Em artigo enviado ao Blog, o leitor Antônio Damião Oliveira faz uma leitura de como vê, atualmente, o cenário político de Petrolina. Confiram:

Nesse momento, Osório Siqueira está sendo empossado como prefeito em exercício. Nunca tente entender a política pelo caminho da lógica. Cada vez mais a mesma é surpreendente e desafiadora. Pois bem, com o problema de saúde surgido na vida do prefeito Dr. Júlio Lossio e o seu afastamento temporariamente das funções de gestor do município, em função da licença médica, esperava-se que o vice-prefeito Guilherme Coelho assumisse os destinos da prefeitura.

A lógica diz isso, mas a política não trabalha com a lógica e, sim com possibilidades, interesses comuns, não unilateralmente. Há quem diga que Guilherme, ao tomar essa decisão, traiu Dr. Júlio. Penso diferente, na verdade a família se uniu novamente em torno de um projeto político.

Vamos tentar entender o desdobramento dessa indigesta situação. Falo indigesta porque há um clima de muita ansiedade e preocupação em relação a esse fato. Há muito tempo Osvaldo Coelho faz oposição ao governo federal, especificamente ao grupo político do PT.

Sempre manteve sua posição partidária ao modelo de governar da presidenta Dilma. Segundo ele, houve um retrocesso em relação aos projetos irrigados, uma vez que não fizeram absolutamente nada para melhorar a vida do homem do campo.

Ele, que fora um defensor ferrenho do sertanejo em suas campanhas políticas, e fazia até pouco tempo oposição ao seu sobrinho Fernando Bezerra Coelho, acredite se quiser, praticamente estão no mesmo palanque.

Acontece que Fernando faz parte da Frente Popular, e nessa atual conjuntura vai de encontro ao projeto do PT, lembrando que tempos atrás era um aliado de Dilma Rousseff, sendo seu ministro da Integração Nacional. Nesse ‘vai e vem’ de alianças e jogo de interesses, hoje, Fernando almeja ser um senador em torno de um projeto do ex-governador Eduardo Campos, candidato a presidente da república.

Onde encaixa a peça do xadrez? Se Osvaldo Coelho é capaz de fazer uma aliança com o próprio diabo para tirar o PT do poder, como ele se referiu numa entrevista recentemente, esta é uma oportunidade inusitada para unir-se com Fernando Bezerra, pois do ponto de vista da situação política do momento, ambos pensam da mesma forma. Há um ponto em comum, uma intersecção no campo das ideias.

É fato: Dr. Júlio marcha em torno da continuidade do projeto político do PT; Osvaldo, em direção oposta; possivelmente Guilherme caminhará com Aécio Neves, também candidato a presidente da República. De qualquer forma, se opõe ao PT. É claro que essa decisão de Guilherme não foi fácil para ele, é uma orientação de grupo e, quando a pessoa faz parte de um partido, não visa somente ao favorecimento pessoal e sim coletivo.

Guilherme poderia optar governar Petrolina por um curto período de tempo, e deixar passar uma oportunidade para tentar se eleger como deputado federal. Cá para nós, Petrolina não elege sozinho um deputado federal e nem um deputado estadual, é necessário buscar apoio de outros prefeitos, não é tão fácil assim. Será que haverá tempo para correr atrás dos votos de outros municípios? Dizem que um raio é difícil cair por duas vezes no mesmo lugar, porém a Prefeitura de Petrolina está indo para as mãos de Osório Siqueira, presidente da Câmara Municipal, por três vezes.

Esse jovem político só pode ser iluminado para usufruir tamanha honraria, ele que é também presidente da Casa Plínio Amorim por duas vezes. Tal possibilidade é quase inimaginável. Todavia, na política não podemos duvidar de nada, tudo pode acontecer, inclusive o improvável. Osório terá a chance novamente de contribuir para o progresso da cidade, e não creio que o mesmo fará uma política de perseguição e truculência.

Não tenho dúvidas que viabilizará projetos em tal velocidade, devido ao pouco tempo que tem. Espero que o mesmo trabalhe com os pés no chão, sensatez e com muita responsabilidade em suas decisões. Em relação aos Coelhos, visivelmente estão se unindo, visando a uma aliança mais forte e um fim proveitoso. 

Antonio Damião Oliveira da Silva/Guarda Municipal