Preocupado com o agravamento da pandemia de Covid-19 no país, o ex-senador Armando Monteiro Neto defendeu, em artigo publicado neste sábado (27) no Jornal do Commercio, algumas medidas urgentes que devem ser tomadas para minimizar os impactos sociais e econômicos dessa crise sanitária. Uma delas é o pagamento imediato do Auxílio Emergencial, que para ele “sequer deveria ter sido interrompido”. Outra medida é o apoio irrestrito às micro e pequenas empresas.
Confiram:
A maior crise sanitária de nossa história é também um momento de graves consequências econômicas e sociais para o Brasil. A carta aberta assinada recentemente por mais de 1,5 mil economistas e empresários brasileiros dá a medida das dificuldades que atravessamos.
Em Pernambuco, pesquisa da FIEPE detecta o ambiente de incertezas enfrentado também por quem empreende: 37,3% das empresas dizem que ainda vão ter queda de faturamento este ano e 48,5% ficarão estagnadas, enquanto apenas 14,2% acreditam em recuperação no curto prazo.
Além de acelerar a vacinação, o momento exige rigorosas ações de controle e restrições de atividades consideradas não essenciais. Tais medidas, embora necessárias, afetam ainda mais a retomada dos pequenos negócios no País que, segundo o SEBRAE, tiveram em fevereiro queda de 40% no faturamento médio, com 19% das micro e pequenas empresas demitindo no período.
Para minorarmos esse cenário, devemos trabalhar em três frentes. Primeiro, o pagamento imediato do auxílio emergencial, que sequer deveria ter sido interrompido, por ser a única renda com a qual a imensa parcela mais pobre e vulnerável da população poderá contar. O auxílio-emergencial é também um benefício que alavanca a demanda e movimenta os pequenos negócios. É de se reconhecer, porém, que o montante de R$ 44 bilhões aprovado pelo Congresso Nacional é insuficiente, dada a gravidade da pandemia e o ritmo lento de vacinação. Há de se encontrar espaço fiscal para sua ampliação.
Segundo, é necessária a reedição do programa de suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada, com a complementação de renda para trabalhadores formais. Assim, dá-se um fôlego para as micro e pequenas empresas, responsáveis por 52% dos empregos formais. Finalmente é preciso inaugurar uma nova fase do Pronampe. A extensão da carência e do prazo de pagamentos dos contratos no mínimo por 6 meses se faz necessária, além do aporte adicional de recursos no fundo garantidor que possibilitará empréstimos novos.
As empresas, e os empregos, também precisam sobreviver a este período crítico da crise sanitária, em especial os micro e pequenos negócios. Eles são como luzes na cidade, que não podem se apagar.
Armando Monteiro Neto/Ex-senador
Não entendo pq o cidadão está querendo aparecer tanto agora…
O ex-senador Armando Monteiro está coberto de razão.
De fato, com o agravamento da crise sanitária instalada, a demora no pagamento do Auxílio Emergencial poderá trazer consequências socioeconômicas drásticas para o país.
Senão, vejamos:
1 – QUESTÃO SOCIAL
O Brasil tem cerca de 13 milhões de pessoas na extrema pobreza (renda de R$ 151 por mês), e cerca de 52 milhões na pobreza (renda de R$ 436 por mês) [Fonte: IBGE – Divulgação: novembro/2020]
Para que se tenha uma ideia da importância do auxílio para essas pessoas, após o fim do auxílio em dezembro, em apenas um mês houve um aumento de 2 milhões de pobres no Brasil, segundo cálculos do professor Naercio Menezes Filho, coordenador da Cátedra Ruth Cardoso no Insper.
[https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/02/06/com-fim-do-auxilio-emergencial-brasil-tem-2-milhoes-de-novos-pobres-so-em-janeiro.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1 ]
Quanto mais o governo demorar para liberar o auxílio emergencial, estima-se que o número de brasileiros vivendo em pobreza extrema poderá chegar a 20 milhões ou mais de pessoas nos próximos meses (de acordo com o economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia – IBRE/FGV).
O aumento exponencial das populações em situação de extrema pobreza, agravaria ainda mais os problemas socioeconômicos, fazendo aumentar a fome, a miséria e as desigualdades sociais no país.
Daí a importância de que se libere o mais rápido possível o auxílio emergencial, como socorro necessário e inadiáel para milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, desempregadas, esfaimadas e desprovidas, cujo único sonho de consumo é ter um prato de comida na mesa.
2 – CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS
Nessa questão, o ex-senador também tem razão.
Não há dúvida de que este é um momento também muito difícil para a classe empresarial, sobretudo os setores de comércio e serviços.
A conta é simples: com a população em casa, não se vende muito; sem vendas de mercadorias, não tem receita, e sem receita, não tem como arcar com as despesas e sobreviver. Simples assim!
Para que se tenha uma ideia do problema, somente no período que vai do início da pandemia até julho de 2020, segundo o IBGE, 716.000 empresas fecharam as portas no Brasil devido ao novo coronavírus
[https://oglobo.globo.com/economia/mais-de-700-mil-empresas-que-fecharam-as-portas-nao-vao-reabrir-apos-fim-da-pandemia-4535458]
Com Biden, os EUA aprovaram pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão, sendo 440 bilhões de dólares destinados a salvar pequenas empresas atingidas pela pandemia. Diversos outros países também concederam ajuda financeira para garantir a sobrevivência de empresas impactadas com a crise gerada pleo coronavírus.
Nessa perspectiva, bastante lúcida a análise e sugestão do ex-senador Armando Monteiro, quando alerta para a necessidade urgente da “reedição do programa de suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada com a complementação de renda para trabalhadores formais” como medida de apoio relevante para as micro e pequenas empresas, nesses dias de grave crise econômica e social, causada pela pandemia que atinge o mundo inteiro e que, segundo a OMS, está longe de ter fim.