Diante de demandas desafiadoras a enfrentar na saúde pública de Petrolina, João Luís Nogueira Barreto chega aos 90 dias à frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) contabilizando números positivos. O que não quer dizer que os problemas estão resolvidos. Pelo contrário. Ele até admite que tem perdido um pouco o sono por causa deles.
Advogado por formação, João Luís adquiriu experiência na área durante o segundo Governo Eduardo Campos, quando foi gerente de Contratos e Convênios da Secretaria de Saúde do Estado. Nessa época ele passou a conhecer o Sistema Único de Saúde (SUS), mas de forma burocrática na função que exercia. Agora, deixou a família no Recife para assumir uma missão bem mais espinhosa, designada a ele pelo prefeito Simão Durando.
“Recebi o convite de encarar o SUS ‘na veia’, que é aquele da ponta, que a população sente, e que você está muito próximo e tem de dar um resultado muito rápido”, ponderou. Antes de arregaçar as mangas, o primeiro passo de João Luís foi se inteirar do cenário – até porque assumiu a pasta praticamente no mesmo tempo em que as esferas estadual e federal também mudaram de comando.
Após receber todos os detalhes da gestão passada da SMS referentes a gargalos e contratos do setor, o atual secretário partiu para as primeiras ações, começando por se situar sobre as mais de 56 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Petrolina. Também participou de uma série de reuniões com Associação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e representantes da organização LGBTQIA+, da UPA, do Hospital Universitário (HU), 8ª Geres, Secretaria Estadual de Saúde e Câmara de Vereadores.
Também foi ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) destravar os trâmites licitatórios em relação aos medicamentos distribuídos pelo município, que há um ano passava por um desabastecimento na rede. Finalmente, o secretário se debruçou sobre as receitas e despesas da pasta, além de analisar o quadro de pessoal para aperfeiçoar o que for necessário.
Humanização
Segundo João Luís, um dos pontos cruciais para diminuir os ruídos na Atenção Básica, que persistem por várias gestões municiais em Petrolina, é investir em melhorias estruturais das unidades, pontualidade dos médicos e, sobretudo, na humanização do serviço. “Acredito que numa rede municipal de saúde, você tem de trabalhar o atendimento pontual dos médicos, os postos de saúde limpos para receber a população e, por último, a capacitação dos servidores na humanização no atendimento”, frisou.
Sobre eventuais críticas quanto à falta de médicos, o secretário informou que a prefeitura possui 90 equipes – compostas por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e ACS – e está no teto máximo de profissionais. “Todas as nossas UBSs têm médicos. Ocorre que, às vezes, um médico passa em um concurso ou a residência acaba em uma determinada UBS e ele tem de deixar o serviço, e a gente tem de recontratar um médico. Não é fácil, mas Petrolina, por ter uma gama de universidades, a gente está conseguindo ter um banco de acesso a esses currículos. São excelentes médicos. A gente fez uma pesquisa mostrando que 84% dos médicos de Petrolina, quando a população precisa, ela indica”.
João Luís adiantou que o deputado estadual Antonio Coelho colocou emenda de R$ 2,2 milhões, no início deste ano, e a prefeitura conseguiu alocar esse recurso para compra de medicamentos – o que deve ser suficiente para garantir o abastecimento na rede em 2023. Sobre humanização no setor, ele admitiu que havia problemas, mas o prefeito emitiu um decreto definindo deveres e direitos de funcionários e cidadãos, o que permitirá à SMS apurar eventuais denúncias nesse sentido.
O secretário revelou ainda que a pasta deverá ampliar e requalificar as UBS, além de realizar serviços emergenciais naquelas que mais necessitam no momento (a exemplo de capinação, poda, conserto de condicionadores de ar, bebedouros, entre outros itens). “Tem muita coisa projetada para Petrolina, que a gente agora vai executar e monitorar”, completou.
Sinto muito que um municipio tao grande coloque um profissional sem experiencia nenhuma para estar à frente da secretariad e saude.