Um homem acusado de homicídio que está preso na delegacia de Pinhais (região metropolitana de Curitiba) usou um celular para postar em seu perfil na rede social Facebook. O caso ocorreu no fim da semana passada.
“Salve salve galera logo mais quero ver todos em paz (sic)”, escreveu Andrey Machado, 20, em seu perfil. Cinco pessoas curtiram. Um amigo respondeu: “força andrey” (sic). Na sexta (11), nova postagem: “Boom Diaa galera mais um dia vejo o dia passar mato o tempo pra ele n.me matar” (sic), em alusão à música “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s.
As postagens ainda aparecem no perfil de Machado na rede social. Ali, ele diz trabalhar na torcida organizada “Império Alviverde”, do Coritiba, e ter tido uma “educação adventista” (referência às escolas mantidas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia).
Machado está preso desde 20 de junho passado. É acusado do assassinato de um homem, em 29 de março deste ano. À polícia, negou o crime. Mas o inquérito policial, já concluído, o acusa pelo homicídio. Assim, ele aguarda uma decisão da Justiça –que pode mandá-lo a júri popular. Machado divide com outros 70 detentos uma cela onde caberiam no máximo 16.
É a superlotação a responsável por situações como o uso de smartphones por presos, argumentou o delegado de Pinhais, Marcelo Magalhães. “Na quinta passada (10), recebemos uma denúncia anônima de que ele (Machado) estaria ameaçando parentes do homem que matou. Fizemos uma revista, mas não encontramos nada”, disse.
“Na nossa cadeia, a situação não é nada boa. A população carcerária está muito acima do ideal. Isso dificulta muito o trabalho do pessoal da carceragem. O espaço físico está superlotado, e há muito mais itens, como roupas e pertences, para revistar”, justificou.
Na sexta-feira (11), o caso chegou à imprensa. “Quando vimos as postagens e tivemos certeza do que estava havendo, mandamos os presos entregarem o celular. Minutos depois, alguém jogou um smartphone para fora da cela”, falou o delegado.
Agora, Magalhães irá investigar as possíveis ameaças feitas por Machado a familiares do homem que matou, e o uso do celular na cadeia. “Vamos investigar como o celular entrou, apesar de saber que é bem difícil descobrir, e confirmar que foi usado pelo detento. Isso pode acarretar em punição administrativa para ele, que pode atrasar a progressão de regime fechado para semiaberto”, explicou.
SSP
A reportagem procurou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para que comentasse o caso, mas a assessoria disse que apenas o delegado se pronunciaria. Levantamento realizado pelo UOL junto ao Ministério da Justiça, em maio passado, mostrou que o Paraná é recordista em presos em carceragens de delegacias. Em fins de 2012, eram 9.290 presos sob custódia da Polícia Civil. (Fonte/UOL)