Artigo do leitor: “E nós, para onde vamos?”

por Carlos Britto // 25 de julho de 2020 às 21:33

Foto: reprodução/arquivo

Neste artigo, o professor e colaborador deste Blog, Eurico Menezes Serafim faz uma análise pertinente do pós Covid-19, quando todo esse momento turbulento passar.

Boa leitura:

Vocês que gostam muito de ler…

Nas décadas de 70 e 80 havia um programa, na Rádio Juazeiro, muito especial. “E nós, para onde vamos?”. Eram crônicas de Integração do S. Francisco escritas por intelectuais e catedráticos como Layse de Luna Brito, Joaquim Muniz Barreto, Marta Luz Benevides, José Pereira da Silva e tantos outros. Crônicas narradas magistralmente por Osvaldo Benevides.

Essa expressão “E Nós, Para Onde Vamos?” se aplica a essa situação do momento. Vamos ficar em casa?  Ou vamos trabalhar, produzir?.

Ficar em casa significa preservar o precioso dom da vida. Mas é preciso exercitar alguns dogmas da necessidade de funcionamento da economia, principalmente a confiança no futuro, que é o recurso econômico mais importante. Obviamente que não se pode esquecer do equilíbrio nas tomadas de decisão, além da disciplina. Construir confiança demanda tempo, mas para perdermos a confiança basta uma situação conjuntural como a que estamos a viver. Qual o investidor, empreendedor que, neste momento, é otimista? Qual o colaborador que, também neste momento, está garantido no emprego ou será recolocado no curto prazo?

A economia precisa ser reanimada. Precisamos trabalhar, produzir. Como conciliar isso?

A situação é bastante complexa, requer intervenções simultâneas e articuladas. Ficar em casa? Empreender? E a renda da família? E a feira? E a escola? E os remédios? Agua, luz, gás?

O cenário conjuntural é extremamente desalentador. O Nordeste não promoveu o São João, já pensou? Salvador já admite a possibilidade de transferir o carnaval de 2021; as Olimpíadas foram transferidas, e tantas e tantas situações similares. As expectativas são desfavoráveis. O PIB deverá decrescer além de dois dígitos, o nível de desemprego se acelera, o número de desalentados só cresce, há a impossibilidade de atuação de milhões de trabalhadores informais impedidos de exercer a sua atividade, os indicadores sociais serão severamente prejudicados. E essa realidade prejudica a todos, principalmente as pessoas de baixa renda.

E a retomada não será nada fácil. A recuperação da atividade econômica será lenta. Cadê a confiança? Não se dá cavalo de pau em navio. Para voltarmos a uma realidade não muito distante levará alguns anos. Essa será uma recessão grave com falências e desemprego de longo prazo.

Mas tudo passa. Devemos nos esforçar para ter melhor compreensão da gravidade do  momento e colaborar. E nos adequar. Todos! Governos, empreendedores e população (trabalhador/consumidor). Varejista agora, por exemplo, tem que marcar presença digital. E deixemos de lado a Lei de Gerson.

Vamos dar prioridade para produtos produzidos no Brasil, valorizar os pequenos negócios, o comércio do bairro.

Uma bela frase de Winston Churchill: “muitos olham para o empresário como o lobo a ser caçado, outros olham como a vaca a ser ordenhada. Poucos enxergam como o cavalo que puxa a carroça”.

Entendamos que a relação produtor x consumidor deve ser salutar e equilibrada. “E Nós, Para Onde Vamos?” Ficar em casa ou trabalhar, produzir?”

O fato concreto é que depois desta pandemia, quem estiver com vida estará no lucro.

Eurico Menezes Serafim/Professor

Artigo do leitor: “E nós, para onde vamos?”

  1. Manoel disse:

    Muito bom seu texto. Mas, data venia, gostaria de pontuar , a meu ver, uma ressalva, lembrando que Churchill era do Primeiro Ministro, pelo Partido Conservador britânico , daí podemos retirá-lo de qualquer isenção na frase, sabemos totalmente as diretrizes de partidos conservadores em relação à classe trabalhadora, que é sempre o Robinhoodianismo às avessas, tirar dos pobres para dar aos ricos. Então vamos à frase:
    – O empresário não é o cavalo, o cavalo é a classe trabalhadora, que carrega todo o peso da empresa no suor, nas costas. O empresário é o cocheira, que paga capim ao cavalo e conduz a empresa , a carroça , descendo o chicote nos cavalos.

    A frase pode ter perdido um pouco do romantismo , mas na vida real não tem essa de romance.

  2. Roberto Nixon disse:

    Parabéns professor Eurico!
    Sempre uma observação muito inteligente da realidade.

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