Na próxima segunda-feira (25) – há um mês do rompimento da barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) – uma mobilização marcada para Juazeiro (BA) prestará solidariedade às vítimas da tragédia. O ato público também ocorrerá em diversas capitais e cidades do país.
Em Juazeiro, a concentração será na Praça Dedé Caxias (localizada na Avenida Adolfo Viana, esquina com a Rua Oscar Ribeiro), a partir das 8h.
A manifestação seguirá em caminhada até o Vaporzinho, na Orla II, onde o ato será encerrado com um momento inter-religioso. A programação do ato também contará com apresentações culturais. O músico Fatel e a banda P1 Rappers confirmaram presença no evento.
O rompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho provavelmente entrará para o ranking mundial como a tragédia que deixou mais mortes envolvendo barragens nas últimas três décadas. O número de vítimas já chega a mais de 300, entre mortos e desaparecidos. Há ainda quase 140 pessoas desabrigadas, que perderam familiares, amigos, casas e os meios de sustento de suas famílias.
“O ato regional em Juazeiro ,dia 25, faz parte de um processo nacional de mobilização, com atos em Minas Gerais e por toda a bacia do Rio São Francisco”, comenta o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Roberto Carlos Oliveira. Ele complementa que, além de prestar solidariedade às vítimas, o protesto também tem como objetivo denunciar a empresa Vale, que cometeu dois crimes em pouco mais de três anos em Minas Gerais (Brumadinho e Mariana) e defender o Rio São Francisco, que poderá ser contaminado com os rejeitos da barragem do Córrego de Feijão.
O Rio Paraopeba, por onde corre a pluma (mistura de água e rejeitos) de Brumadinho, é um dos afluentes do Velho Chico e já está com a água inutilizável em boa parte da sua extensão. “De certa forma a bacia do São Francisco já foi afetada, porque o Paraopeba é um afluente do Velho Chico. A nossa preocupação aqui no Vale do São Francisco é como essa contaminação ao longo da bacia pode gerar mais danos, porque pode afetar o consumo da água e também outras atividades, como a dos pescadores“, destaca a integrante do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Rizoneide Gomes.
Preocupação
A preocupação de que a lama da barragem, que contém metais pesados, chegue ao Rio São Francisco, tem mobilizado a população dos municípios de Juazeiro e Petrolina (PE). Representantes de universidades, órgãos públicos e da sociedade civil se reuniram para debater a situação e cobrar medidas efetivas para a preservação do rio, o que resultou na criação do Fórum Permanente de Defesa do Rio São Francisco. O bispo da Diocese de Juazeiro, Dom Carlos Alberto Breis, também manifestou, através de nota, a apreensão de que o Velho Chico seja contaminado.
O ato em solidariedade às vítimas de Brumadinho e em defesa do São Francisco é organizado por movimentos sociais e organizações populares como o MAB, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), CPP e a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).