Em Caruaru, no Agreste pernambucano, um concurso pretende estimular a criatividade e o talento de jovens estudantes. Com o tema “Nordeste, aqui é o meu lugar”, a Academia Caruaruense de Literatura de Cordel espera que o folheto permaneça presente no imaginário popular.
As inscrições para o concurso vão até o dia 2 de março e podem ser feitas no Museu do Cordel, que fica no Parque 18 de Maio, na Academia Caruaruense de Literatura de Cordel, situada no Bairro Boa Vista I, ou ainda pelo site www.maiorcordeldomundo.com.br.
O concurso será nos dias 14 e 15 de março, na Praça do Artesão, no Alto do Moura.
Quem valoriza a nossa legítima cultura faz assim. Não é a toa que Caruaru se destaca em tudo: Feira maior do mundo, São João maior do mundo, ícone no artesanato de barro (bonecos de Vitalino) e até Academia de Literatura de Cordel. Tudo isso é impossível para outros municípios? Não! é só privilegiarmos a cultura nordestina e deixarmos de importar cultura alheia.
São João maior do mundo???????? Campina Grande
Feira maior do mundo?????????? Sou mais Agraba
Gostaríamos que a Academia Caruaruense de Litaratura de Cordel publicasse em seu site, ou no Blog do Carlos Brito, dez primeiras poesias classificadas na categoria Adulto, pois todo público que gosta de Cordel está curioso para conhecer os dez melhores poetas e suas obras neste grande evento que a ACLC realizou.
É isso aí, Carlos Britto, amigos conterrâneos, ainda bem que vcs aí em Caruaru estão vacinados contra essa epidemia, essa xenofobia que vem até nas escolas ensinando nossas crianças a desprezarem nossa histórtia, nossas raízes. Vejam o conteúdo, as normas dos ” festivais” de música que a máquina do próprio governo tem a petulância de patrocinar, investindo dinheiro e suor do povo brasileiro para sustentar esta corja de falsos agenciadores da cultura nacional. São pessoas conscientes do processo de degradação da cultura brasileira que irão, em breve, desfraldar a bandeira de luta contra o que eu chamo de ditadura cultural em nosso país. Parabéns!!! Contem comigo.
“As elites aplaudiram quando viram Vitalino
Fazer do barro do chão um espelho cristalino
O notável Manuel Bandeira o exaltou
E o cognominou “O Flautista de Papel”
Seus colegas ceramistas o chamavam de Inventor
Lélia Coelho escreveu Massanjana publicou
Artes de um analfabeto nascido em Caruaru
Considerado no Sul o artista mais completo
Um simples trabalhador
Moldando o barro do chão
No Nordeste se tornou
Um gênio da criação (Bis)
Quem fosse à feira sábado veria num stand
Os albores de um grande sonho ainda inacabdo
Brotando no anonimato de um menino criativo
Que trazia o distintio de Pai do Artesanato
Enquanto os canhões na Europa faziam o jogo das trevas
Com os soldados em tropa exterminando as levas
O pracinha nordestino desfilava pelass ruas
Nas belezas ingênuas do meu Mestre Vitalino”
Marinho do Nordeste
(músico e cordelista natural de União dos Palmares, radicado no Rio de Janeiro, Membro titular – cadeira 35 – Academia Brasileira de Literatura de Cordel)
Contatos: marinhodonordeste@hotmail.com
Vocês estão de parabens, por uma iniciativa tão bonita como essa, manter viva a tradição e cultura de um povo, incentivando as novas gerações a continuarem, levando adiante a cultura nordestina que encanta o Brasil e o mundo, como foi falado acima pelo grande poeta, cantor, compositor e cordelista de primeira Idemar Marinho, profundo conhecedor da obra do mestre Vitalino, nós precisamos aprender a valorizar mais o que é nosso, chega de festa das bruxas, nós não queremos os nossos filhos aprendendo nas escolas, sobre tradições exportadas da Europa e A mérica do Norte, nós somos 100% verde e amarelo e amamos o nordeste e o Brasil.
No meu comentário acima, gostaria de fazer a seguinte correção:
Onde se lê exportadas, leia-se importadas. Agradeço imensamente pela oportunidade.
Carlos Brito, com meus agradecimentos por esse importante espaço aberto à nossa formosa Cultura, dedico a você e aos leitoress esta singela homenagem do Cordel ao Mestre Vitalino:
A EPOPEIA DOS CORDEIS
Cordel Cantado N° 1
Marinho do Nordeste (Idemar Marinho)
Quem nunca leu só não leu
Porque não aprendeu
E seu nome escreveu com o dedo polegar
Quem nunca viu se não viu
Porém nunca esqueceu
A história de um povo que sempre sofreu
E que gerou da frase do barro do chão
A imagem do amor pra sua louvação
João de Lima, meu caro Ivanildo
Meu Cego Aderaldo sempre a pelejar
Ai das lutas amargas pelejas
Em versos de feira que fazem chorar
Patativa do Assaré
Zé Limeira mostrando Absurdo o que é
Para mudar
Quem nunca leu só não leu
Porque não aprendeu
E seu nome escreveu com o dedo polegar
Quem nunca viu se não viu
Porém nunca esqueceu
A história de um povo que sempre sofreu
Luis da Câmara Cascudo
Provinciano incurável de inigualável visão
Num vaticínio previu
Em um cordel multicor as violas brasileiras
Ultrapassando as fronteiras nos braços de um cantador
Aureolado de azul ele regia e escutava o canto de uirapuru
Ao leve sopro da brisa sob a relva purpurina
Infenso à insolação e à seca do sertão
Numa récita nordestina
Nos dedos renascentistas de um singelo artesão
A luz dos grandes artistas alumiou meu sertão
Com Vitalino virtuoso em suas mãos modelando
O barro e revelando seu mundo maravilhoso
Desde os tempos de Zumbi o caboclo Marcolino
Fez do barro um biscuí para agradar ao menino
Porém só trezentos anos depois é que Vitalino
Assim nasceu com o destino de conquistar os arcanos
Gaudino seu seguidor
Me contou que o paladino
Tinha paixão pela massa
Pelo feito nordestino
E lá em Caruaru
Sua infância foi
Inventar bumba-meu-boi
Boneco maracatu
Das argilas penumbrosas do ipojuca vazante
Suas mãos vertiginosas moldaram num só instante
Um enredo fabuloso dando vida ao inanimado
E ele é condecorado artífice venturoso
Deste modo o nordestino com seus valores sagrados
Em franca propagação desfilava nas vitrines
Dos nobres e elevados como relíquia importante
Ornamentando a estante dos mundos civilizados
Quem nunca leu só não leu
Pque não aprendeu
E seu nome escreveu como o dedo polegar
Quem nunca viu se não viu
Porém nunca esqueceu
A história de um povo que sempre sofreu
Para mudar
O destino de um povo latino
Rio São Francisco um braço de mar
Socorrendo todo o ocidente
E um bravo repente a se rebelar
Depois de desumanas torturas
Suas previsões vêm-se eternizar
Abram alas para o romanceiro
Da alma do povo que eu quero passar
Na presença de vossa excelência
Eu peço licença vou-me retirar
Para mudar
Prezado Carlos Brito, grandes elogios para o seu trabalho aí no Nordeste e a pessoa que você é. O Brasil precisa muito de homens como você.
E quem viu o concerto de Marinho do Nordeste no Teatro aqui no Rio de Janeiro, sabe que o talento e a cultura deste moço merecem o nosso reconhecimento. Meu abraço. Vanderson
Emissoras de rádio e televisão brasileiras, que se afirmam ter um compromisso definido dentro da soberania nacional, assimilam, importam e divulgam a cultura musical. No meio dessa grade aviltante para quem quer desfrutar da boa música, permite-se a introdução de alguns programas que, de ordinário, só podem tocar ícones da música nacional, com ênfase para aqueles que têm sua obra estribada nos umbrais da alma estrangeira. Nunca se procurou, até aqui, cobrar a carga horária das rádios e instituições oficiais sustentadas pelo suor do trabalhador. Quanto de produto nacional está veiculando? Pergunta que tende a ficar no ar durante, ainda, muito tempo, até que se dê a devida importância ao nosso povo. Não se trata de favor ou acordo de cavalheiros coagidos pela hegemonia da imprensa submissa, dependente e carente de um sistema engordado e mantido por ela
própria.
Numa época em que o mundo começa a redescobrir a linguagem brasileira, críticos e comunicadores respeitados pelo público, decerto porque, sutilmente, podem manipulá-lo como desejam, omitindo-lhe o que gostaria de ouvir, expressam a ignorância de afirmar que nossa música vai muito bem obrigado! Tudo continua sendo levado a público em tabletes de conteúdo e dimensões adrede, cuidadosamente, muito bem empacotados e amarrados, para que o ouvinte não questione, não pergunte e nem reclame de nada. Não incomode! E tem sempre um bom consumidor desses produtos porque, como se sabe o espectador brasileiro também é bonzinho!
A extinção maquiavélica dos programas ao vivo, tanto no rádio quanto na TV; as longas e autênticas edições enfileirando artistas que se destacavam pelo talento e não pela cotação de suas bolsas de valores; a massiva repetição e endeusamento de nomes e mitos que fizeram e fazem a história da música internacional; a petulância de órgãos governamentais promovendo festivais que financiam a banda podre da música estrangeira; crianças aprendendo em casa e na escola a superestimar a música alienígena, alimentando descrédito ao autor brasileiro; a discriminante e mentirosa justificativa de que a partitura tomjobiniana é superior aos rapps, forrapps e funks fielmente sonorizados nos centros e periferias de toda a nação; a vergonhosa distorção das leis de incentivo à cultura; o desconhecimento científico de que não houve outra safra de artistas genuinamente brasileiros no decorrer dos últimos 50 anos, até numa roupa nova de modelagem psicofísica que pudessem fazer por merecer a mínima atenção dos especialistas; o monopólio dos espaços jornalísticos por aqueles que detêm o poder econômico, tudo isso nos dá uma pálida idéia de como anda o Brasil na preservação de sua identidade cultural.
Uma orquestra de câmera não é melhor nem pior que o improvisado ré bemol de João do Pife. Não é a melodia ou a tessitura de uma obra que vai determinar o seu valor real. É o que a obra estará trazendo em termos de construção humana, questionando seus atavismos perniciosos e receios de expansão e compreensão do complexo universo em que vivemos, prisma de relevante teor, reputado de secundária e, mais, nula importância.
Chega-se a afirmar, com certa razão, que não existem mais músicos e compositores brasileiros. Mas nós estamos aqui trabalhando em nossos cortiços. Quem conhece o interior sabe que é só aparente o caráter subliminar das abelhas. Quando se olha para as caatingas ou para um cortiço na mata atlântica, não se tem a menor noção de quantas abelhas ali se criam e se movimentam, nem qual o volume de mel dentro de cada oco de pau. Enxerga-se tão-somente a paisagem ou, quando muito, uma oropa aqui e outra ali. E quando se extrai o mel, o inseto é obrigado a abandonar o local. Quem ainda não conhece a ciência das abelhas, imagina que elas nunca mais retornarão ao cortiço, ou que. para onde migraram. não mais fabricarão o doce mel, por desalojadas que parecem estar. Acredita-se que, dispersas, as abelhas vão vagar para sempre sem rumo. Mas isto não ocorre. As abelhas permanecerão vivas e prósperas. Juntam-se, de novo, umas às outras e recomeçam a tarefa ainda com mais vigor. No próximo inverno haverá mel de correição!Parecem compreender a lei de solidariedade! Mas o que ocorre com as abelhas não se verifica com os artistas. Divididos em classes e castas, cada um ostentando seu supremacismo tolo, evitam-se. Não se tocam. Estão todos ali no mesmo avião. Porém mal se percebem. A menos que… Desconhecem-se. E mesmo assim, há milênios, ufanam-se da desarmonia! Do ódio, do medo e da violência… Tudo fazem, mas em proveito próprio. Estão encarcerados em cápsulas como se fossem objetos dentro de uma sacola de aço. Assim somos nós. Mais de 20 milhões. Músicos. Roteiristas. Diretores. Brasileiros. De renome. Corda e focinheira – ainda – dos norte-américo-japoneses-holandeses… Ó, Pátrias amadas idolatradas! Brasil. Cantarolando, assando e comendo e pensando exatamente como eles querem. Como os grandes ditadores da música assim o desejam.
Por que será que nossas emissoras continuam priorizando a péssima música estrangeira? Vergonha num país como o Brasil, nossas artes, nossas raízes arrancadas e jogadas ao esgoto, local onde deveriam estar toda a mentira que nos contam e cantam esses perigosos traficantes da cultura. O grande equívoco do difusor musical é impor ao artista nato a condição de patrocinador. Ora, aqueles que vivemos a música somos humildes trabalhadores braçais que mal sustentam a família. Seus filhos não frequentam escolas caras, nunca chegarão a uma faculdade. Andam a pé e de estômagos vazios. Não sabem se expressar como os executivos. Não têm a sutileza nem a diplomacia dos empresários. Nunca serão vistos em eventos sociais e recepções de celebridades.
Como será a qualidade, o exterior de seus discos? Será, naturalmente, precário. Toda essa massa está irremediavelmente fora do contexto musical. Sem levar em conta estas limitações tão claras, o comunicador inconsequente exige desses artistas um absurdo e volumoso quite de produtos musicais como garantia de atenção. A primeira condição é que essas músicas não sejam produzidas em casa com os meios ao alcance, ainda que digitalizados por profissional competente. E notificam: para gáudio do ouvinte, essa classe de artistas desapareceu para sempre!
Mantém-se, assim, uma política de exclusão falsamente defendida pela questão da qualidade. Cria-se uma contracultura igualmente nociva, perniciosa. Insurgem-se, aqui e ali, apadrinhados pelos contraventores da mídia, belicosos e perigosos capatazes da música. Com raríssimas exceções são os ex-carpinteiros, ex-boiadeiros, ex-brasileiros que, por abuso de poder econômico, inconscientemente, passam a humilhar seus mesmos pares e manipular o mercado. Nada contra os heróicos filhos de Francisco que são, como outros poucos, resposta concreta do que somos capazes.
O compromisso do rádio brasileiro hoje, como tão bem exemplifica a Rádio Grande Rio de Petrolina, devia ser o de desmantelar e não paramentar os cartéis musicais que afrontam e utilizam o próprio poder constituído para aviltar a memória brasileira. Os romanos, quando, em praça pública, viram os gregos manifestando as artes cênicas, questionando a política e a aristocracia, cuidaram logo de transformá-los em propagandistas do império. Assim, somos os Caetanos, os Ramalhos, os Amados, muitos, entretanto, padecendo sono e menosprezo à porta das grandes empresas de comunicação. Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, para citar apenas estes dois nomes grandiosos, por um bom período, foram induzidos a fazer uso constante de indumentárias e expressões da cultura americana para sobreviver como artistas brasileiros. Reza a cartilha da crítica imparcial que somente muito depois combateram o processo de degradação da nossa música. À época, instintivamente, os meninos do Brasil adotávamos determinadas formas de comportamento do povo americano porque nossos pais, nossos professores, nossos meios de comunicação já eram orientados ou forçados a isso. Não apenas porque éramos um país essencialmente simples. Fosse à praia ou no sertão, sentíamo-nos bem no fulgor do trópico usando as roupas grossas porque, na expressão nordestina, as famosas camisas de banlon eram lindas e confortáveis.
Ainda hoje sentimo-nos muito confortáveis vestindo a calças jeans, os sapatos italianos! Até dizemos que eles são marcas nacionais! Nunca procuramos saber sua origem nem os critérios pelos quais chegaram ao nosso vestuário. Dizem que não é esta ingênua passividade que vai determinar o grau de aculturação das massas. Mas sabemos que isso acontece de maneira organizada, por ideologia orquestrada, com métodos políticos e econômicos que atingem seus objetivos de cima para baixo. A sertaneja que dá ao filho o sugestivo nome de Wesley o faz com um profundo sentimento de americanismo, sim. O modo é que é subjetivo, espontâneo. Não se trata, entretanto, de gesto antinacionalista porque não houve a intenção.
Incentivaram-nos a tirar um presidente da República porque diziam que ele estava acabando com o país. Entraram no palácio dizendo que iriam moralizar a cultura e as artes. Onde a ética? Agora não conseguimos mais tirar nem um secretário de prefeito que zomba da nossa inteligência. Este sistema cultural que avilta o sentimento brasileiro precisa ser mais discutido em público. Lembramos aqui a divinização de Licurgo, o magnânimo legislador grego. Tudo que de Licurgo viesse era bom, inclusive as leis que sancionavam o genocídio e as guerras espartanas. Ai de quem as contradissesse. Licurgo era um grande legislador! Mas ninguém lembra, sequer de soslaio, que Esparta passou para a história como o berço do crime e da crueldade, consequências que vão influenciar o mundo moderno.Todo déspota necessita de portões e muralhas por dois motivos principais. Primeiro para que seus cúmplices não o deixem a sós e segundo para que a plebe não o incomode.
O músico, o artista de menor poder aquisitivo é discriminado e rejeitado como se fosse marginal malfeitor. Quem não sonha não realiza o impossível. Mas nem como fabricador de sonhos é visto este cidadão brasileiro. Façam algo! Não nos peçam projetos. Somos páginas vivas.
Marinho do Nordeste
“o jente vamos no sentiva para nao desmata sir ajente vai sir ferar mais nao sir preucupe que a desmatao so faz parte do nosso meiao kkkkkkkkkkk
sem graça
A vorta de lampião
Autor poeta
Raimundo Nonato da Silva
Eu ontem á noite sonhei
Que o bandido lampião
Estava de vorta ao Brasi
Pra da uma correção
Nos gabiru de Brasília
Que comero o mensalão
Armado com um facão
O seu rife e um punhá
Entrou com chapéu de couro
No planato federá
Quando a turma de corruto
Lhe viro passaro má
Foi logo no popular
E esculhambou a reca
Disse cadê quem levou
O dinheiro na cueca
Mim traga aqui o safado
Pra eu cortar a munheca
Disse todo mundo peca
E passou pra outra sala
Vou pegar o senvegonho
Que leva dinheiro em mala
E um falso evangélico
Quando uviu perdeu a fala
Lampião disse eu espremo
Prefeito e governador
Vou acabar deputado
Não vai ter mais senador
Outra coisa sem futuro
É o ta do vereador
Só vai ter mermo eleitor
Governador e presidente
Prefeito também vai ter
Mais se robar nossa gente
Eu mato de um e um
Não fica um pra semente
De onde tira e não bota
Se acaba e ninguém descobre
Porque a justiça vê
Se faz de sega e encobre
E os macacos do governo
Só sabe preseguir pobe
Tenho raiva de quem bota
Os pobe pa tabaiá
E depois não paga o salaro
Que os coitados ganhar
Mais na minha vorta agora
Quem for rim vai se ajeitar
Essa turma do congresso
Não durma não se acorde
Eu vim acabar o crime
A mamata e a desorde
Quem não agüentar abra
Que o Brasi vai ter orde
Vou mudar os generá
Comandante e coroné
Eu vou botar os meu cabra
Porque a mim são fié
E os político que robar
Eu corto as mão e os pé
Secretario nota dez
De justiça do Brasi
Vai ser meu cabra curisco
Armado com um fuzi
E o político pá robar
Só se for muito imbeci
Oto cabra de veigonha
É meu cabra jararaca
Vai comandar o nordeste
Sei que ele se destaca
Agora um prefeito robe
Pra ser cortado de faca
Tudo agora vai mudar
Saba que o meu destino
É miorar o Brasi
E o sertão nordestino
Doido é quem se meter
Na frente de Virgulino
Esses cabras corta jaca
E chefe politiqueiro
Que quer vender o povão
Pa ficar com o dinheiro
Onde eu suber que tem um
Vou botar um cangaceiro
Lampião disse a justiça
Do Brasi não ta com nada
Ela se vende os políticos
Como se fosse cocada
Quem vai botar orde agora
É eu e minha cambada
Disse a justiça é mais lenta
Que passo de tartaruga
Os eleitor não tem chance
E os políticos tem fuga
Se os rico sujar as mão
A justiça lava e enxuga
Lampião disse eu vou ser
Advogado e juiz
Acuso e faço a defesa
Do jeito que sempre quis
Quem me desobedecer
Eu quebro o pau do nariz
O ser humano é de carne
A se fosse de madeira
Se político virar lenha
Vou passar a noite inteira
Queimando esses sangue suga
De Brasília na caeira
Quem sobrar vai pra fogueira
Ou para o forno de bolo
Eu já não suporto mais
Quem faz o pobre de tolo
Meu povo não brinque não
Em Brasília tem ladrão
Que da pa queimar tijolo
Chega de justiça lenta
Juiz e advogado
O político que robar
Pro mim mermo ele é caçado
Seu pegar o sinvegoi
Eu vou matar bem matado
Eu mermo faço o jurado
E também dou a sentença
Eu vou mostrar que não é
Como algums marajá pensa
E quem se achava o ta
Vai ter que me dar a bença
Chamou de seiscentos diabo
Os políticos que robava
Gota serena da peste
Lampião arto gritava
E falou assim ôxente
O Brasi quais se acabava
Disse uma gota serena
É o ladrão de gravata
Porem a despois que eu
Acabar toda mamata
No eis juiz niculau
Mando meter a chibata
Lampião pegou os caba
E açoitou com chicote
Banhou com água de sá
Fria tirada do pote
Tinha um bucado gemendo
De longe eu fiquei só vendo
Os caba dando pinote
Lampião disse eu só temo
A Deus que é pai eterno
Eu sei que o Brasi hoje
Ta diferente e moderno
Mais eu faço a CPI
E mando os ladrão pro inferno
Uviu seu Lula se esforce
Vou da ota chanche a Lula
Não beba e viaje pouco
Trabai como uma mula
Vós me cê é nordestino
Com você não tem quem bula
Ao invés de avião
Lula vai andar de pé
Chega de luxo e conforto
Mordomia de oté
Se não fizer o que eu mando
Já sabe como é qui é
Pru você ser nordestino
Eu li tratei com carim
Mais se você no prestar
Com você eu vou ser rim
Li tiro da presidência
E boto Ontôe garotim
Disse ele eu já to farto
De vê tanta safadeza
Eu vim pra tirar a mama
De quem massacra a pobreza
Finalizou o discurso
Dando um bofete na mesa
Lampião foi muito macho
Provou ter autoridade
Mais isso só foi um sonho
Não foi na realidade
Porque quando eu acordei
Vi que não era verdade
Mais isso foi Virgulino
Que falou não foi eu não
Como disse foi um sonho
Como sonho é ilusão
Nosso Brasi continua
Na merma esculhambação
Não quero atingir ninguém
Da política Brasileira
A todos peço desculpa
Como sonho é brincadeira
Mais se lampião vortasse
Fazia dessa maneira
Muito bem, Raimundo Nonato. A poesia popular é nossa história-memória. Lamentamos que uma forma de expessão tão bela e transparente como o idioma do cordel ainda não tenha sido reconhecida como linguagem propriamente dita, e seja vista apenas como simples manifestação folclórica ao alcance da criança e do jovem somente em determinadas datas comemorativas já massificadas pelo prórpio sistema educativo.
marinhodonordeste@hotmail.com