Em artigo enviado ao Blog, o jornalista Machado Freire avalia que as consequências desta seca e de todas as outras anteriormente registradas no Nordeste não teriam acontecido se “certos” políticos não tirassem proveito do tema para chegarem ao poder.

Machado deixa claro que isso não acontece apenas agora. Confiram:

A seca – que mais uma vez aparece na literatura da miséria, é sinônimo de atraso, causa e consequência da imoralidade.

A seca tem causa, efeito e consequências nefastas, como fruto da imoralidade, da falta de vergonha e da exploração política (do mais baixo nível possível) contra um verdadeiro de exército de nordestinos, desde os primeiros anos dos séculos 19 e 20.

Se os mandatários – em todos os níveis – tivessem tido o mínimo de respeito por seus semelhantes, a seca teria acabado em 1877, quando se deu a primeira grande desgraça nas caatingas do Nordeste.

Não teria existido a seca de 1932 e todas outras registradas ao longo do Século XX, que deram origem à famigerada “indústria da seca”, criada pelos coronéis do Sertão (com raríssimas exceções).

E o pior de tudo é que durante mais de 20 anos, a seca passou a ser sustentada e garantida por oligarquias que foram mantidas ao longo do regime militar. Lembram-se das sacanagens e roubalheiras que aconteciam nas “frentes de emergência”, que deixaram muitos “artistas” ricos?

Então, antes de continuar sendo objeto da literatura da miséria, a seca deve ser combatida nas ruas, nas escolas e durante todas as eleições futuras: “não deem nenhum voto aos políticos cujos antecessores e sucessores usaram e abusaram da ‘indústria da seca’, a começar por Petrolina, Salgueiro, Ouricuri, São José do Egito, Serra Talhada, etc”.

Se Deus me der saúde, vamos novamente nos colocar a favor das comunidades abrâmicas (destroçadas, humilhadas e injustiçadas), como bem lembrava nosso querido e saudoso Dom Hélder Câmara. Vamos à luta, sempre !!!

Machado Freire/Jornalista