Em ano eleitoral, qualquer embate na Câmara de Vereadores de Petrolina descamba inevitavelmente para questões político-partidárias. Foi assim, mais uma vez, na sessão plenária de ontem (5). O motivo foi um polêmico requerimento apresentado pelo integrante da bancada de oposição, Ronaldo Souza (PSDB).
Desde quando rompeu com o grupo político do ex-prefeito Miguel Coelho (UB), Ronaldo transformou-se num crítico contumaz à atual gestão de Simão Durando (UB), o qual buscará a reeleição em outubro próximo. Ontem, o vereador não deixou por menos. No requerimento 058/24, de sua autoria, Ronaldo solicitou do presidente da Mesa Diretora, vereador Aero Cruz (MDB), a aquisição de um micrômetro de profundidade digital para facilitar o trabalho da Comissão de Obras. O aparelho serve para mensurar a qualidade da pavimentação que vem sendo implantada no município nos últimos anos.
O problema é que o oposicionista acabou colocando em dúvida o trabalho da comissão na fiscalização desse serviço, o que irritou a presidente da comissão, vereadora Maria Elena (UB). A governista até admitiu que foi colocada numa comissão onde não domina a área, mas frisou que seu colega de Legislativo poderia, no mínimo, ter conversado com ela ou com Diogo Hoffmann (PSC) e Zenildo do Alto do Cocar (MDB) – respectivamente secretário e relator da comissão – antes de apresentar sua proposta.
Maria Elena também justificou que seria necessário um treinamento, por meio de uma consultoria, aos integrantes da comissão para lidar com o aparelho, e deixou claro que o requerimento de Ronaldo era “eleitoreiro”. Na mesma linha, porém de forma moderada, outro governista, Rodrigo Araújo (Republicanos) considerou dispensável o pedido do oposicionista, uma vez que o assunto poderia ser tratado na Casa sem precisar ir a plenário. Já Capitão Alencar (Patriota) foi o mais contundente dos governistas. Segundo ele, o vereador “queria apenas aparecer” – ou seja, jogar para plateia – ao colocar o requerimento.
Em defesa
Líder da bancada de oposição, o Professor Gilmar Santos (PT) fez a defesa do colega ao argumentar que o papel de cada vereador é fiscalizar o Executivo. E Ronaldo, segundo ele, estava cumprindo o seu. Professor Gilmar chegou a lembrar o seu pedido para subscrever um requerimento, na mesma sessão, do líder governista Diogo Hoffmann, solicitando informações ao Hospital Universitário (HU) sobre o atendimento de idosos na unidade. Gilmar defendeu que a base aliada deveria fazer o mesmo em relação aos requerimentos e indicações da oposição, mas faz justamente o contrário.
Hoffmann, aliás, foi um dos 12 vereadores que ajudaram a derrubar o requerimento, reforçando a justificativa de Elena e do Capitão Alencar. Já os seis integrantes da oposição votaram a favor do pedido de Ronaldo.