Os brasileiros gastaram US$ 22,2 bilhões no exterior em todo o ano passado, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (23) – valor que representa novo recorde histórico. A série da autoridade monetária para este indicador tem início em 1947.
Em 2011, recorde anterior, as despesas de brasileiros lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões. Deste modo, o crescimento, de 2011 para 2012, foi de 4,5%.
O aumento dos gastos no exterior está relacionado, segundo economistas, com a continuidade do crescimento do emprego e da renda no Brasil, mesmo com um ritmo menor de crescimento da economia brasileira. Para 2012, a previsão dos economistas dos bancos para o crescimento do PIB está em torno de 1% – abaixo dos 2,7% registrados em 2011 e dos 7,5% de 2010.
“A massa salarial real tem crescido em torno de 6%, tanto pelo aumento do salário quanto pelo aumento do emprego. Isso motiva gastos com viagens. Boa parte destes destinos são países com conjuntura econômica fragilizada. Abre-se a oportunidade de preços melhores em países europeus e também na economia americana (EUA). A participação de cartão de crédito caiu de cerca de 60% em 2011 para 55% em 2012. Naturalmente, a incidência de IOF (com alíquota maior, instituído em 2012) tem influência”, avaliou o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Os dados do BC também mostram que a alta do dólar, fator que encarece passagens e viagens ao exterior, entre elas com cartão de crédito, não tem impedido os brasileiros de gastarem mais lá fora.
Alta do dólar
No início de 2012, o dólar estava sendo negociado a R$ 1,86, passando para o patamar de R$ 1,90 em maio e acima de R$ 2 em junho. Permaneceu na faixa de R$ 2,03 a R$ 2,04 entre agosto e novembro, mas em dezembro avançou para um patamar acima de R$ 2,10. No fim do ano, porém, fechou em R$ 2,04. Todos os valores têm por base a Ptax (cotação média do dia) do BC.
A expectativa de analistas do mercado financeiro é que o dólar continue acima de R$ 2 neste ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já informou que este valor seria o piso. Entretanto, também não esperam que suba muito mais. Quando o dólar avançou acima de R$ 2,10, no fim do ano passado, o BC atuou para conter o crescimento. A explicação é que o dólar mais alto poderia ter impacto na inflação. (Fonte: G1)