, que nesse contexto é o agente mais sensível e que carece de maior atenção.
Investimentos em tecnologia e pesquisa são outras ações que parecem óbvias, mas ainda estão muito distante do dia a dia do agricultor. Por mais que se tenha evoluído nas últimas décadas nesse quesito, basta fazer uma pequena viagem pelo interior de nosso estado e conversar com os produtores para confirmar que ainda falta muita capacitação técnica, acompanhamento de especialistas e acesso a insumos.
O Brasil precisa priorizar a agricultura e os trabalhadores do campo. Temos potencial para exportar mais e essa pode ser uma das soluções para fazer nosso país retomar o crescimento. Mas para isso é preciso planejamento, investimento, e visão de médio e longo prazo, qualidades que, infelizmente, se tornaram cada vez mais raras entre os responsáveis por essas decisões.
Miguel Coelho/Deputado Estadual e presidente da Comissão de Agricultura da Alepe