A crise hídrica provocada pela constante falta d’água em Petrolina acabou tomando um inevitável contorno político na Câmara Municipal de Vereadores. O assunto gerou embates na sessão plenária de ontem (10), na Casa Plínio Amorim, municiando os discursos de governistas e oposicionistas.
Um dos mais indignados, o vereador Wenderson Batista ‘Pé de Galo’ (UB) afirmou que a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) – concessionária responsável pelo serviço – está até mesmo desrespeitando o Poder Judiciário. Pé de Galo referiu-se ao seu requerimento (551/23) apresentado ontem, pelo qual pede à Compesa, em caráter de urgência, que restabeleça o abastecimento na comunidade do Assentamento Lyndolpho Silva, próximo ao povoado de Pau Ferro, Zona Rural de Petrolina.
O vereador revelou que a 5ª Vara Cível local já havia condenado a Compesa, em 2021, a retomar o fornecimento d’água naquela comunidade, por meio de encanamento ou de carro pipa semanal, sob pena de multa diária de R$ 300,00. A decisão é transitada e julgada, ou seja: não cabe mais recurso. Pé de Galo acrescentou ainda que, tanto as comunidades rurais quanto a população da área urbana, são vítimas desse descaso. “Não justifica mais essa empresa aqui em Petrolina”, desabafou.
Outro governista, Gilberto Melo (UB), também provocou controvérsia com seu requerimento (543/23) ao cobrar da governadora Raquel Lyra a destinação de carros-pipas na zona rural do município. Segundo ele, o município e o governo federal estão fazendo sua parte nesse sentido, mas o Estado até o momento, não. Líder da bancada, Diogo Hoffmann (PSC) pediu para subscrever o requerimento.
A resposta da oposição veio de Alex de Jesus (Republicanos). Ele fez uma ressalva ao pedido de Gilberto, acrescentando que “ficar só jogando responsabilidade nas costas da governadora” é fácil. Gilberto, no entanto, rebateu o colega de Legislativo ao assegurar que a prefeitura tem carro-pipa abastecendo a zona rural.
Mais cutucadas
As discussões políticas não pararam por aí. Ao comentar a recente agenda que cumpriu no Recife, onde visitou vários órgãos do governo estadual, o oposicionista Ronaldo Silva (PSDB) justificou ter levado as demandas emergenciais da população de Petrolina. Mas esse papel, segundo ele, quem deveria fazer era o deputado que trocou a Assembleia Legislativa (Alepe) por um cargo na Prefeitura do Recife – sem citar o nome do deputado Antonio Coelho (UB). Ronaldo ainda lamentou que o grupo que hoje critica a Compesa já poderia ter resolvido essa questão há mais tempo, quando era aliado do governo do Estado.
Aliado do grupo do ex-senador Fernando Bezerra Coelho, o presidente da Mesa Diretora, vereador Aero Cruz (MDB), não gostou nem um pouco do comentário de Ronaldo sobre Antonio Coelho, e saiu em defesa do parlamentar. “Se tem um deputado estadual com serviço prestado em Petrolina, é o deputado Antonio Coelho. É o deputado que mais colocou emenda nessa cidade, que mais dinheiro colocou nessa cidade. E o dinheiro que ele colocou foi para cisternas, para melhoria no abastecimento d’água, para estradas a quem mais precisa”, declarou.
Aero disse ainda que Antonio Coelho, ao aceitar o convite para ser secretário de Turismo do Recife, deixou claro ao prefeito João Campos que não deixaria suas bases em Pernambuco. “Esse reconhecimento Petrolina deu a Antonio porque ele foi o deputado mais votado. Saiu de 45 mil para quase 100 mil votos. Isso e reconhecer o serviço prestado”, argumentou. Aero lembrou ainda que o Governo Raquel Lyra tem representantes de Petrolina, em especial Guilherme Coelho (PSDB) e Dulci Amorim (PT), que têm a missão de interceder pelo município e serem cobrados por isso.