Um grupo de mulheres da comunidade de Esfomeado II, na zona rural de Curaçá, Norte da Bahia, tem demostrando que com coragem, determinação e muita luta é possível produzir e potencializar diversas riquezas presentes no semiárido nordestino. Há aproximadamente dois meses, oito delas vêm trabalhando com o beneficiamento da mandioca, na produção de sequilhos – ideia estimulada por Paulo César, colaborador do IRPAA (Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada).
Antes de começar a produção, as empreendedoras foram ver de perto uma experiência de Maruá, em Uauá (também no norte do estado), e retornaram do intercâmbio dispostas a investir na produção de sequilhos.
Para iniciar o empreendimento, o grupo recebeu orientação de como beneficiar a mandioca. Cíntia Graziela dos Santos conta que os primeiros sequilhos, mesmo no período de teste, já foram comprados pelos vizinhos. “Quando a gente pensava que estava treinando, já estava era vendendo”, comemora.
Toda a matéria-prima para produzir os sequilhos está sendo comprada principalmente de associações, com a ideia de fortalecer outras iniciativas de desenvolvimento coletivo da região. Porém elas pretendem cultivar algumas dessas matérias – a exemplo da mandioca, que foi plantada na propriedade de Ana Paula Borges.
No momento elas confeccionam sequilhos de diversos sabores, como o de erva-doce, limão, laranja, coco e o tradicional. Cíntia explica que o grupo está ampliando ainda mais a variedade e investindo na criatividade do design dos biscoitos para agradar os clientes.
O grupo fala com orgulho da fábrica que está na fase final da construção, lugar destinado para produzir os biscoitos. Enquanto o espaço não fica pronto os produtos são produzidos na casa de uma das empreendedoras, para responder à procura dos sequilhos pela comunidade. O sequilho já é comercializado em mercados de Pinhões, Esfomeado e pretende expandir para mercados de Pilar, Poço de Fora entre outros.
Mercados
Elas também demostram o desejo de conquistar outros mercados, através de políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Outra ideia é que o grupo se torne uma associação. Até sigla já foi criada, a AMAF (Associação de Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado II).O empreendimento pretende ajudar no orçamento das famílias do grupo. Esse não foi o único motivo para iniciar o projeto. De acordo com Cristina Ribeiro, existe também o lado social da iniciativa.
“Foi pensando como ato social, de incentivo dentro da própria comunidade, incentivando aquilo que a comunidade é capaz de fazer, de produzir e a partir das mulheres” explica Cristina. A autoestima e a valorização do papel da mulher também serviram de combustível para a formação do grupo. “Pensarmos nas mulheres para dar certa autonomia e tirar aquele caráter de que mulher é só para cuidar de casa, dos filhos, do marido, e não ter uma atividade além disso”, finaliza. Com informações da assessoria do IRPAA.