Geraldo Azevedo é do violão e da natureza. “Mesmo quando viajo por diletantismo, levo o violão debaixo do braço”. Da batalha da música através de mais de quarenta anos de estradas, canções, palcos e estúdios; desde que deixou Petrolina, e depois o Recife, para acompanhar um show de Eliana Pittman no Rio de Janeiro e, após temporada de três meses com casa cheia, não voltou mais.
Há quem o acuse de cantar sempre as mesmas músicas, como se essa decisão, no final das contas, não passasse pelo gosto de sua plateia. Atire a primeira pedra quem não cantou ou assoviou “Dia branco”. Ou quem nunca vibrou com seu solo de violão, em “Bicho de sete cabeças”. A consagração das músicas de Geraldo Azevedo é mérito exclusivo dele que, que só tem a comemorar. O DVD Uma geral do Azevedo é, por isso, um tipo de mais do mesmo, com todo direito de ser.
Depois de ter lançado o show no Rio e em Petrolina, Geraldo mostrou o repertório no Recife, com apresentação no Teatro da UFPE, ontem, às 21h. É seu primeiro DVD solo (antes, tinha participado do Grande encontro, com Elba e Zé Ramalho); um registro de vinte e seis músicas que tenta acompanhar as décadas e os vinte e um discos lançados por Geraldo.
“Procurei colocar músicas de várias décadas, dos 60, 70, 80, e ainda abarcar todos os ritmos que gravei, canção, frevo, ciranda. Também busquei a diversidade de parceiros que tive, Capinan, Fausto Nilo, Renato Rocha, Geraldo Amaral, Nando Cordel, essas pessoas estão todas presentes. Por isso o DVD chama-se Uma geral do Azevedo. É uma geral do ponto de vista profissional mas do emocional também, pelo fato estar ao lado dos meus filhos”, conta.
A ideia do DVD foi da filha Gabriela Azevedo, que é a produtora executiva do projeto. Daí para os outros filhos foi natural: Tiago Azevedo já tocava bateria com o pai. Clarice já fazia os vocais. Somente Lucas Santana (que apesar de não assinar Azevedo, é o mais fisicamente parecido com o pai) não participa frequentemente dos seus show. Mora em Londres eveio apenas para a gravação, que aconteceu no Circo Voador, no Rio de Janeiro. O resto da banda de Geraldo é recifense: Marcos Diniz (teclados), Lalão (guitarra) Beto Ortis (acordeon), Jerimum de Olinda (percussão) e Toninho Tavares (baixo).
Depois desse show comemorativo da carreira de 35 anos (data fictícia, pois contando com sua ida ao Rio, já são 42 verões) , Geraldo vai se voltar para o lançamento do disco Salve o São Francisco, com músicas inéditas e regravações (Juazeiro e Petrolina, Riacho do Navio, entre outras), que contou em cada faixa com a participação de medalhões da MPB: Djavan Maria Bethânia, Alceu Valença, Ivete Sangalo, Dominguinhos, Moraes Moreira, entre outros.
“Eu nasci na beira do São Francisco e tenho amor por esse rio de forma muito especial, eu vejo a exploração em cima e quis chamar atenção para esse que é rio mais importante da integração nacional”, diz Azevedo, sobre sua próxima, e praticamente inédita, empreitada.