Energia eólica não é tão limpa, assim como os parques eólicos não geram tantos empregos como se propaga. Estes são alguns pontos de discussão do Encontro de Impactados pelas Eólicas, que começou ontem (13) e se encerra nesta sexta-feira (14) em Juazeiro. O evento recebeu cerca de 40 pessoas, sobretudo agricultores de comunidades rurais onde já existem ou que podem receber parques eólicos, em diferentes municípios do Norte baiano.
A atividade é uma promoção da Comissão Pastoral da Terra em parceria com a Misereor. Sobre os problemas sociais causados pela instalação dos grandes aerogeradores, houve relato até de casos de pedofilia envolvendo funcionários de empresas construtoras dos parques e meninas de comunidades rurais. “Um funcionário chegou a dar em cima da minha filha de 12 anos”, conta Maria de Fátima, da comunidade Cabeceira do Brejo, em Bonito.
Especialista em energias renováveis, o professor Heitor Scalambrini da Universidade Federal de Pernambuco relativizou a geração de empregos divulgada pelas empresas do setor. “A construção de um parque eólico dura em média oito meses. Depois disso, ficam apenas poucos técnicos de manutenção, a maioria dos trabalhadores é dispensada. A ideia sempre é maximizar os lucros de quem investe na construção dos parques, como fundos de investimento ou megaempresários”, ressaltou.
No primeiro dia do encontro, os participantes visitaram os condomínios do Programa ‘Minha Casa Minha Vida’, em Juazeiro, que produzem energia com placas solares e pequenos aerogeradores. A intenção é que todo sistema, após um período de testes, seja administrado pelos condôminos. Frente aos impactos sociais, econômicos e ambientais provocados por parques eólicos, a pauta do segundo dia abordará formas de articulação entre comunidades e parceiros, para se contrapor ao modelo de geração de energia meramente empresarial vigente na região. As informações são da assessoria. (foto/divulgação)