O economista Márcio Araújo decidiu escrever ao Blog para comentar o Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE) lançado ontem (3) pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, em Petrolina. Em artigo, o economista fala da falta de investimentos e lembra que toda a região precisa de mais atenção do governo federal para melhorar, principalmente, a infraestrutura de transportes. Acompanhem:
A visita do Ministro do Desenvolvimento ontem à Petrolina proporcionou o conhecimento de algumas interessantes ações que parece estar em curso no polo Juazeiro-Petrolina.
A despeito do Plano de incentivo às exportações apresentado por técnicos do Ministério (MDIC), em evento de forte conotação política, que objetiva alavancar as exportações principalmente as pernambucanas que deixam muito a desejar, algumas informações interessantes foram reveladas como a da firmação de um convênio entre o MDIC e a FACAPE para ações de capacitação de exportadores, e as revelações feitas pelo prefeito de Petrolina, sobre a articulação com o prefeito de Juazeiro na busca de recursos para a construção de um anel viário para as duas cidades.
Com mais de 500 mil habitantes e constituindo uma RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento Econômico), o polo Juazeiro-Petrolina carece de mais de atenção do governo federal no âmbito de melhorar a infraestrutura de transportes. Aliás no âmbito da própria RIDE, criada em 2001, vários eventos semelhantes discutiram e propuseram ações de intervenção em infraestrutura, como de transportes e mobilidade sem o êxito esperado. Há muita coisa documentada.
Dentre as ações propostas destaca-se a construção de duas novas pontes, uma a jusante (leste) e outra a montante (oeste) da atual, para facilitar o fluxo de um frota de veículos que não para de crescer e que deve ter triplicado nos últimos 20 anos. Essa proposta decorre do fato de que é simplesmente inadmissível um espaço econômico como este dispor de apenas uma ponte para ligar as duas cidades e não só, trata-se da ligação de dois Estados e mesmo boa parte do sudeste do Brasil com o Nordeste.
A título de comparação a sede do município de Campos de Goytacazes no Rio de Janeiro, com 480 mil habitantes, é cortada pelo rio Paraíba do Sul e conta com (pasme-se!) SEIS pontes que unem as duas margens. Em outro exemplo, cidades do Vale do Tennessee nos EUA, entre os Estados do Tennessee e Alabama, contam com quase uma dezena de pontes que ligam as duas margens. Deve-se recordar que foi o Vale do Tennessee que serviu de inspiração para os investimentos que foram feitos no Vale do São Francisco, com hidrelétricas e projetos de irrigação e a criação de organismos como CHESF e Codevasf.
De modo que é passada a hora de novos investimentos estruturantes entre Juazeiro e Petrolina, com a construção de equipamentos como no mínimo duas novas pontes, seja com recursos e administração pública, seja com parceria com a iniciativa privada, seja mediante concessão ou cobrança de pedágio. As construtoras de há muito perdem a oportunidade de apresentarem um projeto nesse sentido. As prefeituras e os governos estadual e federal também. Os ganhos para a região e para o país serão inestimáveis. Para a sociedade local então nem se fala.
Não se trata, portanto, de uma grande novidade, mas é alvissareira a notícia de que pelo menos alguma articulação nesse sentido está novamente sendo feita.
MÁRCIO ARAÚJO – Economista