A ampliação dos atendimentos em pediatria foi destaque no relatório apresentado pela secretária estadual de saúde Zilda Cavalcanti. Ela fez a prestação de contas do primeiro quadrimestre do ano em audiência pública da Comissão de Saúde Alepe, nesta quarta (5).
Para atender a alta incidência de doenças respiratórias em crianças foram abertos 228 novos leitos hospitalares. A secretária também detalhou reforço na estrutura das UPAs, que ganharam 48 vagas de assistência ventilatória, novos profissionais, como médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, além de uma equipe volante para viabilizar o acesso venoso principalmente em crianças menores.
“No surto desse ano da pediatria, a gente observa que as crianças com menos de seis meses foram as mais atingidas, o que gera uma demanda ainda mais especializada. A gente sabe que, mesmo entre os pediatras, poucos são capacitados para atender crianças menores. Só pra que a gente entenda que esse ano a gente teve a imprevisibilidade dessa sazonalidade”, afirmou. No relatório constam ainda treinamento para atender bronquiolite e asma complicada e a composição de uma equipe especializada para teleinterconsulta 24h.
Outro destaque do documento foi a realização de 30 mil cirurgias eletivas, 6,2% a mais que no mesmo período do ano passado, parte delas em parceria com as prefeituras. Zilda Cavalcanti apontou dificuldades para firmar convênio com clínicas de hemodiálise: o tratamento de pacientes renais teve incremento de apenas 4% no período. A secretária defendeu reforçar a atenção básica não apenas para reduzir as hemodiálises, mas também melhorar a superlotação nos hospitais.
Já para ampliar a cobertura vacinal, foram listadas atividades em escolas, busca ativa e parceria com os municípios. Segundo o relatório, o investimento em saúde foi de R$ 1,7 bilhões, valor que representa 13,81% da receita de impostos do Estado.
Questionamentos
Representantes da sociedade civil presentes na audiência questionaram a falta de antirretrovirais para pacientes com HIV. O secretário-executivo Bruno Ishigami citou providências para melhorar a alimentação do sistema de dispensação de medicamentos que compartilha dados com o Ministério da Saúde para tentar evitar o problema. Disse também que o leite para recém-nascidos de mulheres com HIV está em fase de distribuição após uma compra emergencial realizada pela secretaria.
Sobre o reforço no atendimento da tuberculose, o secretário-executivo relatou que o Estado deve firmar um termo de cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e está buscando também outros parceiros no combate à doença, principalmente dentro das unidades prisionais onde a prevalência da tuberculose é 60 vezes maior que na população em geral.
A deputada Socorro Pimentel (UB) destacou avanços na interiorização da saúde. Simone Santana (PSB) considerou tempestivas as ações de enfrentamento às doenças virais e sugeriu que a secretaria apresente metas para avaliar a execução nos próximos relatórios. “Quanto seria previsível das cirurgias, consultas, todos os procedimentos, seria importante ter essa meta, porque está aumentando o número e a gente não sabe quanto isso está dentro da nossa capacidade”, afirmou.
A audiência pública foi presidida pelo deputado Adalto Santos (PP). Participaram também representantes do Conselho Estadual de Saúde, Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Contestação
Após a apresentação, Zilda Cavalcanti rebateu a informação que circulou entre alguns deputados estaduais e repercutiu em veículos de imprensa de que teria havido redução de R$ 1,2 bilhão na assistência hospitalar no ano passado. Segundo ela, o que houve foi apenas uma realocação dos gastos com folha de pagamento dentro da planilha da secretaria. A gestora reforçou, ainda, que os investimentos em saúde em 2023 receberam incremento de R$ 175 milhões de reais em relação ao ano de 2022. As informações são da assessoria da Alepe.
