‘Convivendo com a memória’: Uma declaração de amor do professor Rivas

por Carlos Britto // 28 de fevereiro de 2014 às 20:00

Professor Rivas1O ex-prefeito de Juazeiro, professor Rivadávio Espínola Ramos – ou simplesmente Professor Rivas – é um homem de rara sensibilidade. Está lançando o seu livro intitulado ‘Convivendo com a memória’ no próximo dia 14/03, no Complexo Multieventos da Univasf (Juazeiro), às 19h30. Foi uma entrevista bem difícil na qual este blogueiro, além do próprio entrevistado,  precisaram segurar a emoção por várias vezes.

O livro do professor Rivas é uma declaração de amor por Juazeiro do início ao fim. Ele conta sobre os diversos problemas estruturais da cidade, revela como Juazeiro precisou se reconstruir ao menos em três ocasiões e pontua detalhes, fatos e avanços.

Extremamente educado e cortês, não teceu críticas a nenhum político ou gestor, mas aos 71 anos fala com expectativa de um futuro melhor, com os olhos brilhando como os de um garoto de 17. Pensa com mais juventude do que a grande maioria dos jovens de hoje em dia.

O trecho do livro dedicado ao seu filho Márcio Espínola (falecido no ano passado), que se confunde durante toda a entrevista, lhe embarga a voz. Fica difícil desassociar o escritor de um pai extremamente apaixonado por sua família e que tem que conviver com o assassinato covarde de um médico talentoso e humano: seu próprio filho. No final fiquei pensando se Rivas não é a própria fênix em que nos referimos nos vários renascimentos de Juazeiro.

Ode a Juazeiro

Natural de Carnaíbas, professor Rivas relembra no seu livro sua chegada a Juazeiro, quando tinha 12 anos de idade. Suas memórias relatam diversos momentos na história da cidade. “Cheguei à estação antiga da Leste e dei uma olhada pro rio, pensei que fosse o mar. Eu só conhecia o riacho de Carnaíba. A cidade só tinha calçamento no retângulo, ali do Banco do Brasil até a Fundação Cesp (?). Mas a cidade tinha o título de “A Princesa do São Francisco”. Não tinha água encanada, não tinha energia, não tinha uma estrutura, mas era a princesa, e devia ser porque tinha o rio, o transporte de barcos…”

O tempo passou, a cidade baiana passou por momentos ruins – como as inúmeras enchentes – e foi obrigada a se reconstruir diversas vezes. Esse fator, segundo professor Rivas, atrapalhou o desenvolvimento de Juazeiro em relação a Petrolina. “Juazeiro tem uma desvantagem muito grande: foi construída em ruas apertadas, sem planejamento. Nasceu numa bacia, a Lagoa de Calu cobria 10 carretas ali de profundidade. Ela foi inundada e aniquilada inúmeras vezes. Quantas vezes a cidade acabou e renasceu?”, pontua Professor Rivas.

Em meio a memórias, o livro faz uma ode a Juazeiro. Uma cidade que recebe de braços abertos seus visitantes e que é cenário para desenvolvimento de fortes amizades. “Eu passo ali na Rua do Apolo, onde as pessoas se encontravam. Suas ruas muito estreitas, vamos aproveitar e transformar isso em vida. O que importa na cidade são as pessoas. Juazeiro ainda tem tempo de melhorar. Esse livro mostra esse caminhar e mostra a visão que eu tive. Eu acho que Juazeiro tem esse aconchego da cidade, de estar bem próximo um do outro. Tem seus defeitos? tem. Mas melhore as vias de acesso. O Centro da cidade pode ser um shopping a céu aberto. São muitas coisa que coloco no livro, propostas, sugestões e comparações. Comparo muito com antigamente e hoje”.

O livro

A história do livro tem muita da vida de professor Rivas. A obra teve como maior incentivador seu filho Márcio. E homenagens não faltaram ao filho amado, que foi lhe tirado da convivência familiar de forma trágica.

“Esse livro tem muito de Márcio porque ele foi o maior incentivador. Resolvi fazer o livro e pedi aos filhos que fizessem o prefácio, minha esposa e meus três filhos. Ele também deixou antes de morrer esse pedaço bonito no prefácio. O livro fala muito dele porque foi ele quem mais pediu para fazer. Depois de morto ele continua me ajudando. Eu digo morto, mas não gosto dessa palavra porque a pessoa só morre quando é esquecida. E as pessoas me lembram dele todo dia. Teve um tributo que a família escreveu a Márcio e tem também um desabafo a quem interessar, sobre a insegurança no país. Essa insegurança é falada e contada todo dia. Se as pessoas melhorarem a segurança, será bom””, desabafa.

Mas nem só de memórias a obra do Professor Rivas é feita. Agradecimentos não faltam à cidade e pessoas que o ajudaram ao longo da vida. “Eu coloquei minha irmã Graciosa, que é professora, para escrever a orelha do livro. O nome do livro é ‘Convivendo com a Memória’. Ela me sugeriu A Gratidão em Memória. Eu sou grato a todos que me ajudaram, sou grato ao povo de Juazeiro por me dar a oportunidade de dirigir minha cidade, aos ex-alunos e pessoas que vão passando na rua e me gritam. É isso que me gratifica, as amizades sem interesse”.

O  livro do Professor Rivas sobra em conhecimento sobre Juazeiro. De emoção, não vou nem comentar.

‘Convivendo com a memória’: Uma declaração de amor do professor Rivas

  1. Generino Gabriel - Professor do CPM-Juazeiro disse:

    Não conheço o Prof. Rivas pessoalmente, mas acredito que seja um grande homem. lembro-me de quando vinha a Juazeiro e ele era prefeito; lembro-me do respeito com que a cidade era tratada, do carinho das pessoas por esse homem inteligente, cortês, dedicado ao que faz. Esse livro deve ser uma grande obra que vem expressar o seu amor incondicional a essa cidade que merece ser muito bem tratada, com um dia a tratou. Parabéns, professor. Deixo aqui o meu abraço e as felicitações de sucesso à grande obra!

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