Governador do Ceará determina afastamento de 12 policiais de operação desastrosa que terminou com morte de seis reféns em tentativa de assalto

por Carlos Britto // 10 de dezembro de 2018 às 18:05

Foto: Edson Freitas/reprodução

O governador do Ceará, Camilo Santana, comunicou nesta segunda-feira (10) que 12 policiais que participaram do tiroteio que deixou 14 pessoas mortas na cidade de Milagres, no interior do Ceará, foram afastados das funções até a conclusão das investigações sobre o ocorrido. Os agentes de segurança afastados trocaram tiros com os assaltantes que tentavam roubar duas agências bancárias no Centro da cidade. Das 14 pessoas mortas, 8 eram suspeitos e seis reféns, sendo cinco de uma mesma família.

A tentativa de roubo aconteceu na madrugada de sexta-feira, no Centro de Milagres. De acordo com a Secretaria de Segurança, cinco criminosos foram baleados nas proximidades das agências e morreram. Outros dois suspeitos morreram no hospital e um oitavo envolvido durante confronto com policiais na cidade de Barro.

Após o ocorrido, as duas agências bancárias, do Banco do Brasil e do Bradesco, que seriam alvos dos bandidos, abriram normalmente nesta segunda-feira. Os bancos ficam localizados na Rua Presidente Vargas, no Centro do município, que tem 28 mil habitantes.

Segundo Camilo Santana, os policiais afastados ficarão trabalhando em serviços administrativos até a conclusão da apuração sobre o caso. Ainda conforme o governador, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) abriu uma investigação preliminar para analisar a conduta dos agentes.

Pedido de desculpas

Camilo Santana também se desculpou pela declaração feita após a ocorrência, quando ele disse que “o fato era que os criminosos estavam preparados para assaltar dois bancos e não conseguiram”. A fala não foi bem aceita pelos familiares dos reféns que morreram. “De forma infeliz disse aquilo. Mas pedi desculpas à família. Quem me conhece sabe do meu respeito às pessoas e da minha defesa à vida“, afirmou.

Sobre o porquê de a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não ter sido acionada na ação de sexta-feira, Camilo comenta que não deve se antecipar. “Todo resultado vai mostrar. Não quero me antecipar, a informação que chegou imediatamente na sexta não dizia quem era refém ou não”, complementa.

Investigação

O governador do Ceará afirmou, na tarde de domingo (9), que criou um “grupo especial” realizar a investigação sobre o caso. O chefe do executivo estadual enfatizou que a operação será “rigorosa e isenta”.

“Foi criado um grupo especial de investigação para o caso, com a Delegacia Regional de Brejo Santo, Delegacia Municipal de Milagres e apoio da Delegacia de Roubos e Furtos e do Departamento de Polícia do Interior Sul”, afirmou.

Até o momento, oito suspeitos de participação na quadrilha já foram presos em flagrante e 24 pessoas foram ouvidas, conforme detalhou o governador. As armas dos suspeitos e dos policiais envolvidos na ação foram recolhidas pela Policia Civil (PC) para serem periciadas, informou.

Reféns

Em entrevista exclusiva ao Fantástico, neste domingo, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSP-DS), André Costa, se eximiu de fazer qualquer juízo de valor sobre a ação da polícia na cidade de Milagres. André Costa afirmou que a polícia não sabia que os assaltantes haviam feito reféns. “Nada foi repassado em relação a reféns. Nas informações da investigação que vieram de Sergipe, nada foi tratado acerca da existência de reféns“, afirmou.

A gente precisa aguardar a dinâmica e a apuração do que aconteceu realmente. É uma investigação isenta, imparcial, séria, técnica. Então, é feita pela Polícia Civil essa investigação. E também sempre com suporte fundamental, e o trabalho técnico e científico da Pefoce. O exame de local de crime, o exame de imagens do que tem na cidade. A gente precisa aguardar a conclusão dessas imagens e das investigações para emitir algum juízo de valor“, acrescentou o secretário.

A quadrilha levou os seis pessoas como reféns, de duas famílias, até o Centro de Milagres, onde ficam as agências do Banco do Brasil e Bradesco. Durante o confronto policial, os seis reféns foram baleados e morreram. Os corpos das vítimas foram enterrados neste domingo (9) em Pernambuco e no Ceará.

Os reféns mortos são:

João Batista Campos Magalhães (49), natural de Serra Talhada (PE);

Vinícius de Souza Magalhães (14), natural de São Paulo (SP); filho de João Batista;

Cícero Tenório dos Santos, 60 anos, natural de Maceió (AL) ;

Claudineide Campos de Souza, 41 anos, natural de São José do Belmonte (PE), mulher de Cícero Tenório;

Gustavo Tenório dos Santos, 13 anos, natural São Paulo (SP), filho de Claudineide e Cícero;

Francisca Edneide da Cruz Santos (49), natural de Brejo Santo (CE).

Os suspeitos mortos são:

Mackson Junior Serafim da Silva, 26 anos, natural de Capela (SE),

Lucas Torquato Loiola Reis, 18 anos, natural de Delmiro Gouveia (AL).

Até o momento, oito suspeitos de participação na quadrilha foram presos. A Secretaria da Segurança Pública informou que, além dos três presos, os policiais militares apreenderam uma pistola 9 milímetros, um revólver calibre 38, uma arma calibre 12 e explosivos. Três veículos envolvidos na ocorrência – um Chevrolet Celta e duas caminhonetes – foram apreendidos, conforme o órgão. (Fonte: G1-CE)

Governador do Ceará determina afastamento de 12 policiais de operação desastrosa que terminou com morte de seis reféns em tentativa de assalto

  1. Marcos disse:

    Que sirva de exemplo, para outras vidas não sejam ceifadas, por uma ação desastrada de uma polícia despreparada, que infelizmente não é uma exceção.

  2. Pedrão disse:

    Não podemos afirmar que foi uma ação desastrada, os refens foram feitos pela madrugada e a polícia não foi informada. Trata-se de uma fatalidade que vai auxiliar a polícia em outras situações. O PROBLEMA É QUE A POLÍCIA TEM SEGUNDOS PRA DECIDIR E O RESTO DA POPULAÇÃO TEM TODO TEMPO PRA PENSAR E JULGAR UMA AÇÃO QUE JÁ ACONTECEU.

  3. Deus não existe disse:

    “Nada foi repassado em relação a reféns. Nas informações da investigação que vieram de Sergipe, nada foi tratado acerca da existência de reféns“, afirmou. Que frase mais infeliz do Secretário já que os reféns foram feitos no Ceará, os bandidos não os fizeram em Sergipe. A única conclusão desse caso que se espera é que foi uma ação de tamanha incompetência, de despreparo e falta de comando no episódio que seifou a vida de seis inocentes.

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