Homicídios no Nordeste estão ligados à honra, diz pesquisa

por Carlos Britto // 26 de novembro de 2009 às 21:29

Violência2A dinâmica de algumas sociedades exige que os homens demonstrem força e, dessa forma, sejam mais agressivos. Quando atingidos de alguma forma, esses indivíduos sentiriam necessidade de preservar sua reputação.

Essa cultura da honra, de acordo com vários estudos, estaria associada a um alto número de homicídios. Pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) concluiu que a maior parte dos assassinatos que ocorrem na região Nordeste do Brasil está associada a esse quadro.

A mestranda Mônica de Souza, da pós-graduação em psicologia cognitiva da UFPE, apresentou seus resultados durante o V Seminário de Ciência Política e Relações Internacionais da instituição, ocorrido na semana passada.

Ela entrevistou 92 detentos do sistema penitenciário de Pernambuco, todos com idade entre 18 e 51 anos e com condenações variadas. Dentro desse universo, 55% dos entrevistados eram homicidas e 45% haviam cometido outros crimes. Entre os assassinatos, 2% foram latrocínio, 86% foram homicídos essenciais – ou seja, aquele que tem a morte da vítima como objetivo – e 12% se encaixavam em ambas as situações.

A pesquisa indicou que a maior parte dos crimes de outra natureza está ligada a motivações por dinheiro, enquanto os homicídios são majoritariamente relacionados a questões de honra. 88% dos crimes que não envolveram assassinatos estão ligados a razões de dinheiro, 18% de status, apenas 2% de honra e 4% por outros motivos. Entre os homicídios, 67% foram motivados por honra, 16% por dinheiro, 18% por status e 4% por outros motivos. O total supera 100% porque alguns crimes tiveram mais de uma motivação.

“Em sociedades onde a terra é muito árida, pouco fértil, é comum a criação de animais para a subsistência. Acontece frequentemente de esses animais serem roubados, e esse é um motivo frequente de homícídio para a manutenção da honra e para demostração de força”, diz.

A pesquisadora compara os resultados do Nordeste aos obtidos em um trabalho realizado no Sul dos Estados Unidos. De acordo com ela, as duas regiões teriam características semelhantes. “É como se o cawboy de lá fosse o cangaceiro daqui”, afirma.

O trabalho de Mônica só será finalizado em fevereiro do próximo ano, quando defende a dissertação. Ela acredita que os resultados podem indicar caminhos para que hajam políticas públicas voltadas para mudar a cultura da honra.

 

Fonte:JConline

Homicídios no Nordeste estão ligados à honra, diz pesquisa

  1. cangaceiro disse:

    É duvidoso esse estudo realizado por Mônica de Souza, pois quando ela trata o cawboy daqui, que acredito que seja o vaqueiro, como cangaceiro,( figura inexistente há décadas) fica evidente que ela desconhece a própria história ou é uma apaixonada por estórias do cangaço e queria provar que ainda existe cangaceiro com a cultura da honra.

  2. Carlos Galvão Soares disse:

    A materia acima da pesquisadora Monica Souza, fica claro que está embasada em dados cientificos e percebe-se que é bem abrangente.
    Acredito, que a pessoa “cangaceiro” que fez o comentário supra, ou não leu o artigo todo, ou não sabe o que diz.
    Carlos Galvão – Recife – PE.

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