Casa Nova: Comunidades de fundo de pasto realizam caminhada em defesa da terra

por Carlos Britto // 14 de fevereiro de 2022 às 20:00

Foto: CPT/arquivo

Comunidades tradicionais de fundo de pasto da região de Lagoa da Caatinga, em Casa Nova (BA), norte do Estado, realizaram uma Caminhada em Defesa da Terra, na manhã de ontem (13), com o objetivo de chamar a atenção da população sobre uma tentativa de grilagem que vem ameaçando o território. O ato, que teve início próximo às residências dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, seguiu até a margem do rio, percorrendo o trajeto da cerca instalada pelo grileiro no início deste ano.

Ao fim da caminhada, em meio a orações, cânticos e depoimentos, a população local foi surpreendida com a presença do proprietário de uma oficina na sede do município e responsável pela instalação das cercas no território das comunidades. Segundo os manifestantes, tais cercas seriam irregulares. O dono filmou tudo o que acontecia, inclusive crianças que tomavam banho no rio. Os participantes da caminhada acreditam que ele queria intimidar as famílias camponesas.

De acordo com moradores e moradoras locais, o processo de grilagem de terras na região ocorre há mais de 10 anos. Em 2012, o homem que apareceu na manifestação de ontem tentou cercar uma área do fundo de pasto de Lagoa de Caatinga e a comunidade não deixou. O empresário chegou até a mover uma ação na justiça para impedir o uso da terra pelas comunidades, mas o pedido foi negado e o juiz responsável pelo caso determinou que ninguém mexesse na área.

Resistência

Apesar da decisão judicial, em janeiro deste ano o homem usou um trator para fazer um grande variante, derrubando a caatinga e realizando uma queimada numa área bem próxima às residências das pessoas. O local cercado possui mais de 5 km de extensão dos dois lados da estrada e vai até o rio, que também teve seus lados isolados, o que tem impedido os animais de beberem água, os pescadores de trabalhar e até as demais pessoas utilizarem o local para pegar água e/ou ter momentos de lazer.

Com essas ações, a sobrevivência das comunidades que estão no território há mais de 200 anos está ameaçada. São diversas gerações que vivem no local cuidando da caatinga, criando animais de forma livre e sem destruição, pescando, plantando e tirando o sustento para suas famílias. Em uma denúncia ainda mais grave, um dos moradores afirma ter sido ameaçado de morte em sua própria casa.

Ancoradas nos direitos territoriais, a exemplo do artigo 1.210 do Código Civil Brasileiro, que garante ao posseiro o direito de proteger a sua posse, as comunidades da região vêm se unindo para denunciar tais abusos às autoridades e para defender o seu território e a segurança das próximas gerações que vivem ali.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários