A comunitária Emidiane Passos faz um apelo desesperado aos profissionais de medicina que estão em greve no Hospital Regional de Juazeiro (HRJ), o que impede do seu avô enfermo passar por uma cirurgia. Mas ela não pede apenas pelo seu parente. A preocupação da comunitária é com o fato de as vidas humanas não serem mais uma prioridade dentro dos hospitais.
Confiram:
Me chamo Emidiane C.C. Passos e vim por meio deste veículo de comunicação expressar minha indignação. Estou com meu avô internado desde o último dia 24.11 no Hospital Regional de Juazeiro precisando de uma cirurgia urgente, pois o mesmo estar diagnosticado com C.A no esôfago. Até a data de hoje (ontem), 03.12, essa cirurgia não foi feita porque os anestesistas estão em greve.
Não estou aqui criticando a greve deles, até porque todo trabalhador tem o dever de reivindicar seus direitos. Me revolto pelo fato deles esquecerem que ali não estão apenas corpos enfermos. Ali temos sonhos, famílias desesperadas à procura de uma esperança. Meu avô pouco se alimenta e esse pouco é apenas em líquido, porque não consegue mais engolir uma comida “normal”. Peço encarecidamente que resolva essa situação de uma ou outra forma, porque assim como ele está lá e nós estamos nessa agonia, com certeza há de haver mais gente nessa situação.
Vocês que fazem medicina, que já são profissionais formados ou ainda por se formarem ou que queiram trabalhar nessa área (da saúde), não vão pelo salário ou por algum atrativo. Vão pelo melhor que têm dentro de si, que é salvar vidas e fazer o bem ao próximo.
Muitos dos profissionais que trabalham nessa área hoje viraram robôs, que só fazem o fazer e pronto, mas esquecem da atenção, do afeto e do amor que deveria existir ali, porque antes de tudo ali há vidas e ainda há esperanças…
Emidiane Passos/Comunitária
É importante que esse assunto venha à Imprensa para que a SESAB esclareça de uma vez por todas porque parou de fazer os repasses combinados para os hospitais do SUS, não só em Juazeiro, mas também em Salvador. Toda véspera de eleição os o SUS sofre atrasos ou para de receber repasses, com as verbas sendo desviadas para campanhas.
Não são só os anestesistas que estão sem receber há 3 meses. O HRJ, que vinha sendo uma importante válvula de escape do SUS da região, já cortou quase todos os serviços realizados por pessoas jurídicas, incluindo a maioria dos ambulatórios (chegou a ser todos por um período), endoscopia, colonoscopia, ecocardiograma, cirurgias eletivas, entre outros. Tudo isso por que faz um tempo que a SESAB parou de repassar dinheiro para o HRJ. Isso precisa ser esclarecido pela SESAB, porque assim como esse paciente da notícia, há muitos outros sendo prejudicados pela Secretaria de Saúde da Bahia.
A culpa sempre fica com os médicos, está na moda culpá-los. Apesar dos 3 meses de atraso no pagamento, os anestesistas só suspenderam as cirurgias eletivas recentemente. Cirurgias de urgência e emergência continuam sendo realizadas, MESMO SEM RECEBER por elas. E não há previsão de pagamento, a não ser que a SESAB volte a fazer os repasses. Até as pessoas físicas receberam com atraso em novembro, e décimo terceiro que é bom nada. Essa greve não é por aumento, é para receber os últimos meses de salário.
Em relação ao paciente, não o conheço. Mas pelo descrito, ele provavelmente precisa de um sonda no estômago para se alimentar. Se for isso, é um procedimento simples, que poderia ser feito no Hospital de Ensino da Univasf. Espero que o seu avô consiga o procedimento o mais rápido possível.