Éramos assim…

por Carlos Britto // 05 de julho de 2022 às 22:16

O Éramos assim de hoje tem a colaboração de Yolande Caffé Lima, que relata sua história em Petrolina e relembra de um dos fatos mais marcantes de sua vida:

Ainda um menino, aos 14 anos gostava de notícias e entendia que o mundo tinha mais qualidade quando as informações chegavam fresquinhas às mãos dos seus conterrâneos, filhos do Interior, que por nascimento eram chamados de matutos. Não era prudente que ficassem na ignorância, pois suas opiniões precisavam de eco, reflexo, multiplicação.

E foi com esse pensamento que Joãozinho criou o Correio da Infância, pequeno como a sua estatura, mas grande no ideal e pujança. Uma página com duas colunas não era um manual de brincadeiras nem regras de “par ou ímpar”; era muito melhor, pois retratava, com fotos e datas, o que se passava em Petrolina, no Brasil e no mundo.

O seu melhor presente não foi uma bicicleta e nem uma máquina de datilografar, mas uma impressora manual “planter jober” que seu irmão, José Mariano Gomes, o presenteou. Ela lhe deu asas e possibilitou a criação do jornal O Pharol, que começou a circular no dia 10 de setembro de 1915 e, por um caminho próprio, fez história em Petrolina.

O jornal cresceu e as informações se multiplicaram. Eram notícias que faziam chorar, sorrir, refletir e se emocionar. Escrevia à luz de vela para que seus leitores acordassem com os acontecimentos à sua porta. E nas rodadas de conversas as notícias criavam formas, já que eram de composição e oposição: política, religião e futebol sempre geram discussões.

Joãozinho não deixava passar nada despercebido. Qualquer fagulha de efervescência já era motivo para uma apuração, obedecendo sempre um critério de importância.

A construção da Catedral foi retratada com muita alegria: tanta beleza deixava todos orgulhosos e motivados a rezar; A ponte Presidente Dutra gerou burburinho: o progresso criava braços e pernas e encurtava distâncias; os jogos do América e Caiano eram os que mais causavam rebuliço: todos queriam defender o seu time; as notícias da Segunda Guerra mundial espalhavam medo e comoção; ”Diretas já” dos caras pintadas chegou com a vontade de mudança: tanto desmando não agradava a ninguém.

E foi assim, com coragem e simplicidade, que Joãozinho criou fama. A paixão pelo que fazia lhe rendeu muitas homenagens! Uma delas foi a medalha de Mérito Cultural Oliveira Lima, no ano de 1985. Debruçado sobre os papéis, espalhou aos quatro cantos seu grito de liberdade e compartilhou, aos goles, a água do conhecimento.

E hoje os seus arquivos servem de pesquisas para aqueles que estudam a história de Petrolina. João Ferreira Gomes, filho de Mariano Ferreira Gomes e Maria Nunes Gomes, nasceu no dia 11 de julho de 1901, na cidade de Petrolina-PE, e morreu aos 91 anos, longe do seu torrão natal.

A flor do sertão encontrou terreno fértil e suas sementes brotaram em um lindo jardim que costumamos chamar de “Terra dos impossíveis”.

Pesquisa feita no site: http://multicienciaonline.blogspot.com.br/…/o-pharol….

Éramos assim…

  1. otavio disse:

    Só uma correção, o maior clássico de Petrolina era Palmeiras e América, desde quando os jogos eram disputados no campo do Colégio D. Bosco. Depois veio a Associação Rural COM O MESMO CLÁSSICO. Só depois é que veio o Caiano, mas o Palmeiras sempre foi um Clássico com qualquer time.

  2. Francesco disse:

    A Prefeitura poderia propor a família o traslado do restos mortais de Joãozinho para ser enterrado na cidade que nasceu e que sempre amou.

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