Os problemas de falta de água e esgotamento em Petrolina são lugar comum nas reclamações em toda a imprensa cidade. O Blog foi conversar com o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento, engenheiro Roberto Tavares, para entender um pouco mais dessa problemática.

O resultado vocês conferem na entrevista a seguir:

Quando as obras de melhoria do esgotamento sanitário irão começar efetivamente?

Na última quarta-feira, assinamos em Brasília, juntamente com o governador Eduardo Campos e com o ministro Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional, a autorização para licitar as obras. O edital foi publicado na quinta (16). Assim como o povo de Petrolina, temos pressa em realizar esta obra porque queremos que o município sirva de modelo para que possamos repetir o feito em todas as cidades pernambucanas. O déficit de saneamento no Brasil é muito grande, mas Petrolina será a primeira cidade 100% saneada de Pernambuco. A previsão é que as obras sejam iniciadas em novembro deste ano e concluídas até outubro de 2013.

Será mais fácil para a Compesa fazer as manutenções no sistema de esgoto, a partir da aplicação desses recursos. Afinal, todo esgoto de Petrolina passa a ser de responsabilidade da Compesa?

Com essas obras todo o sistema de saneamento da cidade será reorganizado. Hoje, temos muitas dificuldades para fazer as manutenções, porque em vários locais do município a prefeitura recebeu recursos do governo federal para executar as obras e não conseguiu concluir. Nossa obra contemplará a recuperação do sistema e implantação de novas redes e coletores onde ainda não existe. Só não iremos fazer os bairros de Dom Avelar e Antônio Cassimiro, que estão sob a responsabilidade da prefeitura, que tem dois contratos diretamente com o Ministério das Cidades. Quando a prefeitura fizer esses dois bairros todo o esgotamento sanitário de Petrolina será de responsabilidade da Compesa.

Já existem estações de tratamento quase prontas, que foram iniciadas e abandonadas em Petrolina. Por isso a cidade joga esgoto no rio. Com esse fato novo o problema acaba?

A não conclusão dessas obras gerou um grave problema para a Compesa na cidade. As obras que faremos irão recuperar as unidades não concluídas, especialmente na bacia centro, para evitar o despejo no Rio São Francisco. Nessas obras iremos implantar mais de 34 quilômetros de rede coletora de esgoto, além da recuperação de 22 km de coletores já existentes. Serão construídas ainda oito novas estações elevatórias, além vários emissários. A ETE Centro, uma da sobras iniciadas pela prefeitura da cidade, será concluída.

Quando?

A obra completa durará dois anos, mas iremos priorizar a bacia centro para concluir as obras que estão paralisadas.

Existem previsões de investimentos a serem feitos também para melhorar o abastecimento no município?

Sim. Além dos R$ 30 milhões que foram investidos no período de 2007/2010, estamos trabalhando também para aumentar a oferta de água e de reservação em Petrolina. Já temos R$ 55 milhões aprovados para investimentos oriundos do PAC II. O dinheiro será usado para a construção de um novo sistema de captação de água na cidade e também para ampliação da rede de distribuição e novos reservatórios. O projeto já está pronto e a Compesa espera a aprovação final da Caixa para publicar o edital de licitação. Ainda neste ano iniciaremos essas obras.

Quando a cidade vai deixar de reclamar a falta d’água? Existe um prazo limite em que a Compesa vai poder dizer que os problemas todos foram resolvidos?

Neste mês as reclamações são decorrentes dos serviços de interligação da rede antiga com a nova, resultante da obra de troca de tubulação que fizemos. Muitos bairros já foram beneficiados, mas Petrolina cresce numa proporção muito maior que a média nacional. Com o novo investimento, de mais de R$ 55 milhões, o problema da falta d’ água em Petrolina será definitivamente resolvido, pois além de trocar mais tubulação antiga, faremos uma nova estação de tratamento e multiplicaremos por cinco a capacidade de reservar água para os horários de pico. Inclusive porque o projeto leva em consideração o crescimento da cidade nos próximos 20 anos. Portanto, já estamos pensando na Petrolina do futuro, com todo o seu potencial de crescimento. Teremos um sistema eficiente para atender às demandas do município nas próximas duas décadas. Até o fim do ano pretendemos concluir o processo licitatório desta obra, que deverá levar pouco mais de dois anos para ficar pronta.

O ministro Fernando Bezerra disse que o projeto é universalizar os serviços de todas as cidades da margem do Rio. Tem alguma novidade sobre o assunto?

Tivemos uma reunião muito produtiva com o ministro e com a Codevasf. Teremos uma aproximação maior entre os técnicos da Compesa e da Codevasf para recebermos os sistemas de diversos municípios que estão sendo construídos pela Codevasf. Além disso faremos outras parcerias para que a própria Compesa possa ajudar a acelerar as obras em outros municípios sertanejos.

A Compesa vai assumir a entrega da água aos projetos irrigados?

Sim, também está no escopo do nosso convênio fazer os projetos de abastecimento d’água e esgotamento sanitário das agrovilas, onde a população tem água para irrigar, mas não serve para beber, pois nunca tiveram direito ao tratamento. Já iniciamos os serviços do C-1 e no N-11. Agora expandiremos paulatinamente para os demais.