Em Davos, Bolsonaro afirma que seu governo quer compatibilizar preservação ambiental com privatizações

por Carlos Britto // 22 de janeiro de 2019 às 13:30

Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

Em sua estreia em eventos internacionais, o presidente Jair Bolsonaro discursou nesta terça-feira (22) na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Em meio ao discurso de oito minutos, Bolsonaro afirmou aos líderes mundiais que o governo dele quer compatibilizar preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico.

Diante das desconfianças internacionais em relação à política do governo Bolsonaro para a preservação ambiental, o presidente brasileiro disse na abertura do fórum que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente.

Na tentativa de rebater críticas contra mudanças que implementou na estrutura de preservação ambiental do governo, ele citou estatísticas para demonstrar aos líderes do planeta que o agronegócio não estaria avançando sobre áreas de preservação ambiental, como as florestas. Segundo ele, a agricultura ocupa apenas 9% do território brasileiro, e a pecuário, menos de 20%.

Nossa missão é avançar na compatibilização da preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico”, discursou.

Hoje, 30% do Brasil são florestas. Então, nós damos, sim, exemplo para o mundo. O que pudermos aperfeiçoar, o faremos. Nós pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação do meio-ambiente“, complementou o presidente.

Bolsonaro foi o primeiro chefe de Estado da América Latina a discursar na abertura do fórum. Cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de outros países compareceram ao evento, porém, a edição deste ano tem ausências importantes.

Em outro trecho do discurso, Jair Bolsonaro afirmou à plateia do fórum que assumiu a Presidência da República com uma “profunda crise ética, moral e econômica“. Após dizer que não aceitou pressões políticas para montar seu ministério, o presidente apresentou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como “homem certo” para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.

Reformas

Depois de se apresentar aos líderes mundiais na abertura do discurso, Bolsonaro afirmou que tem “credibilidade” para realizar as reformas que o Brasil precisa e que o “mundo espera“, sem especificar quais seriam as mudanças estruturais que pretende propor ao longo do mandato.

Ao final do pronunciamento, ao responder perguntas do fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, Bolsonaro mencionou a intenção de realizar as reformas previdenciária e tributária.

Pretendemos diminuir o tamanho do Estado, realizar reformas, por exemplo, como a da Previdência e tributária, queremos tirar o peso do Estado de cima de quem produz, de quem empreende“, afirmou Bolsonaro.

O presidente destacou ainda que pretende investir em educação e repetiu, mais uma vez, que deseja tirar o “viés ideológico” dos negócios realizados com outros países, “visando ao comércio com aqueles que comungam com práticas semelhantes à nossa“.

Ele ainda defendeu uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais“, disse no discurso.

Ausências

O encontro deve contar com apenas três líderes do G7 (grupo formado pelos sete países mais industrializados do mundo): o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Giuseppe Conte. Líderes mundiais poderosos, como os presidentes Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Vladimir Putin (Rússia) e os primeiros-ministros Theresa May (Reino Unido) e Ram Nath Kovind (Índia), não foram aos alpes suíços para o encontro econômico. (Fonte: G1-Brasília)

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