Derrubada de projeto propondo venda do estádio impõe primeira grande derrota de Lossio na Casa Plínio Amorim

por Carlos Britto // 04 de abril de 2012 às 07:38

Debates acalorados, discursos inflamados, sessão suspensa e até princípio de tumulto. Foi este o saldo da longa sessão ordinária de ontem (03) na Casa Plínio Amorim, que culminou com a primeira grande derrota do prefeito de Petrolina, Julio Lossio. Por sete votos a seis, os vereadores decidiram derrubar o projeto de lei enviado pelo gestor propondo a venda do Estádio Municipal Paulo de Souza Coelho.

Apesar de insinuações de que lideranças políticas de peso na cidade teriam persuadido alguns vereadores de oposição favoráveis à venda a votarem contra o projeto, ou mesmo por um possível ônus eleitoral que a decisão poderia implicar, o fato é que a bancada se comportou, desta vez, como oposição.

O único que não seguiu os colegas foi Major Enfermeiro, que votou a favor do projeto de Lossio. Os demais oposicionistas se colocaram contra a venda do estádio. A primeira foi a líder da bancada, Anatélia Porto (PSD). Admitindo ser saudosista, ela começou seu discurso incisiva: “Uma cidade sem memória não avalia seu presente, nem pode planejar seu futuro”. Mas também justificou que a avaliação do terreno onde fica o estádio foi feita abaixo da realidade.

Márcia Cavalcante (PSD) seguiu na mesma linha. Para justificar seu voto contra a venda do estádio, ela também puxou pelo passado ao destacar a importância do equipamento para os desportistas da cidade. “Um petrolinense de coração não destroi a história da nossa cidade”, afirmou.

Reforçaram a decisão os vereadores Zenildo do Alto do Cocar (PSB) e Jussaria (PSB). Já Ibamar Fernandes (PRTB) e Osório Siqueira (PSB) só seguiram os colegas depois de um pedido de dez minutos para que a sessão fosse suspensa e o líder governista, Dr.Pérsio Antunes (PMDB), desse mais detalhes do projeto. A reunião ocorreu a portas fechadas e também contou com os vereadores Dedé da Simpatia (PSDB) e Cristina Costa (PT). Desses, apenas Dedé decidiu votar a favor do projeto.

Osório disse, após a retomada da sessão, que votaria contra porque havia o risco de quem comprasse o estádio deixasse os desportistas da cidade sem local, já que não havia garantia de que uma arena multiuso – proposta pelo Executivo – fosse construída antes da demolição do estádio. Cristina Costa ratificou o colega justificando que o projeto não tinha sustentabilidade. Além disso, explicou ela, todo o processo correu mais rápido do que ela esperava. “Temos responsabilidade nesta Casa”, definiu.

Lamentações

Dos que votaram favoráveis à venda, Raimunda Sol Posto aproeitou para tecer críticas a alguns desportistas da cidade que lembraram o nome do seu filho Joaquim Sol Posto, o qual prestou serviços no setor em Petrolina, mas nunca recebeu sequer uma homenagem, sendo mencionado somente agora.

Já o líder govenista Dr.Pérsio Antunes lamentou a derrota. Ele disse que Petrolina deixou de apresentar um avanço importante para sua história, insinuando inclusive que “já haviam prometido antes uma Vila Olímpica que nunca saiu do papel”. Claramente favorável ao projeto, o vereador Alvorlande Cruz (PRTB) chegou a ser interrompido durante seu discurso por um homem bêbado que entrou no plenário. Ele e Osinado Souza (PP), outro favorável à venda, disseram que a decisão dos seus colegas vai de encontro à forma de “pensar grande” como Petrolina sempre pensou.

Em tom de desabafo, Osinaldo chegou a dizer ter recebido várias ligações telefônicas para mudar seu voto, mas não iria aceitar pressões. “Tenho meus posicionamentos”, declarou. Depois completou dizendo que qualquer prefeito que mantenha o estádio onde está, dá um atestado de incompetente. “É dizer: Petrolina, volte para trás”, alfinetou.