Privilegiado por ter convivido com Dominguinhos, o jornalista Machado Freire sentiu-se na obrigação de homenageá-lo com este belo texto. Um texto recheado de simplicidade, como simples – segundo Machado – era Dominguinhos.
Boa leitura:
Dominguinhos era a simplicidade em pessoa.
Não conheci nenhum artista com tamanha humildade e simplicidade.
Meu último encontro pessoal com Dominguinhos aconteceu em Salgueiro, por acaso.
Eu me deslocava pra roça (duvido que alguém goste mais de roça do que eu) e ao reduzir a velocidade da minha ‘carroça’, enxerguei Dominguinhos em um hotel.
Dei meia volta e fui cumprimentá-lo.
Estava cansado e meio abatido. Tinha motivos de sobra , pois vinha do Sul/Sudeste, passou pela Bahia e se dirigia a Fortaleza.
De carro!
Nós tínhamos essa coisa em comum: não gostar de viajar de avião.
Acho que Dominguinhos foi uma encarnação de Luiz Gonzaga em vida. Ou Deus quis que eles fossem gêmeos e faltou muito pouco para isso acontecer.
Mas houve uma enorme compensação: a cultura nordestina fluiu em dobro, com a existência (infinda/infinita) de dois artistas espetaculares, que dificilmente serão substituídos.
Ora, Gonzagão tinha tanto apreço a Dominguinhos que o considerou precocemente o seu substituto. Pense numa satisfação enorme! mas isso não subiu pra cabeça do filho de Garanhuns. Nada abalava a personalidade de Dominguinhos.
Passou por tremendas dificuldades, inclusive injustiças/perseguições nos meios culturais e políticos, mas não deu o braço a torcer. Dominguinhos foi artista e homem por inteiro.
Chorar a morte de Dominguinhos é fazer justiça a uma alma querida de Deus.
Machado Freire/Jornalista
Arre!!!!
Precisou morrer o Dominguinhos para que nos brindasse com sua companhia. Outro dia comentávamos numa mesa de bar… repare que à medida que envelhecemos vamos nos encontrando cada vez mais nos velórios do que em festas… e entre copos e risadas… prometemos “de novo” fazer diferente.
Bom ler você, ainda que nessas circunstâncias.