O processo eleitoral para a escolha da nova diretoria da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape) ainda não começou, mas já rende críticas. Segundo o ex-estudante de Direito da instituição, Adão Lima de Souza, apesar de o voto ser livre e secreto, a atual gestão “coloca em prática manobras para embaraçar o exercício da democracia”.

Confiram:

A Facape divulgou nesta terça-feira, 20/09/2016, o Regulamento Eleitoral de 2016, onde será oportunizado aos professores, alunos e servidores técnico-administrativos manifestarem seu pesar acerca de uma gestão que, depois de sete anos de mandonismos, deixará de legado uma instituição de ensino à beira da bancarrota financeira, pelo modo pessoal de administração e pela a outorga a esta entidade sem fins lucrativos de uma feição indisfarçável de empresa privada e familiar.

Felizmente o legislador previu o sufrágio, onde por meio do voto é possível defenestrar o mau gestor antes que danos irreparáveis ao erário se perpetuem. Entretanto, mesmo com a previsão do voto livre e secreto, manobras são postas em prática constantemente para embaraçar o exercício da democracia. E, a respeito disso, outra não foi a intenção da atual gestão da Facape ao escolher um correligionário seu para presidir a Comissão Eleitoral, imbuindo este tão somente de salvaguardar privilégios aos seus mandantes, pois ratificou um regulamento pré-fabricado e contrário aos interesses de toda comunidade acadêmica.

Vejamos as manobras sutis e violadoras do bom regime democrático. Iniciemos pelo calendário eleitoral, estabelecendo o período de 24/10/2016 a 03/11/2016. Observando bem estas datas, verifica-se que apenas 06 (seis) dias foram reservados para a campanha eleitoral. Tempo exíguo para os concorrentes, porém interminável para os emissários da Direção atual, que tentarão se furtar à responsabilidade de dar explicações de como conseguiram afundar financeiramente uma instituição sólida, a ponto de necessitarem de abusivos aumentos de mensalidades o tempo todo.

Outro ponto notável foi restringir a propaganda eleitoral ao ambiente interno da Facape, constante no artigo 31, tolhendo o direito dos adversários de apresentar seu projeto de resgate da Facape a todos os lugares rotineiros de concentração de eleitores, como as barracas na frente da faculdade, onde dezenas de alunos vão todos os dias em busca de se alimentar ou de um momento de lazer e confraternização com os amigos, já que dentro da Facape impera o alheamento e a solidão por conta da ausência de integração da comunidade acadêmica.

Por fim, o mais aberrante, o artigo 37 diz o seguinte: a realização de debate eleitoral está condicionada a autorização prévia da Comissão Eleitoral. Ou seja, só haverá debate se o presidente da Comissão Eleitoral estiver convencido de que a discussão dos problemas da Facape não trará prejuízo para a chapa dos que lhe outorgaram o poder de presidente da comissão. Poder-se-ia dizer que, neste ponto, a violação ultrapassa a simples manobra eleitoreira e alcança as raias do arbítrio, do despotismo, enfim, do mais claro ato de fascismo, pois retira do aluno e dos outros segmentos da escola a oportunidade de formular perguntas sobre a temerária execução financeira destes sete anos, e do porquê da indisfarçável inclinação para a oferta de privilégios e mordomias contestáveis aos aliados.

Para terminar, caros alunos, chamo atenção para mais uma regra esdrúxula do regulamento eleitoral, a que diz: “as visitas dos candidatos às salas de aulas deverão ocorrer no menor espaço de tempo”.

Diante disso eu pergunto: será que os mandatários da atual Direção da Facape conseguirão justificar sete anos de uma gestão desastrosa, que só conseguiu fechar cursos e atravancar o progresso desta faculdade de imenso potencial?

Adão Lima de Souza/Ex-aluno de Direito da Facape