Banco do Brasil pode pagar R$ 10 milhões por assédio moral a funcionários

por Carlos Britto // 16 de janeiro de 2014 às 10:01

Banco do BrasilO Ministério Público do Trabalho do Piauí (MPT-PI) entrou com ação contra o Banco do Brasil pedindo uma indenização de R$ 10 milhões por dano moral. O motivo é o assédio moral que os funcionários da superintendência do Banco no estado têm sofrido com cobranças de metas a serem atingidas. A principal forma de pressão acontece por meio de mensagens SMS em aparelhos celulares corporativos. Caso o banco seja condenado, o valor da multa deverá ser revertido em campanha publicitária de combate ao assédio moral no trabalho e em programas de acompanhamento psicológico aos trabalhadores.

Iniciadas em janeiro de 2013, a partir de dados do Sindicato dos Bancários no Piauí, as investigações constataram que, apesar do plano de metas da empresa ser semestral, a exigência ocorria diversas vezes ao dia, tendo casos em que um determinado funcionário afirmou ter recebido mais de 80 mensagens seguidas. De acordo com o MPT, a pressão desencadeou doenças nos funcionários – alguns estavam tomando remédio controlado para trabalhar e outros chegaram até a antecipar a aposentadoria.

As cobranças também eram enviadas fora do horário de serviço, nos finais de semana e de madrugada. “Não conseguia mais dormir, vivia com uma sensação de frustração. A superintendência do BB cobrava de tal forma que me sentia incapacitado”, afirmou um dos bancários em depoimento. “Eu recebia tantas ligações e SMS no celular corporativo que já o deixava no ‘vibra’, porque o toque me dava tique nervoso”, informou um dos gerentes.

Para a procuradora do Trabalho Maria Elena Moreira Rêgo, responsável pela investigação, o tom de cobrança nas mensagens era agressivo, irônico, ameaçador e extrapola os limites do aceitável. “A pressão que esses trabalhadores sofreram é injustificável e insuportável. Ouvi relatos emocionantes de homens angustiados. Trabalhadores que começaram a ser cobrados e pressionados tão intensa e constantemente que não resistiram e desistiram”, afirmou.

Segundo o MPT, a procuradora relata na ação que os trabalhadores que prestaram depoimento são profissionais que dedicaram a vida ao Banco do Brasil e, ao longo de anos de serviço, apresentaram fichas funcionais impecáveis. “A partir de dezembro de 2011, com a nova gestão da administração regional, começou o período de terror psicológico, que provocou estragos irreversíveis na vida dos gerentes”.

Doenças

Dos funcionários ouvidos, quatro desenvolveram a Síndrome de Burnout (Síndrome do Esgotamento Profissional) em um período de 12 meses. A doença é caracterizada pelo estado de tensão emocional e estresse crônico, relacionados às condições desgastantes do trabalho. As vítimas da enfermidade, todas elas profissionais com histórico de sucesso no banco, tinham sentimento de incompetência, fracasso e desempenho insatisfatório no trabalho. Também foram detectados sintomas como depressão, tremores, comportamentos agressivos e impaciência.

Na ação, que foi ajuizada em 16 de dezembro de 2013 e distribuída para a 4ª Vara do Trabalho de Teresina, a procuradora pede ainda a quebra de sigilo de dados telefônicos de todos os celulares corporativos do Banco do Brasil no Piauí para a empresa Telemar Norte Leste S/A, a fim de verificar a frequência das ligações e envios de SMS. Se a empresa de telefonia não atender ao pedido, pode ser multada em R$ 1 mil por dia de atraso no envio dos relatórios com os registros das chamadas e mensagens. (Fonte: Revista Época Online)

Banco do Brasil pode pagar R$ 10 milhões por assédio moral a funcionários

  1. MATHEUS H.M.CAETANO disse:

    É lamentável a postura do maior banco do país tratar os funcionários dessa forma!!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários