Audiência pública analisa riscos da influenza aviária em Pernambuco

por Carlos Britto // 09 de agosto de 2023 às 19:20

Foto: Paulo Pedrosa/Alepe

A chegada da influenza aviária ao Brasil, com a confirmação de mais de 70 focos pelo Ministério da Agricultura, motivou uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta quarta (9). Em debate, estratégias para barrar a doença no Estado – o quarto maior produtor de ovos do País.

As aves migratórias respondem por quase todas as contaminações confirmadas até agora, em Estados como Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O Arquipélago de Fernando de Noronha e a Coroa do Avião, na Ilha de Itamaracá (Região Metropolitana do Recife) também estão na rota das migrações, o que aumenta o alerta. 

A parceria do poder público com o setor produtivo é essencial para pelo menos adiar a chegada do vírus às granjas pernambucanas, de acordo com Raquel Miranda, presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro). “Precisamos de um reforço em nossa estrutura. Não podemos estar em todos os locais. Temos vários programas sanitários para cumprir, tanto na área vegetal quanto na animal”. 

A Adagro mantém canais para denúncias de casos suspeitos. Onze ocorrências foram investigadas, a última no mês de maio, todas com resultado negativo. Medidas de biossegurança e o uso de telas de proteção são fundamentais, segundo a equipe técnica do órgão. 

O combate à clandestinidade no setor foi defendida pelo presidente do Instituto Ovos Brasil, Edval Veras. A confirmação de um foco pode levar ao extermínio de todas as aves em um raio de até 3 quilômetros. Ele acredita que será preciso aprender a conviver com a influenza, um desafio somado a outras dificuldades do setor, como o alto custo de produção e a pouca oferta hídrica. 

Representante do Ministério da Agricultura, Vânia Santana disse que não há previsão de teste de vacinas porque até agora nenhuma ave comercial foi atingida, o que mantém o status de país livre da doença, para efeito de exportações. “A doença era exótica no Brasil até o ano passado, mas hoje ela está presente. Então a gente precisa estar alerta sobre o papel dos produtores. Há quanto tempo a gente vem insistindo para que eles adequem suas granjas à biosseguridade?”, questionou. 

Autora do pedido para realizar a audiência, a deputada Débora Almeida (PSDB) apontou que a influenza aviária pode causar o aumento da fome. “O ovo e o frango são as duas proteínas mais presentes na mesa do povo pernambucano e do povo brasileiro. E têm uma importância muito grande na geração de emprego. São mais de 170 mil empregos diretos gerados em Pernambuco”, afirmou.

Ibama

A representante do Ibama Pernambuco Cristina Farias ainda alertou para o risco de colocar as aves migratórias como vilãs. “Os animais são, na verdade, sentinelas, que podem ajudar no controle do avanço da doença”, segundo a especialista. Iran Vasconcelos, da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), por sua vez, teme a perda da biodiversidade. Ele deu como exemplo a hipótese de um foco no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), mantido pelo órgão. 

A audiência desta quarta foi realizada pela Comissão de Agricultura da Alepe e também contou com a participação de representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Federação da Agricultura e Pecuária, Conselho Regional de Medicina Veterinária, Banco do Nordeste e Associação Avícola de Pernambuco. As informações são da Alepe.

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