A quantidade de chuva que caiu nos nove primeiros meses de 2016 representa o pior cenário registrado em 85 anos na bacia do Rio São Francisco, que abastece o Reservatório do Sobradinho, principal do Nordeste, e que está localizado na região norte da Bahia. A afirmação é do diretor de operações da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), João Henrique Franklin.
“Essa é a grande caixa d’água que tem no Nordeste“, diz ele, resumindo a importância do reservatório, que tem previsão de chegar a zero o volume útil até o final de 2016. Atualmente, este índice está em torno de 12%.
Ainda assim, Franklin afirma que não há risco de desabastecimento de energia elétrica, já que os estados do Nordeste dispõem de outras fontes de energia: eólica, térmica, além das linhas de transmissão, que “carregam” a energia produzida em outras regiões. Apesar da destacada importância de Sobradinho, sua capacidade de geração de energia elétrica está em aproximadamente um sexto da capacidade total. Isso porque no reservatório existem seis unidades geradoras, cada uma com capacidade de 175 megawats, o que totaliza 1.050. No entanto, 170 megawats é o que está sendo gerado de energia no Sobradinho atualmente, aponta o diretor de operações.
Antes do agravamento este ano, desde 2013, a seca já era considerada muito severa na Bacia do São Francisco. Ainda para 2016, há a esperança de que a partir do mês de novembro, até maio, conhecido como ‘período úmido’, traga mais chuva e a melhora no nível do Sobradinho. Entretanto, ao lado do otimismo mora o temor de que a chuva não chegue. Atualmente, a quantidade de chuva é de aproximadamente “um terço da normalidade“, aponta Franklin.
Diante do cenário de esvaziamento, o governo encaminhou à Casa Civil, para análise, um pedido da Chesf para reduzir a vazão de água de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 700 m³/s. “É uma medida de guardar mais água no reservatório“, explica.
Redução da vazão
O pedido de redução, no entanto, enfrenta resistência de órgãos ambientais como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e de companhias estaduais de água. Franklin explica que a diminuição progressiva do nível do Sobradinho ocorre porque a vazão de saída (800 m³/s), é a metade da água que chega, cujo volume é de 400 m³/s. Sobre a previsão do nível chamado de “volume morto“, ele detalha que quando a situação ocorre ainda há água no reservatório, mas em um nível mínimo para a geração de energia.
Segundo informou no último dia 14 o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que monitora a situação dos reservatórios que atendem às hidrelétricas brasileiras, apontou que se o volume de chuvas de 2017 for o mesmo de 2016 e a vazão de água de Sobradinho for mantida, a represa pode chegar no final de 2017 com volume negativo em 15%, ou seja, abaixo do volume morto.
No Estado da Bahia, os reservatórios de acumulação para geração de energia elétrica operados pela Chesf são Sobradinho, localizado na Bacia do Rio São Francisco, e Pedra, localizado na Bacia do Rio de Contas – com grande destaque para Sobradinho, cujo volume útil total é de 28.669,00 hm3, enquanto o segundo é 1.305,00 hm3 (este em aferição feita no dia 12 de setembro estava com 44% do seu volume útil). (fonte: G1-BA/foto: reprodução)
Se não reduzir a vazão para 700 m³/s a barragem vai secar mais rápido. Por mim seria uma boa ideia reduzir a vazão para 600 m³/s já que só chega 400 m³/s. Será que o Ibama não vê isso?????
E uma coisa que eu não entendi “vazão de saída (800 m³/s), é a metade da água que chega, cujo volume é de 400 m³/s” pra mim 800 é o dobro de 400, ou eu que entendi muito mal.