Dia das Mães: “O nosso amor é o que mantém minha mãe viva”

por Carlos Britto // 12 de maio de 2019 às 12:16

Ana Amélia Santos com a família. (Foto: Arquivo Pessoal)

Neste Dia das Mães o relato de um dos nossos leitores se tornou uma grande homenagem de um filho para sua mãe. Aarão Campinho procurou o Blog para compartilhar a luta de sua genitora, Ana Amélia Santos Campinho, pela vida e como o amor da família a mantém viva.

Há cerca de dois anos uma ida a pedicure mudou a vida de Ana Amélia. Durante o procedimento ela lesionou o pé e por conta da diabetes o ferimento evoluiu e se tornou uma verdadeira preocupação. “O ferimento se agravou muito e ela foi levada ao hospital, onde foi feita uma raspagem no pé para tentar resolver o problema. Durante o tratamento ela precisou usar muitos remédios e fazer alguns procedimentos, o que terminou por comprometer os rins”, explica Aarão.

Ana Amélia morava em Remanso, no norte da Bahia, mas precisou mudar para Petrolina para iniciar o tratamento de forma mais completa no Hospital Universitário (HU). Ela vive na cidade com o filho caçula, Aarão.

Amputação

Mesmo com toda a assistência médica, parte da perna de Ana precisou ser amputada, um momento muito triste para todos os familiares, em especial para os filhos que teriam que dar a notícia para a mãe. “Ela ficou internada na UTI e o pé já estava com necrose, aí a equipe (médica) optou em amputar. Foi muito duro ter que dar essa notícia”, relata.

Com a amputação, Ana Amélia precisou se adaptar a nova realidade, já que agora teria que usar uma cadeira de rodas para se locomover. Em meio ao processo de adaptação, veio a notícia de que os rins dela tinham parado de funcionar e que agora ele teria que fazer hemodiálise. Com três sessões por semana para tratar os rins, a exaustão ficou evidente e dificultou a continuidade da fisioterapia.

Em meio a tantos problemas de saúde, a família sempre esteve presente com cuidados, cheios de amor e carinho dos filhos Raul Braga Campinho Neto, Luan Carlos Campinho Ferreira e Aarão Campinho Ferreira, além do esposo, Odecio Ferreira. “Durante a internação ela não se lembrava dos filhos, mas lembrava de algumas músicas que ela costumava escutar, então eu comecei a cantar todos os dias para ela durante as visitas, para não ser esquecido por ela e funcionava. Foi um período muito triste, mas aos poucos ela foi voltando a lembrar”, explica Aarão.

Outra preocupação que percorreu a família foi o preconceito que surgiu por Ana Amélia ser uma cadeirante e por conta de outras limitações. “Minha mãe esqueceu diversas coisas, até mesmo em como engolir os alimentos, ou coisas simples, como segurar talheres. Então ela costumava comer apenas com as mãos quando estávamos nos restaurantes, por exemplo, e isso atraia muitos olhares”, lamenta o filho caçula.

Mas nem tudo foi pautado no preconceito, o acolhimento também esteve presente na rotina da família. “Mesmo que a maioria dos lugares seja sem acessibilidade, existe muito acolhimento. As pessoas são muito carinhosas com a gente, vê que ela precisa de mais cuidado e ajuda”.

Novos sonhos

Com as limitações provocadas pela amputação na perna, coisas muito simples foram deixadas de lado, até mesmo o ato de conseguir ficar de pé virou motivo para comemoração. “Depois da amputação, ela passou a ficar muito tempo deitada e aos poucos começou a utilizar a cadeira de rodas e com os nossos cuidados em casa, com exercícios de fisioterapia, ela conseguiu ficar de pé. Eu já tinha esquecido o quanto minha mãe é alta”.

A evolução na adaptação à cadeira é constante, e Ana Amélia passou a aproveitar coisas simples e a ter novos sonhos. “Ela gosta muito de atravessar a ponte (que liga Petrolina a Juazeiro) e ficar olhando tudo pela janela do carro. O grande desejo dela é poder ficar de pé e usar calça. Para quem não tem deficiência parece algo simples, mas para quem não tem essa facilidade se torna algo realmente especial”, explica o filho.

Aprendizado

Nestes dois anos minha mãe teve muitas recaídas e hoje ela é muito bem assistida pelos médicos. Ela é muito querida pelos amigos, principalmente os que estão em Remanso. Quando ela começou o tratamento, muitas pessoas iniciaram correntes de oração, pedindo pela saúde dela. Ela também precisou de doação de sangue e conseguimos, através de uma campanha. Diversas pessoas ajudaram – pessoas que eu nunca vi, mas que sou muito grato, porque amparou a minha mãe“, agradece Aarão. “Eu agora entendo que o nosso amor salvou a minha mãe, eu mudei minha vida completamente para cuidar dela e hoje ela é a minha melhor amiga. Muitos filhos deixam de falar com a mãe, acham isso careta, mal sabem que o amor de pai e mãe é o mais importante. Você não imagina a importância de ver o sorriso de uma pessoa que não deveria está aqui com a gente“, completa.

Eu tenho a oportunidade de sair com a minha mãe e fazer coisas que ela nunca imaginou que poderia. O que para a gente é normal, para ela é estranho e ela vive esse aprendizado, primeiro vem o espanto e depois a vontade de fazer. Foi um período muito doloroso e ela nunca desanimou. Minha mãe é uma mulher de apenas 56 anos e viveu tudo isso nos últimos dois anos, superando a dor e o sofrimento com o amor dos filhos e hoje enfrenta preconceito por ser cadeirante. Fica o aprendizado, que todo sofrimento por mais que seja grande, o amor dos filhos e dos familiares faz toda a diferença. Por mais que toda dor aconteça, a nossa sabedoria deve apontar o caminho através do carinho e amor que temos pelos ‘nossos’, que é o que realmente importa. Minha mãe segue lutando, cada dia mais forte“, encerra Aarão Campinho.

Dia das Mães: “O nosso amor é o que mantém minha mãe viva”

  1. Leticia campinho disse:

    Uma história de superação e fé! Mulher guerreira que nunca desistiu de lutar pela vida. Parabéns as filhos, parabéns Aarão pelo filho maravilhoso que está sendo para sua mãe.

  2. Rogéria Galvão disse:

    A alegria de ver cada batalha vencida. Parabéns para essa família guerreira.

  3. Aarão disse:

    Nunca irei esquecer, por te compartilhado nossa história, (Carlos Brito ) sou muito feliz pelo carinho e amor de todos os leitores, que poderam lê essa história linda.

    Muito obrigado

    1. Eliziane Teixeira disse:

      Vocês são uma família linda!!

  4. Henrique Teixeira braga disse:

    Parabéns aos filhos e ao esposo o sr odecio , vcs são guerreiros sou de Remanso BA também filho de Edilson Braga e hj meu pai encontra-se cadeirante também e eu ,meus irmãos e minha mãe cuidamos dele afinal o amor familiar é essencial para a recuperação dos nossos pais que por sinal são amigos antigos desde já um forte abraço a todos vcs saúde a todos!!!

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