As chuvas que caíram em toda a região do São Francisco, nesta quinta-feira (9), trouxeram agradecimentos em áreas castigadas pela dura estiagem, e problemas estruturais para cidades sem qualquer preparação para precipitações maiores.
Por várias cidades do Sertão pernambucano, prefeitos saíram às ruas para acompanhar os estragos e tentar diminuir a dor de famílias que sofreram com a água dentro de casa. Petrolina, maior cidade do Sertão, registrou momentos de tensão mesmo com sua estrutura, mas que historicamente sofre problemas com a falta de drenagem por ser plana.
O prefeito Miguel Coelho, inclusive, enviou o estudo do novo Plano Diretor para a Câmara de Vereadores, no qual a macrodrenagem de Petrolina ganha um capítulo à parte.
Miguel continua percorrendo o Estado e ganhando musculatura em seu projeto para virar governador, mas sabe que não pode perder o olho administrativo, já que Petrolina é uma vitrine que não pode ficar sem seu brilho pujante.
Não pagou IPVA
Em Araripina, Sertão do Araripe, só o que se fala é no constrangimento da deputada estadual Roberta Arraes (PP), que teve ontem o carro apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-316. A deputada disse que o motivo foi falta de pagamento do IPVA. Roberta chamou atenção dos colegas deputados para que se cuidem, já que, segundo ela, o carro pertence à locadora que atende a Alepe, e não a ela.
Benefício
Ao menos 30 famílias de trabalhadores do município de Floresta, no Sertão de Itaparica, serão beneficiadas com o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) Terra Brasil, executado em Pernambuco pelo Iterpe. O presidente do órgão, Henrique Queiroz, e a gestora do programa, Priscila Carneiro, receberam representantes da Associação dos Promotores da Cultura e da Cidadania (Provida) para, em nome dos agricultores, dar início às negociações da compra da terra por meio do PNCF, da Fazenda Arapuá, que possui 702 hectares.
Sem protagonismo
A vereadora de Caruaru, Perpétua Dantas (PSDB), pediu durante uma audiência que tratou da segurança Pública um olhar mais amplo para melhoria da segurança na principal cidade do Agreste. “A gente tem que olhar as ações intersetoriais, porque uma complementa a outra. É fundamental o concurso público estadual, porque sabemos o tamanho do desfalque que a Polícia Militar enfrenta, além do desfalque da Polícia Civil também. Nossa Guarda Municipal está desfalcada, sucateada e sem nenhum protagonismo”, cobrou.
Sem fé
Quatro vereadores de Salgueiro, Sertão Central, que são da base do prefeito Marcondes Sá (PSB), aliado de primeira hora do governador Paulo Câmara (PSB), contestaram uma nota divulgada pela assessoria do Palácio informando que a nova adutora garantiria água nas torneiras todos os dias para 80% da comunidade de Salgueiro. Os vereadores até concordam que a obra vai reduzir o rodízio para 80% da população, mas não acreditam que vai ter água todos os dias nas residências.
Adutora do Agreste
O deputado federal Augusto Coutinho (Solidariedade-PE) continua celebrando a liberação de R$ 20 milhões para as obras da Adutora do Agreste, em Pernambuco. Os recursos foram liberados em Brasília pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. “Essa é uma obra vital para o abastecimento d’água do Agreste e do Sertão de Pernambuco. “Temos convicção que esses recursos vão garantir o avanço das obras”, afirmou.
É só mídia: o povo precisa ler os jornais de fora.
Verba indicada por líder de Bolsonaro vira asfalto que derrete e benefício a aliado
Recursos destinados a Petrolina (PE) pelo senador Fernando Bezerra Coelho foram para
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi responsável por direcionar nos anos de 2019 e 2020 ao menos R$ 200 milhões para obras de pavimentação à região de Petrolina, município de Pernambuco a 713 km do Recife administrado por seu filho, o prefeito Miguel Coelho (DEM).
Grande parte desses recursos foi destinada por meio das chamadas emendas de relator, a peça-chave do jogo político em Brasília responsável pela sustentação da base aliada de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso.
A verba sai de Brasília e entra no caixa da unidade local da Codevasf, órgão federal loteado por indicados dos partidos e líder em projetos usados como moeda de troca política.
Em Petrolina, o asfalto pago com verbas direcionadas pelo líder de Bolsonaro ganhou até apelidos. É chamado de farofa ou sonrisal, em referência ao esfarelamento dos trechos pavimentados.
O pavimento usado derrete com o forte calor e gruda nos calçados dos moradores e, quando ele se quebra em pedaços, começa a esfarelar.
Asfalto derretido com o calor na rua 35 da área do Km 25 da localidade Maria Tereza, em Petrolina (PE)
Asfalto derretido com o calor na rua 35 da área do Km 25 da localidade Maria Tereza, em Petrolina (PE) – Karime Xavier/Folhapress
Em outros trechos, com pouco mais de um ano de entrega, a má qualidade das obras de pavimentação já dá sinais, com abertura de buracos e falhas nas vias.
Moradores também reclamam de asfaltamentos realizados sem o acompanhamento de serviços de drenagem ou da construção de meio-fio, o que abre espaço para alagamentos.
A Folha esteve em Petrolina há duas semanas e constatou esse cenário em áreas distantes do centro da cidade, principalmente em vilas ligadas a projetos de irrigação.
A precariedade nas vias pode ser explicada também por meio de um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) de fevereiro deste ano e que lista dez irregularidades no processo de contratação e execução das pavimentações pagas com verba federal direcionada pelo líder do governo.
Destaca-se no relatório a falta de planejamento prévio e de projeto básico para as obras. Procurada pela reportagem, a CGU afirmou que até o fim de novembro os problemas apontados no relatório ainda não tinham sido resolvidos.
Uma das contratadas para esse pacote viário tem ligação com o clã Bezerra Coelho. Trata-se da construtora Liga Engenharia, que tem como um de seus sócios Pedro Garcez de Souza, que é cunhado de um primo do prefeito e sobrinho do senador.
Segundo o relatório da CGU, o que causa estranheza é o fato de a Liga Engenharia somente participar de licitações promovidas pela Codevasf.
“Tal preferência exclusiva pode indicar falha nos controles internos das licitações”, segundo o levantamento da controladoria, em um capítulo em que relata a “ausência de procedimentos formais para coibir e identificar práticas ilegais entre as empresas participantes de pregões eletrônicos.”
Em Petrolina, a principal precariedade encontrada pela reportagem foi na rua 35 da área do km 25 da localidade Maria Tereza, na qual o asfalto derretia ao sol forte do meio-dia e grudava nos calçados das pessoas, dificultando até a sua locomoção.
Morador desta rua, o agricultor Cícero Silva, 66, lamenta a situação da pavimentação. “Quando está quente, o asfalto afunda, a sandália fica pregada no pé. É um desperdício um dinheiro desse”, diz.