O vereador de Petrolina, José Batista da Gama, escreveu definitivamente sua história nos anais da Casa Plínio Amorim com um discurso realizado na sessão plenária desta terça-feira (8). Licenciado do Poder Legislativo Municipal, ele solicitou da presidência da Mesa Diretora um breve espaço para apresentar um balanço do trabalho que realizou ao longo de cinco mandatos. Mas se fosse apenas isso, não seria Zé Batista. Além de explanar sobre suas ações, o vereador deixou um duro recado aos adversários que duvidavam que conseguiria transferir votos para seu filho, Wenderson Batista ‘Pé de Galo’ (DEM). Eleito com 3.011 votos, Pé de Galo ficou entre os 10 mais bem votados

Diante da presença do prefeito reeleito Miguel Coelho (MDB) e do vice eleito Simão Durando Filho (DEM), Zé Batista desabafou ao seu velho estilo.

“Petrolina tem muitos cientistas políticos, que se dizem conhecedores dos meandros da política. Aqui nesta Casa é o que mais tem. Ouvi muitas chacotas, muitas piadas, que meu filho não passava de mil votos. Que eu não transferia votos porque tinha sido o último mais votado na última eleição. Peguem os relatórios de votação de todas as eleições e vejam em que lugar sempre fiquei. Nunca fiquei em primeiro, mas já fiquei do décimo ao segundo (lugar). Chupem, que é de uva”, afirmou, referindo-se à boa votação do filho.

Zé Batista disse que o êxito da campanha de Pé de Galo deve-se ao fato dele e do filho terem trabalho “calados feito mineiros”. “Não entramos em confronto com ninguém. Montamos nossa própria estratégia. Um ia para um canto, e o outro para outro canto. À vezes íamos para o mesmo canto, e onde passávamos tinha depoimento a nosso favor. Foi a eleição do tostão contra o milhão. A nossa família fechou 90%. Os amigos chegaram junto e dobramos os votos no interior, e aí está. Para os céticos, os sabichões da política, fica uma grande lição: não preguem a desarmonia, não falem baboseiras, não julguem ninguém e não desfaçam da seriedade e capacidade dos outros, respeitem o espaço alheio. Tem muita gente que acha que o bom é ser importante, mas o importante é ser feliz”, desabafou.

Secretaria

Zé Batista também não isentou alguns colegas da Casa de suas críticas. Ele disse que à época em que foi nomeado por Miguel Coelho para ser secretário da extinta pasta de Desenvolvimento Econômico e Rural, pagou um preço alto por ser “autêntico, honesto, ético e de caráter”. Ele lembrou que seu trabalho à frente da pasta rendeu ciúmes de aliados, que alegavam que estaria usando a máquina para pedir votos ao filho. Acabou exonerado pelo prefeito, mas antes de retornar à Casa Plínio Amorim, foi convidado para assumir um cargo de assessor especial na gestão de Miguel. “Como um aliado leal, não pestanejei. Aceitei o novo desafio, porque quem tem espírito de equipe às vezes tem que dar um passo atrás para ganhar dois na frente”.

Zé Batista citou também alguns projetos relevantes de sua autoria, a exemplo da primeira lei municipal do país de amparo aos portadores de fibromialgia, uma outra que autoriza o Executivo Municipal a incluir o suco de uva integral na merenda escolar de alunos da rede municipal, além da implantação de hortas comunitárias em vários bairros, que iniciou ainda na década de 90. O vereador disse ainda que deixa um projeto referente à arborização da cidade, já discutido em audiência pública, que deverá ser tocado pelo filho Wenderson. Sobre seu herdeiro político, aliás, Zé Batista disse não ter dúvidas de que ele continuará seu trabalho “porque tem a mesma pegada”.

Foto: Jean Brito/CMP divulgação