Após a enxurrada eleitoral, a vida real volta a se impor. Começou nesta segunda-feira (29) um movimento grevista dos caminhoneiros, com início em Goiás, onde já estão acontecendo manifestações desde o início da manhã. Logo no primeiro dia após uma conturbada eleição, o país parece enfrentar nova rodada de polêmicos embates entre sociedade civil, representantes de setores comerciais e o Estado.
O motivo da paralisação é o descumprimento da tabela do piso mínimo do frete, que os caminhoneiros entendem como uma falha da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo os motoristas, as transportadoras estão pagando um valor abaixo do frete mínimo, além de “perseguirem” os caminhoneiros que não aceitarem o valor.
A agência ainda estuda maneiras de penalizar o descumprimento da tabela, e por isso o prejuízo já é sentido pelos caminhoneiros. O prazo para apresentação de propostas para a ANTT acaba no dia 9 de novembro. Mas é de interesse do governo federal evitar que a greve prometida para hoje.
A paralisação passada trouxe perdas gigantescas para a economia do país: o setor de transportes sofreu uma queda de 1,4% em relação ao primeiro trimestre; no mesmo período, o consumo das famílias ficou estagnado, tendo aumento de somente 0,1%; as exportações sofreram uma retração de 5,5%, e houve uma queda de 1,8% nos investimentos do país. Além desses números, analistas projetam um crescimento menor no PIB anual: segundo o Ministério da Fazenda, a perda será de 1,2 ponto percentual no produto interno bruto de 2018.
Tabela
Vale lembrar que a tabela em vigor foi feita às pressas, para encerrar a paralisação de maio. Após um vai e vem de valores e cálculos, o governo federal fechou com um valor que valerá até janeiro de 2019. Ou seja: é um potencial enorme abacaxi para o próximo governo eleito. Além da tabela, houve uma redução em 0,30 centavos de Real no valor do litro do diesel para caminhoneiros. Com o cumprimento da tabela, o subsídio, que se encerra no dia 31 de dezembro, poderia ser extinguido.
Encabeçada pelos caminhoneiros de Goiás, a greve começará com uma “fiscalização informal”: boqueio de pistas e de entradas das fábricas. Espera-se que caminhoneiros de Santa Catarina também possam aderir à paralisação. Se o movimento vingar, o governo já sabe que precisa ser rápido para evitar o pior. (Fonte: Revista Exame)