A possível extinção da Secretaria de Acessibilidade de Petrolina tem criado polêmica, principalmente entre as pessoas com deficiência auditiva. Elas já reclamam da falta de atenção do prefeitura municipal e acreditam que a nucleação da pasta poderá piorar ainda mais a situação dos surdos na cidade.
A angústia de vários familiares foi relatada pela leitora Marcilene de Sá, em comentário enviado ao Blog logo após a publicação da matéria em que a educadora e representante da Associação dos Surdos de Petrolina, Maria da Conceição, caracteriza a proposta como “preconceituosa”.
Em seu desabafo, Marcilene cobra mais atenção das instituições, dos políticos e convoca a sociedade a se engajar na luta pelas pessoas com deficiência. Ela relata os desafios diários de quatro irmãos surdos e se diz indignada com a falta de políticas direcionadas à inclusão social.
Confiram:
Tem sido um desafio a inclusão dos indivíduos portadores de necessidades educativas especiais no Brasil. Neste grupo enquadram-se os sujeitos surdos que usam a capacidade de linguagem e a habilidade de adaptá-la.
Discutir sobre a educação dos surdos e como ela vem existindo aponta para a realidade das suas necessidades que por muito tempo foi negligenciada. Sou irmã de quatro surdos e tenho três cunhados surdos, sei o quanto é difícil para eles e para nós, como família, lidar com o descaso para com eles.
Falo por experiência própria e sem hipocrisia, pois a convivência não é somente ligada aos meus irmãos surdos e sim à comunidade surda em geral. Postos à margem das questões sociais, culturais, e educacionais, os surdos muitas vezes não são vistos pela sociedade por suas potencialidades, mas pelas limitações impostas por sua condição.
São definidos como deficientes e incapazes. Isso acontece por causa de um atraso na aquisição da linguagem que os surdos têm no seu desenvolvimento, já que na maioria das vezes, o acesso à ela é inexistente.
Precisamos, sim, de uma sociedade mais justa! Independente de ser prefeito, vereador, presidente, governadores, senadores, famosos ou anônimos, cabe somente ao ser humano lutar por tempos melhores, pela igualdade sem fim.
Estou aqui para mostrar que eu e muitas outras pessoas – familiares de surdos e intérpretes – enfrentam várias dificuldades para ajudá-los, mas mesmo assim não desistem de lutar pelos surdos. É muito fácil falar de politicagem e partidarismo, mas quero ver a luta pelos direitos dos surdos e deficientes em geral.
No dia das inscrições para o programa “Minha Casa, Minha Vida”, perguntei pessoalmente ao prefeito Julio Lossio por que não havia nenhum intérprete de Libras no local. Para serem atendidos, meus irmãos tiveram que contar com o apoio de um familiar. Com isso, pergunto: Aonde está a inclusão social? Cadê a Secretaria de Acessibilidade?
O prefeito ficou espantado e também se questionou, pois nem ele havia pensado nisso. Alguns dias depois, os surdos puderam contar com um intérprete, ou seja, as pessoas com deficiência são colocadas em segundo plano.
Gente, vamos acordar! Chega de tanta hipocrisia! Vamos cruzar os braços diante de tanta falta de humanização?
Gostaria de agradecer a Maria da Conceição Soares, que mesmo não sendo cidadã petrolinense tem abraçado essa causa, essa luta pelo indivíduo com deficiência. No entanto, ainda surgem pessoas para criticá-la.
Só quem tem algum parente ou amigo deficiente sabe como é amar sem pedir nada em troca. Só nós sabemos o quanto é árdua a luta pela igualdade, só os deficientes é quem sabem o quanto é difícil vencer a falta de amor ao próximo.
Estou junto nessa luta pela inclusão social! Essa força que tenho e esse amor para lutar pelos deficientes eu dedico primeiramente a Deus por ter escolhido minha família para ter pessoas especiais, como os meus irmãos surdos. Deus não poderia ter me dado irmãos melhores, dedicados, inteligentes, pais amorosos, fiéis.
Marcilene de Sá/Leitora
Estou sempre acompanhando reclamações sobre secretaria de acessibilidade, quero dizer para o prefeito que essa secretaria é realmente uma secretaria acessível para o povo e em muitas vezes fazendo o que era de obrigação de outras, sou a favor de sua manutenção, pelo trabalho de inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e pelo apoio que vem dando ao esporte paralimpico em nossa cidade.