O pré-candidato da Frente Popular, Danilo Cabral (PSB), vem correndo trecho por todo o Estado acompanhando o atual gestor, Paulo Câmara (PSB), com o Plano Retomada. Paulo, que chegou ontem (14) ao Sertão Central para o anúncio de ordens de serviço e uma série de inaugurações de obras em Salgueiro. Nesta quarta-feira (15) é a vez do Sertão do São Francisco, onde Paulo cumpre agenda em Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande com esse mesmo intuito.

Na maior cidade do Sertão, a visita não será apenas administrativa. O governador e o pré-candidato também estarão logo mais, às 16h, no Centro de Cultura Dom Bosco, área central da cidade, juntamente com lideranças locais do PSB e PT, que formaram uma nova aliança para as eleições deste ano, com a Caravana ‘Vamos Juntos Pernambuco’.

Em entrevista ao Blog na manhã de hoje, Danilo evocou as figuras dos ex-governadores Miguel Arraes e Eduardo Campos ao argumentar que entrará na disputa estadual ouvindo os pernambucanos – como sempre fez enquanto secretário estadual e deputado federal. “Mais do que nunca, é importante estabelecer essa escuta. A gente está vivendo as consequências de um dos períodos mais difíceis da história do nosso país, com esse conjunto de crises que se abate sobre o povo brasileiro, e Pernambuco faz parte disso, e é importante nesses momentos desafiadores compartilharmos essa escuta para escolhermos os melhores caminhos”, ponderou.

Perguntado sobre o que teria de apresentar de novo para o Estado, uma vez que a gestão socialista vai completar 16 anos no poder, Danilo explicou que muitas ações foram feitas, mas se debruçou na educação – área em que atuou como secretário no primeiro Governo Eduardo Campos. “A gente tinha uma das piores redes de ensino do Brasil. Nós éramos 21º lugar no ranking no Ideb, que afere a qualidade de ensino nos Estados. A gente tinha escola que não tinha farda, merenda, livro didático. Não tinha escola em tempo integral para todos. Hoje essa é uma realidade completamente diferente. A educação de Pernambuco hoje é uma referência para o Brasil”, afirmou, reforçando a interiorização do desenvolvimento econômico.

Compesa

O pré-candidato socialista não se esquivou ao ser indagado sobre demandas reivindicadas há muito tempo pelos sertanejos e saíram do papel somente na reta final do Governo Paulo Câmara. Um exemplo é a pavimentação de rodovias estaduais – entre elas as de acesso aos núcleos irrigados de Petrolina e de Santa Maria. Segundo Danilo, essas obras estão chegando “no tempo certo porque o governo do Estado fez o dever de casa” diante das sucessivas crises, incluindo a pandemia de Covid-19.

Quanto ao setor de abastecimento d’água, Danilo deixou claro seu posicionamento contrário ao do adversário Miguel Coelho (UB), que pretende privatizar a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Para o socialista, é importante que esta continue sendo uma empresa pública, citando a privatização da Eletrobras, que gere a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), como uma decisão a não ser seguida.

“Vender a Chesf e o São Francisco é você entregar a caixa d’água do Nordeste para que o empresário faça uso dessa água não mais sob a ótica do interesse social, e sim do interesse do lucro. Com a Compesa é a mesma coisa. Entregar a Compesa é você entregar a responsabilidade da política de abastecimento no nosso Estado à orientação do lucro, e não do interesse social”, pontuou.

Danilo disse não ser contra parcerias no setor, como a PPP da Compesa para investir na rede de saneamento básico do Grande Recife. No entanto, sua proposta passa pela transposição do São Francisco e a série de adutoras implementadas pelo Estado. O socialista explicou que a questão, agora, é fazer a água chegar mais rápido às torneiras dos pernambucanos. Por isso pretende criar um “pacto pela água”. “Assim como fizemos na educação, iremos estabelecer um planejamento, um conjunto de indicadores, de metas, de resultados, de responsabilidades, para que possamos reduzir o rodízio na casa das pessoas, melhorar a qualidade da água e reduzir as perdas da água, porque a gente perde muita água entre o armazenamento até a chegada às casas das pessoas. Precisamos reduzir esse percentual, e quem vai coordenar isso pessoalmente serei eu, como governador de Pernambuco”, assegurou, acrescentando que está será uma prioridade.

Lula

No cenário político, o pré-candidato vem disputando internamente com outra adversária, Marília Arraes (SD), o direito de colar a imagem ao pré-candidato a presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O líder petista, inclusive, adiou mais uma vez sua vinda ao Estado.

Danilo, no entanto, minimizou a questão. Segundo ele, essa nova parceria com o PSB não se trata de um “ajuntamento político”, e sim de uma “aliança consolidada”. Ele aproveitou para reforçar que esse é um projeto estratégico para barrar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o qual considera um dos piores presidentes da história do país, “que ataca a democracia, as instituições e a imprensa”.

Ele avalia que o seu partido é o principal fiador dessa frente, cabendo à legenda à indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin como vice de Lula. “Essa é uma aliança estratégica, não é uma aliança de conveniência. Essa unidade que nós construímos tem também em Pernambuco, sob a Frente Popular, esse mesmo símbolo. Não vou ficar discutindo narrativas. Não sou eu quem está dizendo isso, nem a candidata Marília. O próprio presidente Lula é quem já disse que em Pernambuco nós seremos o candidato a governador indicado por ele para que a gente possa consolidar essas transformações pela aliança não só com o PT, mas com outros partidos políticos”, concluiu.