Um workshop que será promovido na próxima segunda-feira (7) pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) está dando o que falar. Durante o evento, serão debatidos assuntos ligados à hidrovia no Rio São Francisco, mas num artigo enviado ao Blog, o ribeirinho Enio Silva, critica a não inclusão de discussões sobre projetos para revitalizar o Velho Chico.
Acompanhem:
Nos causa estranheza a notícia divulgada pela Codevasf, de que no dia 07 estará acontecendo um workshop na cidade de Petrolina, para debater a hidrovia no Rio São Francisco, o texto divulgado em momento algum fala de projetos de revitalização do rio. Gostaria de estar lá para perguntar ao sr. Elmo Vaz (presidente da Codevasf) em que rio ele quer navegar? Ou com qual embarcação?
Pois no rio São Francisco sem um projeto de revitalização e recuperação de todo o seu leito não existe possibilidade alguma de se retornar os grandes momentos da navegação do São Francisco. A navegação de pequenas embarcações já está comprometida. Outro dia navegando com uma pequena embarcação por diversas vezes encalhamos.
E a Codevasf tem imensas responsabilidades sobre tudo que vem acontecendo ao rio são Francisco, e para aumentar essa responsabilidade a presidente Dilma baixou decreto definindo a Codesvasf como operadora oficial do sistema de gestão do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF). O decreto presidencial número 8.207, de 14/03/14, publicado no Diário Oficial da União. Ou seja, a Codevasf agora é responsável por emitir o atestado de óbito do rio.
Sem os cuidados com os afluentes não há o que se pensar sobre a perenidade do rio, vários afluentes estão morrendo, a exemplo do Rio Salitre, em baixo do nariz da Codevasf, e nada foi feito para a recuperação e cuidados com o mesmo. E que hoje passa a ser confluente do rio, na perspectiva de atender ao agronegócio, enquanto a população bebe água de cisterna tratada com pastilhas de cloro. E sempre foi assim, a Codevasf têm objetivos e interesses claros com o agronegócio, e para eles que desenvolve os grandes projetos de irrigação, e vai ser para eles que irá administrar o malfadado projeto de transposição.
Em toda área de circunscrição da Codevasf ao longo do rio, as cidades tem lançado dejetos in-natura no rio, o que está causando a destruição do mesmo, assim como o desenvolvimento de projetos imobiliários nas suas margens. Mas o que faz a Codevasf com os seus gordos recursos? Os aplica em favor do agronegócio.
Ao longo do ano de 2013, em vários veículos de comunicação, inclusive no próprio site da Codevasf, foram divulgadas noticias acerca da soltura de alevinos pela Codevasf no rio São Francisco, duas perguntas que não querem calar: esses alevinos que foram soltos será que sobreviveram em meios a esgotos? Ou será mais uma obra de marketing da Codevasf?
As cidades de Juazeiro e Petrolina não tem os planos de saneamento básico e o municipal dos recursos hídricos, seria de bom alvitre que a Codevasf ao invés de fazer um mega evento sobre a hidrovia, cumprisse o seu dever institucional de cuidar do rio, as baronesas são sinais claros de poluição e destruição do rio.
Vale salientar que o evento também é obra e graça do Banco Mundial, organização mundial do capitalismo, que não tem interesses outros senão o lucro. Assim como a presença do Corpo de Engenheiros Americano explorando o leito do rio, fato já denunciado pelo Coletivo da Ilha do Fogo durante o ano 2012.
Por fim, as despesas com esse evento cínico e mentiroso deveriam ser descontadas no salário do presidente da Codevasf, ou ser acionado a Controladoria Geral de União e o Ministério Público para barrar essa farra com o dinheiro público.
Enio Silva da Costa – Ribeirinho