Artigo do leitor: “Petrolina não cresceu num passe de mágica e nem a uma só mão”

por Carlos Britto // 15 de junho de 2024 às 11:00

Foto: DINC/reprodução

Neste artigo, o leitor Lourinaldo Cavalcanti Andrade busca resgatar a rica história de Petrolina, enfatizando o papel dos líderes políticos, religiosos e comunitários que moldaram seu desenvolvimento. Através de uma pesquisa minuciosa e relatos históricos, que deixa evidente que a prosperidade de Petrolina é resultado de um contínuo e dedicado esforço coletivo.

Confira:

Segundo o excelente livro ‘Petrolina: Origem, Fatos, Vida, Uma História’, da Professora Maria Creuza de Sá Y Brito, o qual a Professora Yolanda de Almeida, diz que “trata-se de uma conquista, feito de pesquisa vasta e cuidadosa, que oportunizou à sua autora, num esforço incomum, superando dificuldades a que esteve submetida, resgatar a história de Petrolina ao recuperar fotos, documentos, depoimentos (ouvindo pessoas) , usos, costumes, tipos populares, valores humanos , artísticos, intelectuais, religiosos, morais políticos, sociais…”, a Professora Creusa Sá afirma na página 42 que foi “na década de 30, quando começaram a ser divulgadas as experiências no Vale do Tenessee (América do Norte), que o governo federal começou a se preocupar em implantar algumas dessas técnicas aqui no Vale do São Francisco”, e que a irrigação em Petrolina teve início com Antônio Veríssimo, proprietário de uma fazenda na Tapera, através de uma Roda D’água que irrigava suas terras, onde ele plantava laranja, banana, coqueiro e ela toma impulso, por inusitado que possa parecer com a vinda em 1946 do 3° Bispo de Petrolina, Dom Avelar Brandão Vilela.

E ela continua: “Desejoso de implantar a irrigação na região, ao saber da experiência na roça do Sr, Antônio Veríssimo, foi com o Sr. Francisco Avelino conhecer essa técnica de irrigação, ver de perto como funcionava a Roda D’água. Entusiasmado com o que presenciou, Dom Avelar envia projeto e solicita ajuda do Secretário de Agricultura de Pernambuco, o Sr. João Cleofas de Oliveira, que resolve ajudá-lo com uma verba de 500 contos e verbas do Ministério da Agricultura”.

É criado o Posto de Assistência e Colonização de Petrolina em 07/11/1953. A Diocese de Petrolina manteve esse projeto e posto por um bom tempo. Por outro lado no Livro “Coronel Quelê, Adversidade & Bonança”, de José Américo de Lima, a página 47 informa que “em julho de 1934, o Dr. Queiroz Teles, do Instituto Biológico da Universidade de São Paulo, vaticinava sobre o destino admirável de Petrolina e Juazeiro na organização de um moderno parque industrial, em artigo que apresentava como sub-título: “Fatores de ordem econômica e geográfica, que situarão a Manchester Brasileira de amanhã nas margens do Rio São Francisco” e na página 137, do citado livro Roque Andrade, no seu depoimento, discorre que “Seu Quelê era um homem de pulso de ferro… às vezes se espantava com ele”.

Porque a seca de 1932, chegou aqui o maior flagelo que eu já vi na minha vida, o povo chegava aqui do Interior com fome, rasgado, descalço, e foi ele quem sustentou esse povo todinho aqui, com comida; levava o povo lá para casa dele, a gente não pode também dizer tudo que foi seu Quelê”. Penso que o Coronel Quelê, mesmo tendo com maior ênfase tino e talento comercial, diante das agruras das calamidade da seca de 1932, como homem bem informado e com sua aguçada intuição, pode ter vislumbrado também uma solução econômica para essa situação.

E a solução poderia ser o uso das águas do Rio São Francisco! Muito tempo depois, na edição do dia 13 de agosto de 1967, conforme se extrai do Primeiro Caderno do Diário de Pernambuco, com o título da matéria “Costa e Silva Assinou Protocolo Do Nordeste Na Reunião Extra da Sudene”, informa que o documento chamado Protocolo do Nordeste, que compreendia as principais medidas e projetos aprovados pelo presidente da República, no período de 8 a 14 de agosto do ano de 1967, quando o governo federal esteve instalado na cidade do Recife, consistia na equação e coordenação dos problemas prioritários, nos diversos setores, e que foram aprovados pelo presidente Costa e Silva e seu Ministério, após contato íntimo com a Região Nordeste.

No setor da Infraestrutura, estavam incluídos os transportes, comunicações, energia, e no setor da Agricultura e abastecimento a irrigação do Sub-médio São Francisco, Projeto Bebedouro…”. Nilo Coelho, filho do Coronel Quelê, Governador de Pernambuco no período de 1967 a 1971, no primeiro ano do seu mandato já acompanhava o ministro Afonso de Albuquerque Lima, do Interior, na visita de inspeção aos trabalhos de irrigação do médio São Francisco. Após a visita ao projeto de Bebedouro, o chefe do Executivo pernambucano recepcionou, na residência dos seus familiares, em Petrolina, o titular da pasta do Interior e comitiva com um almoço regional”.

Como minha única intenção é a busca pela história de Petrolina, a qual não temos como fugir ou descartar, vale ressaltar que a Embrapa foi também criada em plena vigência dos governos militares, mais precisamente no governo Médici. A completa execução dos diversos projetos de irrigação subsequentes ao Projeto Piloto do Bebedouro, até os dias atuais, teve como consequência e/ou gerou uma desconcentração de renda monumental, imensa, em Petrolina e Juazeiro e em toda a região! Hoje, um lugar, uma região próspera, desenvolvida do Brasil, uma desconcentração de renda não vista facilmente em outros lugares do Norte/Nordeste do Brasil!

Petrolina foi abençoada desde o seu nascedouro com grandes líderes, religiosos, políticos, empresariais e educacionais. A começar por Dom Malan. De acordo com a professora Creusa Sá, página 107 do seu citado livro, Dr Pacífico da Luz, prefeito de Petrolina de 1919 a 1922 e de 1940 a 1945, também foi um dos pioneiros na irrigação do São Francisco, sonhando com a possibilidade de fornecer frutas e verduras à cidade. A experiência não teve o sucesso desejado devido às frequentes enchentes do Rio São Francisco.

Pacífico da Luz, no seu leito de dores, interessava-se pelo progresso de Petrolina, terra que ele fez sua pelo coração. E dizia: “Petrolina, vocês vão ver, será uma grande cidade. Com a ponte ligando-a a Juazeiro, teremos grandes empresas de ônibus, com possibilidade de viagens por todo o Brasil. O vale do São Francisco, aproveitado, poderá torna-se o celeiro do Nordeste. Petrolina será a Manchester do Brasil”, E ressaltar o prefeito João Ferreira da Silva (o Barracão), de 1947 a 1951, que segundo a historiadora Professora Creusa Sá, recepcionou por ocasião do exercício do seu mandato o presidente da República, o general Eurico Gaspar Dutra, para o lançamento da primeira estaca da ponte rodo-ferroviária Juazeiro-Petrolina, hoje “Presidente Dutra”, bem como lembra que Barracão trabalhou muito em sintonia com a Diocese de Petrolina e Dom Avelar.

Portanto, foi um desenvolvimento ininterrupto, incessante, impressionante! O que me leva a asseverar e assinar embaixo a assertiva: Irrigação – Petrolina/PE não foi feita da noite para o dia, num passe de mágica ou num estalar de dedos ou a uma só mão!!

Parabéns Família Coelho, tem o meu respeito e admiração, como também todas as outras famílias descendentes de Valério Coelho Rodrigues, homens e mulheres de bem, de boa vontade ao longo do transcorrer de toda a história de Petrolina/PE. Isto é, tivemos, desde o seu começo homens e mulheres fortes, líderes religiosos, políticos, educacionais, ao longo de sua história, todos no seu momento e no seu tempo. Eu tive um tataravô e um bisavô prefeitos de Petrolina/PE, inclusive, meu bisavô Major Agostinho Albuquerque Cavalcanti foi o prefeito na época da criação da cidade sede de Petrolina, através de lei estadual número 130 de 28/07/1895 e sua subsequente instalação em 21/09/1895. O prefeito foi Major Agostinho Albuquerque Cavalcanti.

Meus antepassados deram sua contribuição, mas nesse tempo recente, época da minha infância e adolescência em Petrolina, os líderes foram os filhos do Coronel Quelê e indubitavelmente fizeram um grande trabalho que repercute até os dias atuais!

Lourinaldo Cavalcanti Andrade/Leitor

Artigo do leitor: “Petrolina não cresceu num passe de mágica e nem a uma só mão”

  1. Lourinaldo Cavalcanti Andrade disse:

    Sobre o artigo A Irrigação – Petrolina não cresceu da noite para o” dia num passe de mágica e a uma só mão! “, escrito por Lourinaldo Cavalcanti Andrade. Recife/PE, em 13/06/2024, a pesquisa foi realizada nas seguintes fontes disponíveis:

    Bibliografia:

    -PETROLINA, ORIGEM, FATOS, VIDA, UMA HISTÓRIA, da Professora Maria Creuza de Sá Y Brito.
    -CORONEL QUELÊ Adversidade & BONANÇA” de José Américo de Lima.
    -PRIMEIRO CADERNO do DIÁRIO DE PERNAMBUCO, edição do dia 13 de agosto de 1967, título da matéria “Costa e Silva Assinou Protocolo Do Nordeste Na Reunião Extra da SUDENE”.
    -Diário Oficial ano 1967, edição 00296 (2).

  2. LEDA V C A FERRAZ disse:

    Muito bom artigo
    Bem escrito e baseado em pesquisas sérias
    Reconhecendo os fatos e a história de valor dos nossos antepassados na cidade de Petrolina!

  3. Petrolina deve muito a este conjunto de ideias conjuntas que somadas chegamos onde estamos hoje! Parabéns a FAMILIA COELHO PELAS DETERMINACÕES ACERTADAS A ESTA CIDADE QUE TANTO CRESCE SEM PARAR!. Como filho desta cidade nascido e criado aqui sou testemunha de parte desta criação e evolução até os duas de hoje.

  4. “Petrolina não cresceu da noite para o dia num passe de mágica e a uma só mão!”
    Então petrolina foi desenvolvida paulatinamente e com com trabalho árduo e contínuo.

  5. DANILO MORORO disse:

    Artigo muito interessante e esclarecedor, coisas que muitos, como eu, não tinham conhecimento. Parabéns Lourinaldo.

  6. Lourinaldo Cavalcanti Andrade disse:

    Danilo Mororó,
    Fiz uma pesquisa, síntese dos livros e documentos existentes e disponíveis por aqui no momento da escrita.
    Principalmente do livro da professora, historiadora Creusa de Sá. Esse livro, o trabalho da professora é de uma relevância muito grande! fonte de muitas informações importantes! E de outras fontes que citei na bibliografia.
    Valeu!
    Seu colega do CDB,
    Lourinaldo

  7. Lourinaldo Cavalcanti Andrade disse:

    “Reconhecendo os fatos e a história de valor dos nossos antepassados na cidade de Petrolina!”

    Isso! O que se extrai do livros e da história da cidade é esse!
    Lourinaldo.

  8. Lourinaldo Cavalcanti Andrade disse:

    “Petrolina deve muito a este conjunto de ideias que somadas chegamos onde estamos hoje!”

    Concordo!
    Lourinaldo.

  9. M Barbosa disse:

    Petrolina tem história e está fazendo história com a sua produtividade.

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