A decisão do PSDB de permanecer no Governo Michel Temer não colocou um ponto final na divisão interna do partido. Algumas horas depois da reunião ampliada da Executiva na última segunda-feira, 12, que selou a manutenção da aliança, a ala conhecida como “cabeças pretas” se reuniu para articular a formação de um bloco dissidente na bancada da Câmara dos Deputados.
Liderados pelo deputado Daniel Coelho (PE), esses parlamentares tucanos defendem o rompimento com o Palácio do Planalto e prometem votar a favor de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal contra o presidente no caso de uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República. Para julgar Temer, o STF precisa de autorização da Câmara.
A estimativa entre os tucanos é de que, dos 46 deputados federais da sigla, 14 defendem o desembarque do governo. Uma das justificativas é que não houve uma votação definitiva sobre a saída entre os membros presentes na reunião. Os caciques da legenda planejam marcar uma reunião na próxima semana, mas tentam antes pacificar a bancada tucana.
“O PSDB foi muito duro no combate à corrupção do governo do PT, mas parece agora fechar os olhos para atos muito parecidos que estão ocorrendo dentro do governo do PMDB”, disse Coelho ao Estado.
Ainda segundo o parlamentar, o grupo que pode formar uma ala dissidente reúne pelo menos 15 deputados federais. “A gente não pode passar por esse momento sem que as pessoas sejam julgadas. Estamos em uma onda de acusações e precisamos ter a oportunidade de saber quem está certo e quem está errado”, afirmou.
Reunião
Os dissidentes se reuniram nesta terça-feira, 13, com o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), que votou pelo desembarque do PSDB do governo na reunião de segunda. Reservadamente, deputados falam até em deixar o partido caso se cristalize a permanência no governo federal. (Fonte: Estadão/foto reprodução)