Crise na saúde pública estadual é alvo de debate na Alepe

por Carlos Britto // 28 de maio de 2024 às 10:00

Foto: Amaro Lima/Alepe

A crise na saúde pública de Pernambuco pautou discussões na reunião plenária desta segunda-feira (27). Parlamentares criticaram os cortes de investimentos no setor pela atual gestão e apontaram problemas tanto no atendimento à população quanto na falta de estrutura e de condições de trabalho para os profissionais da saúde em hospitais, especialmente na área da pediatria.

O presidente Álvaro Porto (PSDB) levou o tema à tribuna. Ele cobrou uma atitude mais enérgica da Casa frente à situação “caótica e insustentável” da saúde pública do Estado. O parlamentar repercutiu o caso da recém-nascida que foi atingida de raspão por uma bala perdida na ala pediátrica do Hospital Barão de Lucena, na Zona Oeste do Recife, no último domingo (26). Para ele, o episódio retrata a ausência de gestão do Poder Executivo. “Ao cortar R$ 1,2 bilhão da saúde, essa gestão revelou a falta de compromisso e de respeito com a população”, externou.

O deputado também destacou a crise enfrentada na área de pediatria com a falta de leitos. “Mais de dez crianças morreram à espera de um leito em Pernambuco. É um sistema que falhou no seu dever mais básico de proteger os mais vulneráveis”, lamentou.

Nos apartes, parlamentares apoiaram a fala do presidente. Eles também questionaram os cortes de investimento na saúde e apontaram deficiências na rede pública. “É inconcebível que o Estado se vanglorie de economizar e ter dinheiro em caixa, mas não possa realizar exames laboratoriais ou cirurgias ortopédicas, além de estar com os corredores de hospitais lotados e de priorizar investimentos na iniciativa privada”, elencou Diogo Moraes (PSB).

Dani Portela (PSOL) denunciou a dificuldade que mães estão tendo em encontrar leitos para crianças que adoecem nesta época do ano por problemas respiratórios. “Não sei qual é a solução: decretar estado de emergência, criar leitos em outros hospitais ou montar hospitais de campanha. O que não dá é deixar mais de 100 crianças com dificuldade de respirar e podendo vir a óbito a qualquer momento por ineficiência da gestão da saúde do Estado de Pernambuco”, pontuou.

Para Sileno Guedes (PSB), a equipe à frente da Secretaria Estadual da Saúde é ineficiente e não tem sido transparente em relação aos investimentos na área. Ele lembrou que, em outubro do ano passado, o governo federal repassou quase R$ 300 milhões em recursos para Pernambuco, e apenas agora, sete meses depois, foi publicado o decreto que permite o repasse. Rodrigo Farias (PSB) sugeriu que a governadora Raquel Lyra siga o exemplo da Prefeitura do Recife, que tem investido na construção de hospitais e na contratação de médicos e de profissionais da saúde.

Defesa

Em defesa do governo, Antônio Moraes (PP) destacou que a falta de leitos não atingiu apenas o setor público, mas também a rede privada. Ele lembrou que recentemente foram criados 200 leitos pediátricos para atender todas as regiões de Pernambuco. O deputado acrescentou que o Estado enfrenta um déficit de médicos especialistas em pediatria, uma vez que tem aberto vagas para contratação, mas o número de interessados tem sido inferior ao ofertado. “Isso demonstra que o governo não ficou inerte. Nós tivemos uma crise muito maior do que tivemos em outros anos, e a prova disso é que não atingiu só aqueles que dependem do SUS, mas todas as categorias sociais aqui no Estado”, justificou. As informações são da Alepe.

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