O leitor Antonio Damião Oliveira comenta, neste artigo, sobre a possibilidade do mundo aderir, num futuro próximo, à entomofagia (prática de comer insetos), como alternativa à escassez de alimentos.

Será que algum dia essa moda pega? Confiram o que ele pensa sobre isso:

A Entomofagia

Com o grande aumento populacional, a tendência é não ter alimento suficiente para todos. Os especialistas no assunto apontam que a alternativa para o problema da escassez seja uma mudança nos hábitos alimentares. Além de arroz, feijão e carne, podem fazer parte do cardápio: gafanhotos, percevejos, larvas e moscas.

Foi constatado, através de estudos, que tais insetos têm quantidade de proteínas superior às carnes que se usa no dia a dia. Analisemos alguns exemplos: Moscas com 61% de proteínas; gafanhotos, 52% de proteínas; vespas, 53% de proteínas; lagartos, 51% de proteínas; tanajura, 43% de proteínas. Comparativamente, o frango possui 23% de proteínas; carne de boi 52%, de proteínas; carne de porco, 24% de proteínas.

A pesquisa afirma que a entomofagia (prática de comer insetos) tem poder nutritivo muito mais capaz de suprir as necessidades humanas. O maior obstáculo consiste em fazer com que as pessoas os aceitem com naturalidade, sem restrições, como alguns países da Ásia, África e parte da América Latina.

A China, por exemplo, em que a população consome como se fosse pipoca, bastante comum entre eles. Os Astecas, tribo do México já extinta, há registros que eles tinham essa prática de alimentos. Os defensores dizem que invés de vê-los como algo repugnante, asqueroso e sujo, devem ser vistos como ricos em proteínas, sais minerais e vitaminas.

De acordo com estatísticas da FAC (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o consumo de carne em 2050 irá dobrar e não haverá alimentos para todas as pessoas do globo terrestre. É nesse sentido que os estudiosos veem os insetos como solução para o problema da alimentação. Até porque já existem 2,5 bilhões de indivíduos que já consomem diariamente, em relação aos países citados.

Para os defensores da entomofagia, a questão é simplesmente uma mudança de atitude. O tema em discussão está sendo levado tão sério que já tem livro a ser lançado mostrando a importância de insetos como complemento alimentar. A fundamentação para emplacar essa ideia na cultura do Brasil é porque em algumas cidades nossas já se consomem o içá, conhecida mais especificamente como formiga saúva e tanajura. É o caso da cidade de Silveiras, no interior de São Paulo, que tem como hábito esse alimento.

Ainda que esse mais novo processo de alimentação conquistasse outros bilhões de adeptos, sem dúvidas encontraria muitas dificuldades para uma aceitação absoluta. Certame as questões éticas, culturais e religiosas serão um grande entrave. Há pessoas que não ingerem determinados alimentos por uma questão de princípios. Outras têm seu estilo próprio e não têm interesse em nenhuma mudança, principalmente quando se trata de insetos. Qualquer que seja a receptividade quando algum dia existir tal possibilidade para saciar a fome da humanidade através da entomofagia, acima de tudo, deve-se respeitar os credos, a fé, os costumes e o livre arbítrio do ser humano, mesmo que seja uma questão de sobrevivência.

Antonio Damião Oliveira da Silva/Guarda Municipal e Professor de Matemática