O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, assinou domingo (24), em Bruxelas, na Bélgica, memorando de entendimento com organizações conservacionistas da Bélgica (Pairi Daiza Foundation) e da Alemanha (Association for the Conservation of Threatened Parrots) para trazer ao Brasil 50 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) – espécie que só ocorre no país. A previsão é que as aves estejam em território nacional no primeiro trimestre de 2019.
A cerimônia aconteceu durante a inauguração de espaço para preservação do animal, no zoológico belga Pairi Daiza. “Eu nasci exatamente na mesma região onde existia a ararinha. Eu vi a última em liberdade, e estar aqui, e ver, tantos anos depois, uma ararinha é uma emoção especial. Por obra do destino, me transformei em ministro do Meio Ambiente do Brasil e estou aqui para realizar o sonho de ambientalistas, não só do Brasil, mas do mundo: trabalhar na reintrodução do animal no seu habitat natural e permitir que ele volte a voar em casa”, disse o ministro.
Durante a inauguração, o presidente da Fundação Pairi Daiza, Eric Domb, informou que será construído um viveiro para reprodução e reintrodução das ararinhas no Brasil. Nesta quinta-feira (28), Edson Duarte participará da inauguração do Centro de Preparação para Reprodução e Reintrodução da Ararinha-Azul em Berlim, na Alemanha, criado especialmente para preparar as ararinhas-azuis para o retorno ao Brasil.
Curaçá
Para que as aves sejam recebidas no país, a ACTP e o Pairi Daiza irão construir também um centro de reintrodução da espécie no município de Curaçá, no norte da Bahia. A parceria entre instituições privadas nacionais e internacionais e o governo brasileiro tem viabilizado diversas ações previstas no Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-azul, que tem como objetivo o aumento da população manejada em cativeiro e a recuperação e a conservação do habitat de ocorrência da espécie.
Esses esforços já possibilitaram que a população de ararinhas passasse de 79 indivíduos, em 2012, para 158 em 2018. Com isso, a meta mínima para o ano 2021, de 150 indivíduos, já foi ultrapassada.
Ambiente preservado
Para garantir a reintrodução e preservação da espécie, no Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano (5 de junho), o governo brasileiro criou o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-azul, no município de Curaçá, e a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-azul em Juazeiro (BA). O objetivo dessa iniciativa, além de proteger o bioma Caatinga, é promover a adoção de práticas agrícolas compatíveis com a reintrodução e a manutenção da espécie na natureza.
O Refúgio da Ararinha-azul tem 29,2 mil hectares e a Área de Proteção possui 90,6 mil hectares. As unidades vão compor um mosaico de UCs para conciliar a conservação de remanescentes de caatinga – o único bioma exclusivamente brasileiro – com o Programa de Reintrodução da Ararinha-azul na natureza, que prevê a soltura dos primeiros exemplares a partir de 2021.
Essas unidades também irão incentivar políticas para a melhoria da qualidade de vida da população local, além de estimular atividades que gerem emprego e renda para a comunidade por meio de projetos de produção sustentável, turismo, conservação e pesquisa.
Extinção
A ararinha-azul é uma espécie endêmica da caatinga e considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo. Em 2000, a espécie foi classificada como Extinta na Natureza (EW), restando apenas indivíduos em cativeiro. O declínio da espécie foi atribuído a dois fatores principais: a destruição em larga escala do seu habitat e a captura para comércio ilegal nas últimas décadas. Atualmente, existem 11 ararinhas em território brasileiro.