A operação da Polícia Federal (PF) em Petrolina, no Sertão do São Francisco, a poucos dias das eleições, revelou uma prática que continua manchando o processo democrático em todo o país. O recente flagrante de compra de votos, em favor de candidatos a vereador e prefeito de Dormentes, envolvendo o abastecimento de combustível em troca de apoio a candidatos, escancara a fragilidade das disputas eleitorais no Sertão.

Dois suspeitos foram presos enquanto tentavam ocultar documentos fiscais, numa tentativa de encobrir o rastro de irregularidades.

O episódio, além de ilegal, lança dúvidas sobre até que ponto essas práticas estão enraizadas nas eleições locais. Num cenário em que existe apenas uma candidatura majoritária, esse flagrante não só compromete a lisura do pleito, mas expõe uma rede de favores que mina a confiança no voto.

A divulgação dos suspeitos sob fiança não encerra o caso, que traz à tona a face oculta da política, onde o voto tem preço e o combustível, ironicamente, abastece as engrenagens de um sistema corrupto.

Com o Código Eleitoral à frente da investigação, o que se espera é que esse seja um ponto de inflexão nas práticas de compra de votos. No entanto, o impacto dessas manobras será sentido nas urnas e na substituição das eleições em Dormentes, que agora carrega essa mancha na sua disputa municipal.

Mais uma

Assim como no caso de Dormentes, Araripina, no Sertão do Araripe, também enfrenta suspeitas de crime eleitoral. Na madrugada de sábado (5), a Polícia Militar abordou um veículo no bairro Cavalete, após os ocupantes ignorarem ordens, forçando a PM a disparar tiros de advertência. No carro, foram encontradas camisetas verdes e uma cesta básica – materiais que, segundo relatos de populares, poderiam estar sendo usados para compra de votos. As ocupantes do carro foram levadas à delegacia para prestar esclarecimentos, e o caso segue sob investigação das autoridades competentes, levantando preocupações sobre possíveis irregularidades eleitorais na reta final da campanha.

Ataque

A tentativa de homicídio contra o prefeito e candidato à reeleição de Santa Cruz da Baixa Verde, Irlando Parabólicas (PSD), expôs a crescente tensão política na reta final das eleições municipais no Sertão do Pajeú. O prefeito teve sua picape blindada atingida por 11 disparos ao chegar em casa na noite de sábado (4). Apesar da gravidade do ataque, Irlando e sua equipe não se feriram fisicamente. O episódio, que ocorreu após ameaças de morte registradas pelo gestor, trouxe à tona novamente o debate sobre a violência política e a necessidade de maior segurança para os candidatos.

Escapou

Na noite deste sábado (5), Natinho do Sindicato (Republicanos), candidato à Prefeitura de Mirandiba (Sertão Central), também foi alvo de um atentado a tiros enquanto transitava próximo ao povoado dos Bolas. Apesar dos disparos atingirem o veículo, Natinho saiu ileso. O candidato registrou um boletim de ocorrência, e o caso segue sob investigação das autoridades.