A Câmara dos Deputados vai criar uma comissão externa para investigar as causas e propor estratégias de combate ao avanço da microcefalia, malformação congênita detectada em bebês, que já teve 399 casos em sete estados do Nordeste neste ano, sendo 268 em Pernambuco.
A criação do grupo será anunciada na quarta-feira (25) pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, que engloba 52 parlamentares. Hoje, dois deputados vêm ao Recife para iniciar um trabalho que pretende esclarecer se Pernambuco registrou maior índice porque saiu na frente nas notificações ou se houve epidemia mais intensa de zika vírus – provável causador da doença. Eles se reunirão, às 16h, com o governador Paulo Câmara e o secretário estadual de Saúde, Iran Costa.
O deputado Zeca Cavalcanti (PTB-PE), integrante da comissão, participará da reunião. Ele informa que a comissão externa acompanhará todo o trabalho do Ministério da Saúde e dos governos estaduais contra o avanço da doença. Ele defende a criação de um comitê de emergência com parlamentares, representantes do ministério, prefeituras e Forças Armadas para combater o Aedes aegypti, transmissor do vírus da zika. “É assustador o que vem acontecendo. Se ficar comprovada essa relação, será preciso uma estratégia bem mais agressiva de combate ao Aedes aegypti”, afirmou.
Para o parlamentar, caso se confirme o vínculo serão necessários também programas de planejamento familiar. “É uma epidemia que pode tomar escala mundial, algum nunca visto.”
Ele acredita que o volume de casos esteja submencionado em nível nacional. “Sabemos que os primeiros casos foram detectados na Bahia, mas depois Pernambuco registrou um grande número. Ou Pernambuco notificou bem ou a Bahia subnotificou”.
O deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) também virá ao Recife para participar da reunião. “(A doença) pode afetar milhares ou dezenas de milhares de crianças que estão nascendo no Brasil. É provavelmente a maior tragédia de saúde pública das últimas décadas”, classificou o parlamentar.
A possível relação entre o vírus da zika e os casos de microcefalia, além de complicações neurológicas em adultos também em investigação, levou os secretários estaduais de Saúde a se reunirem em Salvador, na sexta-feira, para montar um plano conjunto de enfrentamento ao Aedes.
Os gestores entregaram ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, uma carta com as necessidades dos estados solicitando apoio ao governo federal no enfrentamento às doenças transmitidas pelo mosquito. O ministro decretou, no dia 11 de novembro, situação de emergência em saúde pública no Brasil. “Convocamos 17 ministérios para auxiliar no combate ao vetor (o mosquito) e vamos utilizar todas as armas possíveis. Não vamos dar trégua”, declarou Castro em Salvador, após o encontro com os secretários.
Amanhã, o Ministério da Saúde deve atualizar os números de notificações em todo o Brasil e em Pernambuco. A prioridade do órgão é prevenir as causas, já que não há como impedir casos em gestações já em curso. Também nesta semana, a Secretaria Estadual de Saúde lança o protocolo de atendimento para casos de microcefalia diagnosticados em fetos, que vai orientar o tratamento das gestantes. (fonte: Diário de PE)