Cidades de Paulo Afonso e Glória enfrentam desafio para conter avanço das baronesas

por Carlos Britto // 16 de abril de 2019 às 14:30

Baronesas em ‘prainha’ de Paulo Afonso. (Foto: Azael Gois/Tanto Expresso/Divulgação)

Os municípios de Paulo Afonso e Glória, no norte da Bahia, enfrentam o desafio de conter o avanço das baronesas, que se proliferam com rapidez nas águas do Velho Chico. As duas cidades, que têm problemas de saneamento básico, foram contempladas com a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), iniciativa totalmente custeada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Francisco (CBHSF). Em fase de execução, acredita-se que o plano vai ajudar a resolver a questão do tratamento de esgoto e, consequentemente, com a diminuição das indesejadas macrófitas.

E foi com o objetivo de discutir essa situação e apontar os responsáveis por iniciativas que visem ao controle e a qualidade da água, que o Ministério Público da Bahia (MPBA), através da Promotoria de Justiça Regional Ambiental de Paulo Afonso, realizou uma audiência pública com diversos atores responsáveis diretos pelos cuidados com o rio. O encontro reuniu a comunidade local, representantes dos poderes Executivo e Legislativo das cidades, órgãos ambientais, universidades, associações de pescadores e empresas de saneamento. Apoiando a iniciativa, o CBHSF também esteve presente através do vice-presidente Maciel Oliveira.

O Comitê foi um dos apoiadores da audiência pública convocada pelo Ministério Público da Bahia, e tivemos a oportunidade de apresentar os trabalhos do colegiado, em especial a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento. É importante destacar que desde 2013, com as reduções das vazões, o Comitê alerta sobre os riscos para a qualidade da água. Quer dizer, quanto menos água no São Francisco, menor será a capacidade de diluição. O problema na região de Paulo Afonso é muito grave e está causado prejuízos no abastecimento humano e na economia local, seja no turismo ou nas pisciculturas. Mas temos que entender que todos têm sua parcela de contribuição com o que está acontecendo com a superpopulação de macrófitas, seja pelo despejo de esgoto doméstico, uso desordenado de fertilizantes, a grande concentração de tanques rede no lago de Itaparica e também por falta de gestão”, destacou o vice-presidente do CBHSF.

Não é de hoje que essas plantas podem ser vistas em diversos pontos do rio. Na região do Vale do São Francisco, em diversos pontos dos rios Pajeú e Moxotó, há grandes volumes da macrófita e boa parte se encontra nas margens do Velho Chico. É dessas regiões que, segundo o secretário de Meio Ambiente de Paulo Afonso, Emanuel Souza dos Santos, essas plantas têm se deslocado até os municípios de Paulo Afonso e Glória, na Bahia, se concentrando, em grande volume, nas áreas de balneário e prainhas dos municípios.

Danos ambientais

Além de prejudicar a população aquática, os danos sociais e ambientais continuam sendo contabilizados, já que o problema persiste na região. Ainda de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de Paulo Afonso, somente em 2018 foram retiradas 30 mil toneladas de baronesas dos balneários e prainhas. A ação é continuada e, mesmo com um volume menor do que no ano passado, é com esse cenário de poluição e máquinas para a tentativa de limpeza que os usuários dessas águas convivem.

A remoção das plantas é um trabalho paliativo. Em Paulo Afonso foi destinado aproximadamente R$ 1,5 milhão para a limpeza das áreas mais movimentadas. Contudo, diversos outros pontos ainda precisam de atenção. Para a dona de casa Tainá Silva Jesus, é urgente a preservação do Velho Chico.

Por causa da poluição, em 2018 o município de Glória decretou estado de calamidade. Ambos os municípios são beneficiados pela elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico com investimento integral do CBHSF. Essa medida é adotada pela entidade como forma de auxiliar os municípios na construção do plano que deve nortear todas as ações infraestruturais e ambientais.

Cidades de Paulo Afonso e Glória enfrentam desafio para conter avanço das baronesas

  1. Sempre Atento disse:

    Tá quase igual a Petrolina,a diferença é que faz muitos anos que a população não toma mais banhos por causa dos esgotos,já para Paulo afonso é um ponto turístico prejuízo grande ,se não fosse as ilhas que existe aqui no rio tava feia a coisa para dá uns mergulhos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários