A violência contra prefeitos no Sertão de Pernambuco acendeu um alerta que vai além da questão policial. Em Sertânia, o prefeito Ângelo Ferreira foi esfaqueado por um desafeto político, enquanto em Trindade, a prefeita Helbinha Rodrigues foi alvo de uma tentativa de esfaqueamento.
Mesmo que o agressor de Ângelo esteja foragido e o de Helbinha tenha sido preso, ambos os casos refletem um cenário preocupante de insegurança e violência na política local.
Esses atentados são mais do que ataques pessoais; são afrontas diretas à democracia e à ordem pública. Quando há alvos de violência, em qualquer esfera, não apenas suas vidas estão em risco, mas toda a sociedade é atingida.
A estabilidade administrativa, essencial para o desenvolvimento dos municípios, fica comprometida. A resposta a esses episódios precisa ser contundente para garantir que o exercício do mandato, uma expressão direta da vontade popular, não seja ameaçado pela violência.
Contra a maré
Em uma reviravolta política em Lagoa Grande, também no Sertão do São Francisco, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), representado pelo dirigente nacional Jaime Amorim, decidiu apoiar a governista Catharina Garziera (PSB) nas próximas eleições municipais, indo contra a orientação tradicional do Partido dos Trabalhadores (PT). Amorim, que também é pai da deputada estadual Rosa Amorim (PT), anunciou que o MST não seguirá o candidato petista, demonstrando uma clara independência em relação ao partido na cidade. A decisão, anunciada após um evento no Assentamento Acal, marca uma aliança estratégica com a candidatura de Garziera, sucessora do atual prefeito Vilmar Cappellaro.
Estratégias em jogo
O atentado contra o prefeito Ângelo Ferreira em Sertânia (Sertão do Moxotó) provocou mudanças nas campanhas eleitorais das principais candidatas, Rita Rodrigues e Pollyanna Abreu. Enquanto Rita intensifica o uso da imagem de Ferreira para captar o apoio e a solidariedade do eleitorado, buscando reforçar sua conexão com a atual gestão, Pollyanna enfrenta o dilema de manter suas críticas à administração sem parecer insensível diante dos recentes eventos. A situação torna o ambiente eleitoral mais delicado, com cada candidata precisando calibrar suas estratégias para evitar tanto o oportunismo quanto a insensibilidade, equilibrando suas mensagens em um contexto agora carregado de emoção e controvérsia.
Segundo turno
Quinto maior colégio eleitoral de Pernambuco, com 238.587 eleitores, Petrolina é um dos seis municípios, de um total de 184 no Estado, onde o segundo turno no pleito deste ano pode entrar em cena. Isso não significa, necessariamente, que acontecerá. Em 2020, a capital do São Francisco já permitia segundo turno, mas o então prefeito Miguel Coelho (UB), que concorria à reeleição, saiu com uma vitória acachapante nas urnas. Para este ano, o prefeito Simão Durando (UB), que também vai disputar a reeleição, aparece como franco favorito, e muitos acreditam que ele pode ganhar ainda no primeiro turno.